Brasil tem mais bois do que pessoas, diz IBGE
O novo resultado é o maior já registrado na Pesquisa da Pecuária Municipal (PPM), cuja série histórica reúne estatísticas desde 1974
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Ao contrário da população brasileira que vem encolhendo, a quantidade de bois segue aumentando a cada ano no país. São mais de 234,4 milhões de cabeças de gado no país, o maior contingente da série histórica, iniciada em 1974. Por outro lado, há 203 milhões de habitantes no país, segundo o Censo 2022, no menor crescimento da história.
O novo resultado é o maior já registrado na Pesquisa da Pecuária Municipal (PPM), cuja série histórica reúne estatísticas desde 1974. Naquela época, o efetivo estava em 92,5 milhões. A data de referência do levantamento é o dia 31 de dezembro de cada ano.
O município com o maior rebanho do país é São Félix do Xingu (a 1.053 km de Belém). A cidade do Pará somou 2,5 milhões de cabeças de gado em 2022, ou 1,1% do total.
Na comparação com o Censo Demográfico 2022, também produzido pelo IBGE, a nova edição da PPM sinaliza que o rebanho bovino (234,4 milhões de cabeças) foi 15,4% maior do que o número de habitantes no país.
Isso porque o Censo contabilizou 203,1 milhões de pessoas vivendo no Brasil até 31 de julho de 2022, data de referência da contagem populacional.
Em termos absolutos, a diferença foi de 31,3 milhões de cabeças de gado a mais do que habitantes. No primeiro semestre de 2023, o Brasil abateu 15,6 milhões de bovinos, segundo dados preliminares de outra pesquisa do IBGE.
O novo crescimento do rebanho, diz o instituto, está associado ao chamado ciclo da pecuária. Nos últimos anos, houve incentivo à atividade com a elevação dos preços pagos pelos bezerros.
Assim, o setor passou por um processo de retenção de fêmeas para reprodução a partir do final de 2019. O reflexo foi a ampliação do número de animais.
Com o poder de compra reduzido no Brasil, o setor adotou a exportação de carne como uma estratégia para o escoamento da produção em 2022.
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Na comparação com 2021, os embarques de carne bovina in natura aumentaram 27,6% em volume e 48,2% em faturamento. A China foi o principal destino das exportações do produto.
“A gente tem visto esse aumento do efetivo ao longo dos anos. É uma resposta aos valores altos para a arroba do boi e para o preço do bezerro”, afirma Mariana Oliveira, supervisora da PPM.
O IBGE também apontou que, a partir do aumento do rebanho, o abate de bovinos cresceu em 2022, após dois anos de retração. A alta foi de 7,5%.
Economistas afirmam que a oferta maior de produtos no mercado interno ajuda a explicar a baixa dos preços das carnes para os consumidores brasileiros em 2023, após a disparada nos anos anteriores.
De janeiro a agosto deste ano, as carnes acumularam deflação (queda) de 9,65% no Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), o índice oficial de inflação do Brasil, também divulgado pelo IBGE.
De acordo com a PPM, o Centro-Oeste e o Norte responderam por mais da metade do rebanho bovino do país em 2022. O Centro-Oeste somou 77,2 milhões de cabeças -ou 32,9% do total brasileiro. O Norte, por sua vez, registrou 60,6 milhões de cabeças (25,9%).
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