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Brasil

Ex-secretário da Saúde do ES relata drama em hospital da Itália

Diagnosticado com inflamação da vesícula biliar, Nésio Fernandes teve de passar por cirurgia durante viagem à Europa


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Imagem ilustrativa da imagem Ex-secretário da Saúde do ES relata drama em hospital da Itália
Nésio Fernandes precisou ser internado no Hospital San Giovanni, em Roma, depois de ser diagnosticado com colecistite. |  Foto: Reprodução/Acervo Pessoal

Depois de uma semana internado em um hospital na Itália, o secretário de Atenção Primária do Ministério da Saúde e ex-secretário de Saúde do Estado, Nésio Fernandes, hoje já consegue sorrir e comemorar o fato de não sentir mais dor. 

Ele contou o drama que passou ao ser diagnosticado com colecistite – uma inflamação da vesícula biliar – durante viagem à Itália. Na ocasião, ele representava o Brasil no encontro da Cúpula de Sistemas Alimentares da Organização das Nações Unidas (ONU).

Nésio Fernandes revelou que teve crises de dor muito fortes, no dia 25 de julho. Durante a madrugada, teve de buscar atendimento no hospital San Giovanni, em Roma, na Itália, que atende pelo sistema de saúde público italiano. 

As crises se agravaram ao ponto de só conseguir controlar com morfina. “Tive Delirium, alucinações. Achei que poderia morrer mesmo”.

No dia 27, ele passou por uma cirurgia e, ontem, um dia após a alta, ele agradeceu o atendimento de toda equipe e falou sobre a experiência e o aprendizado. “Hoje posso reafirmar a importância da saúde como direito humano fundamental.

Devemos aprender com a prática, superar desafios e continuar a investir e aperfeiçoar nosso sistema de saúde”. 

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A Tribuna: Quando começaram as dores?

Nésio Fernandes: Estava participando da missão brasileira e, na terça-feira a noite, após o jantar, por volta das 23h30 comecei a sentir uma cólica, que avançou muito rápido. Às 2h30, já não aguentei mais e fui para um hospital filantrópico, ligado ao sistema público de saúde da Itália. Tive quatro crises de dores muito fortes na madrugada e os medicamentos faziam efeitos por uma hora, 40 minutos. Amanheci com morfina naquele dia.

Naquele momento, já sabia o que tinha?

Eu já tinha o diagnóstico de cálculo na vesícula, mas convivia bem com isso. Tinha programado para fazer uma cirurgia eletiva ao longo desse semestre. Mas evoluiu para esse quadro de colecistite aguda. 

E como foi o atendimento?

Fui para urgência do hospital e me transferiram para uma internação de curta duração depois. Lá, os profissionais da clínica cirúrgica me avaliaram e decidiram me operar.

Quando o senhor entrou para o atendimento, no hospital sabiam que era da equipe do Ministério da Saúde brasileiro?

Não. Na verdade a Embaixada fez o contato na quinta-feira. Aqui eles chamam secretário nacional de vice-ministro, ficaram sabendo depois mesmo.

Mas eu não tenho plano de saúde nem mesmo no Brasil, sou atendido pelo SUS. Aqui também pude receber o mesmo atendimento que um italiano e que um egípcio imigrante sem visto. Isso demonstra a importância de um sistema de saúde universal, que atende a todos, independente da situação migratória.

Aprendeu com isso? 

Sim, muito. O sistema italiano de saúde tem 10 anos a mais que o SUS, no Brasil. Foi criado em 1978. Há uma abrangência maior aqui na Italia, pois eles preconizam um médico de família para cada 1.500 habitantes. No Brasil, ainda temos uma equipe para cada 3.500 habitantes. Temos muito o que avançar quanto a infraestrutura de serviços, mas estamos otimistas. A palavra que tenho hoje é gratidão, aos trabalhadores, à equipe.

Qual foi a maior dificuldade enfrentada nesse período? 

Foram muitas, principalmente a dor. Além disso, não sei falar italiano, ficava a maior parte do tempo sozinho, chorei. Tive medo de morrer mesmo. Tive deliruim, alucinações entre quinta e sexta. Foi algo horroroso, pois a dor ia e voltava muito rápido. A ansiedade também era grande. 

Como se virava com a dificuldade com a língua?

Meu inglês é regular, meu espanhol é avançado, mas a maior parte do tempo usava aplicativo e tradutor. Nesse tempo encontrei também uma enfermeira cubana na internação de curta permanência, foi uma alegria. Na equipe de cirurgiões tinha uma médica peruana também, conseguia conversar melhor. 

Mas de uma forma geral, fui bem atendido, fui operado por videolaparoscopia, não tenho do que me queixar. Vivo, sem complicações e recuperando-me.

Não tinha ninguém para acompanhá-lo?

Na quinta e sexta-feira tive visita uma vez ao dia de pessoas da embaixada. Meu tradutor foi a pessoa que me acompanhou mais aqueles dias. No domingo seguinte, minha esposa conseguiu chegar com Francisco (5° filho de Nésio de quase 6 meses) e minha sogra. Foi muita emoção. 

E como está hoje?

Nesse momento estou em repouso em um domicílio alugado em Roma, pois os médicos só liberaram que eu viajasse a partir de sábado. Estou fazendo tratamento de anticoagulação todos esses dias. Vamos reavaliar no Brasil daqui a 15 dias. 

Como está afastado do Ministério esse tempo todo?

Estou doente sem trabalhar (risos). É agoniante. Mas na próxima segunda-feira já volto. Nessa semana tive notícia boa do Ministério. Só de expansão orçamentária para Secretaria de Atenção Primária estará sendo enviada no PLOA (Projeto de Lei Orçamentária Anual)-2024, R$ 10.8 bilhões para manutenção de novos serviços atenção primária que abrimos este ano e outras ações.

É a maior expansão de financiamento da atenção primária da história do SUS. São recursos que vão para os municípios, para ampliar equipes de saúde da família, de saúde bucal, equipes multiprofissionais, entre outros.

É mais verba para a carteira de projetos que conseguimos desenhar nesse semestre para implementar no ano que vem. O Mais Médicos, que estávamos prevendo ter 20 mil vagas, vai chegar a 40 mil vagas neste governo.

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