Ex-jogadora de vôlei que agrediu entregadores, no Rio, é condenada a 4 anos de prisão por racismo

A nutricionista e ex-jogadora de vôlei Sandra Mathias Correia de Sá, de 55 anos, foi condenada pelos crimes de racismo, injúria racial e lesão corporal praticados contra o entregador Max Ângelo dos Santos. Sua defesa não localizada pela reportagem.

Em abril de 2023, Sandra agrediu e xingou dois entregadores negros, em São Conrado, zona sul do Rio de Janeiro. As cenas foram filmadas e, à época, viralizaram nas redes sociais.

A sentença, emitida pela 40ª Vara Criminal do Rio e divulgada nesta quarta-feira, 2, prevê pena de 4 anos de reclusão, 4 meses e 20 dias de detenção e 30 dias-multa. Sandra vai cumprir a pena em regime aberto. Cabe recurso da condenação.

Como foi o caso

Em abril de 2023, Sandra passeava com um cachorro por uma rua de São Conrado quando passou por um grupo de entregadores, que trabalhavam para uma loja do bairro e estavam na calçada. Ela parou e disse a eles para “voltarem para a favela”.

Logo depois Sandra vai em direção a Santos, puxa a camisa dele e acerta um soco em sua cabeça. Ele consegue se desvencilhar e se afasta.

Sandra, então, tirou a guia da coleira do cachorro, que passou a usar como chicote, e avançou para cima de Max. Ele mais uma se desvencilhou e, depois de Sandra ser contida, foi à delegacia, denunciou o caso e fez exames no Instituto Médico-Legal, confirmando os hematomas.

O que diz a sentença

Na sentença, o juiz Bruno Manfrenatti afirmou que as condutas de Sandra “ultrapassaram a mera ofensa individual, dirigindo-se a integrantes de um grupo social identificado por sua condição socioeconômica e racial”.

Para ele, o comportamento dela buscou “restringir a circulação de entregadores e outros trabalhadores de baixa renda na região onde reside, grupos sociais vulnerabilizados, revelando nítida intenção de segregação e exclusão social”.

A sentença registrou que Sandra usou os termos “preto de favela”, “favelado”, “lixo de favela” e “marginal” para se referir a Max e “lixo de favela” ao se dirigir a uma entregadora também atacada pela ex-jogadora. As agressões contra essa trabalhadora também foram consideradas na pena.