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Brasil

Como é um bunker da 2ª Guerra Mundial construído em uma das maiores cidades do Brasil; veja vídeo


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Símbolo da arquitetura art déco dos anos 1940, o edifício Acaiaca, no centro de Belo Horizonte, guarda um tesouro histórico que ficou escondido por décadas: um bunker construído durante a Segunda Guerra Mundial. Na época, Getúlio Vargas temia ataques ao Brasil devido ao conflito e determinou que novos prédios altos como o Acaiaca tivessem um abrigo antiaéreo no subsolo.

O Acaiaca chegou a ser o maior arranha-céu de Belo Horizonte. São 30 andares e 120 metros de altura, com uma imponente fachada adornada por duas efígies de índios.

O icônico edifício foi projetado pelo arquiteto Luiz Pinto Coelho, e as obras foram iniciadas em 1943. Sua inauguração, ainda em construção, ocorreu em 1947, dois anos após o fim da guerra - felizmente, o Brasil não foi atacado, e o bunker nunca foi utilizado.

Por décadas, o espaço ficou abandonado, sendo usado como depósito do prédio comercial. Quando assumiu o cargo de síndico, há oito anos, o auditor aposentado Antonio Rocha Miranda, 85 anos, hoje escritor e historiador, encomendou a especialistas um plano diretor para revitalizar o edifício.

Miranda é proprietário de lojas no prédio, com o qual tinha uma relação de paixão desde a infância, e lidera essa “redenção” do Acaiaca, que se deteriorava à medida que a região central da capital mineira era desvalorizada nas últimas décadas.

“Já como síndico, recebi muitas reclamações dos condôminos sobre o mau cheiro vindo do subsolo. O local estava abandonado. Tivemos que intervir para realizar uma limpeza, trocar as tubulações de ferro por PVC. Nos deparamos com insetos e enormes ratos, você não imagina o tamanho”, lembra.

Após a limpeza, a pergunta: o que fazer com o abrigo? Em decisão do conselho, os administradores do prédio decidiram retirar tudo, catalogar e transformar o local em um espaço aberto ao público. “Percebemos que seria muito importante para as gerações atuais e futuras, não só de Belo Horizonte, mas de todo o Brasil, ter acesso a essa parte da história.”

Até o momento, este é considerado o único bunker preservado de que se tem notícia no Brasil. Mesmo sendo o decreto de Getúlio Vargas de âmbito nacional, não eram comuns prédios tão altos na década de 1940. “Sabemos de dois outros edifícios em Belo Horizonte, também no centro, e dois em São Paulo, mas parece que os espaços viraram garagens”, afirma o diretor dos espaços de evento do edifício, Márcio Crivellari.

O trabalho de restauração precisou ser aprovado pelo Patrimônio Histórico do município, pois o Acaiaca é tombado. Foram preservados o chão e as paredes, que têm 30 cm de espessura em concreto - o objetivo era que, se os alemães jogassem uma bomba e o prédio desabasse, o abrigo resistisse.

“Na época em que foi construído, o Acaiaca foi o dínamo propulsor da verticalização de Belo Horizonte. Hoje, queremos que o edifício seja o dínamo propulsor da revitalização do hipercentro de Belo Horizonte”, afirma o síndico.

Viagem no tempo

A reportagem do Estadão esteve no bunker e pode conferir de perto toda a simbologia do espaço, que hoje pode ser visitado por agendamento. Da portaria, o visitante desce uma escada que dá acesso a essa área. Também é possível chegar ao subsolo por elevador. Logo na entrada, um chuveiro de descontaminação, remontando ao temor de ataques químicos. Nesse local, ainda serão implantados jatos de vapor, simulando esse “banho” para os visitantes.

Da sirene que ainda funciona, avisando do perigo iminente, ao ventilador projetado para arejar o abrigo subterrâneo, com circulação de ar restrita, a visita é uma viagem no tempo. Nas paredes, artistas mineiros foram convidados a dar um novo significado ao espaço, com pinturas simbolizando a paz, levando as pessoas a refletirem sobre a crueldade das guerras.

Ao todo, o abrigo tem quatro “células”, ou cômodos, cada uma com capacidade para 80 pessoas. Duas delas já foram abertas ao público. A expectativa é que, no futuro, as outras células também sejam recuperadas e abertas à visitação. Um túnel, cujo destino ainda não foi descoberto, seria uma das rotas de fuga.

Márcio Crivellari explica que o Acaiaca está sendo transformado em um parque vertical, com as atrações do mirante, do bunker e do terraço. “Estamos trazendo para o edifício Acaiaca, além da utilização convencional de um prédio comercial, atrações de um parque vertical. Com a abertura do bunker, temos cerca de metade deste projeto. Entendemos que é um patrimônio da população. É um espaço histórico do Brasil que precisa ser mostrado ao público”.

Hoje, é oferecida a visitação guiada tanto para o bunker quanto para o mirante ou o combo. A ideia é levar o público a uma viagem, do subsolo da história ao paraíso do terraço, onde a vista da cidade e da Serra do Curral, deslumbrantes, podem ser comparadas ao paraíso.

Elevador panorâmico e tirolesa

Esta foi a primeira etapa; agora, o projeto é ampliar a atração, incluindo a construção de um elevador panorâmico, que já está comprado, e a instalação deve começar no próximo mês. Esse elevador vai ter quatro paradas: bunker, portaria, 25° e 26° andares.

Antonio Miranda quer construir uma tirolesa ligando o topo do Acaiaca ao Parque Municipal, criando o que seria a maior atração do centro de Belo Horizonte. Segundo ele, o estudo de viabilidade já foi aprovado, e o que falta, por enquanto, são os recursos.

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