General diz que se reuniu com Bolsonaro para 'acalmá-lo' e nega golpe
Em interrogatório ao STF, Estevam Cals Theóphilo afirmou que nunca foi apresentado a nenhuma minuta golpista
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O general Estevam Cals Theóphilo negou na manhã desta segunda-feira (28) ter tratado de decreto golpista com o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) em uma reunião. Em interrogatório ao STF (Supremo Tribunal Federal), ele ainda afirmou que nunca foi apresentado a nenhuma minuta golpista e que foi ao encontro apenas para "acalmar" o então presidente.
O general da reserva falou publicamente pela primeira vez sobre a denúncia. Ele foi interrogado como um dos réus do núcleo 3 da trama golpista, acusado de adotar as medidas táticas para implementar um plano golpista para manter o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) no poder, após a derrota dele para Lula em 2022.
Militar leu seu depoimento no começo do interrogatório. Ele apresentou sua versão lendo um material escrito no qual negou todas as acusações feitas a ele e afirmou nunca ter tratado de nenhuma minuta golpista. Militar ainda reafirmou que o encontrou com Bolsonaro em 9 de dezembro de 2022 foi somente para ouvir o então presidente.
Questionado pela PGR, ele manteve a versão e disse que teria afirmado a Bolsonaro que era necessário seguir em frente após a derrota eleitoral. "Presidente, infelizmente, agora acabou, a ideia é tocar pra frente", teria dito o militar, segundo ele relatou no interrogatório nesta segunda-feira (28).
A PGR (Procuradoria-Geral da República) acusa o general de se colocar à disposição de Bolsonaro caso ele assinasse um decreto golpista. A denúncia aponta que ele se reuniu em 9 de dezembro com o então presidente no Palácio da Alvorada em meio à pressão de militares golpistas, inclusive registradas em mensagens de WhatsApp, para que Bolsonaro adotasse alguma medida para impedir a posse de Lula.
Na época, o general estava na ativa. Ele era o comandante do Coter (Comando de Operações Terrestres), que coordena o emprego de diferentes forças terrestres, ainda que não tenha nenhuma tropa própria à disposição.
O ex-comandante do Exército afirmou que não havia sido avisado do encontro de Theóphilo com Bolsonaro. Marco Antônio Freire Gomes relatou à PF (Polícia Federal) que somente após a reunião o general explicou o ocorrido. Em seu depoimento nesta segunda-feira (28), Theóphilo disse que o então comandante teria pedido para ele ir ao encontro de Bolsonaro, pois o então presidente não estava bem e Freire Gomes não estava em Brasília para ir "acalmá-lo" pessoalmente.
"De maneira nenhuma, excelência, não me foi apresentado nenhum documento, nem me foi proposta nenhuma coisa ilegal e inconstitucional, de tal forma que eu pudesse aderir ou não. Isso não aconteceu, eu enfatizo isso aqui, porque até não cabia, mas o general Freire Gomes ia mandar alguém para conversar com ele.
[Freire Gomes] determinou que eu fosse exatamente com essa missão de acalmá-lo, de tranquilizá-lo, já que ele vivia uma fase de... estava doente, tinha aqueles negócios da erisipela na perna dele e estava deprimido. Então, ele queria conversar, e foi isso que eu fiz", disse Theophilo ao ser questionado sobre reunião com Bolsonaro em 9 de dezembro.
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