Brasil tem 2,1 milhões de golpes mesmo com queda de roubos de celulares
Roubos são os menores desde o início da série publicada pelo estudo, organizado pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública
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O Brasil teve 374,7 mil roubos e 476,1 mil furtos de celulares em 2024, indicando queda na comparação com os dois anos anteriores. Se somados, os indicadores representam a menor marca desde 2018, segundo dados do Anuário Brasileiro de Segurança Pública divulgados nesta quinta-feira (24).
Os roubos são os menores desde o início da série publicada pelo estudo, organizado pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública. Já os furtos são os menores desde 2021, ano com 370,1 mil ocorrências.
Mas a diminuição de roubos pode estar ligada ao que o Fórum chama de uma mudança na governança do crime, já que os estelionatos, por outro lado, bateram novo recorde, com 2,16 milhões de casos no ano passado, ou 247 golpes por hora. Se a violência dos roubos diminui, a prática dos crimes por meio digital supera fronteiras geográficas e administrativas dos estados.
Pesquisa Datafolha encomendada pelo Fórum e pela Folha para avaliar o impacto dos crimes na internet e contra o patrimônio no país estimou que os prejuízos para brasileiros podem ter chegado a R$ 186 bilhões entre julho de 2023 e junho de 2024. O valor considera tanto o lucro dos criminosos quanto os gastos para as vítimas, como substituir um celular roubado.
O desafio, então, é enfrentar esse tipo de crime por meio de mais investimentos em investigação e perícia, para rastrear o dinheiro e também as cadeias de receptação dos celulares levados —crime que teve 70.011 casos registrados no país em 2024.
Segundo o Fórum, o maior número de casos de celulares furtados pode estar ligado também à classificação dos crimes, que estariam sendo registrados pelas polícias majoritariamente como furto quando há o uso de bicicletas ou motocicletas para a subtração de celulares.
Considerando as taxas por 100 mil habitantes, os estados com mais roubos de celular são Amazonas (533,1), Amapá (345,5) e Rondônia (340,2). Já os furtos atingem mais as populações do Distrito Federal (477,3), do Amapá (363,8) e de São Paulo (331,3).
A opção mais lucrativa para criminosos ainda é tentar acessar dados bancários e conseguir dinheiro. Isso depende de uma cadeia, que conta com quadrilhas especializadas em desbloquear senhas. A alternativa é a venda do hardware do equipamento inteiro ou das peças. No caso da cidade de São Paulo, o principal destino no exterior dos celulares roubados e furtados, segundo o Fórum, é o Senegal. Um dos principais pontos de atuação dos receptadores fica no centro, na região da rua Guaianases.
A média de recuperação de aparelhos varia entre os estados. O Piauí, por exemplo, recupera 1 de cada 2,7 aparelhos furtados ou roubados, enquanto em Pernambuco a taxa é de 4,7.
Na outra ponta estão Pará, com um celular recuperado a cada 65,3 casos de roubo ou furto, e Paraíba, onde esta proporção é de um para cada 31,9 roubos ou furtos. Vale ressaltar que nestes estados, os governos divulgam apenas os números de ocorrências, não de quantidade de aparelhos subtraídos. O pior com esse indicador é a Bahia, com uma recuperação a cada 30,4 roubos ou furtos.
O Piauí tem sido apontado como referência para a recuperação de telefones e inspirou o programa Celular Seguro, do governo federal, lançado no ano passado.
Os estelionatos, também no cálculo de casos por 100 mil habitantes, são mais frequentes em São Paulo e no Distrito Federal, com 1.744 ocorrências, e 1.681 ocorrências, respectivamente. Já as menores taxas foram verificadas na Paraíba (235,4) e no Maranhão (285,3).
Apesar dos mais de 2 milhões de casos de estelionato registrados no ano passado, dados do CNJ (Conselho Nacional de Justiça) citados no Anuário apontam que apenas 51.793 deles chegaram à Justiça. Por dificuldades nas formalizações de denúncias e a baixa capacidade de investigação, diz o Fórum, a regra é a impunidade, em meio a 208 bilhões de transações bancárias feitas no ano passado, sendo oito de cada dez no meio digital. O número é corroborado por informações da Pnad Contínua (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua) divulgadas também nesta quinta-feira pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), que apontam 119,6 milhões de usuários no Brasil que acessam bancos ou similares por meio da internet, com aumento de 23,2% ante 97,1 milhões em 2022.
Roubos de celulares
Taxa por 100 mil habitantes
Amazonas - 533,1
Amapá - 345,5
Rondônia - 340,2
Pará - 278,6
Distrito Federal - 273,8
Maranhão - 263,7
São Paulo - 257,1
Pernambuco - 252,6
Piauí - 246,2
Rio Grande do Norte - 243,6
Bahia - 238,5
Espírito Santo - 228,7
Ceará - 209,7
Acre - 193,4
Brasil - 176,3
Alagoas - 140,9
Roraima - 133,4
Sergipe - 125,1
Rio de Janeiro - 124,4
Paraná - 80,0
Goiás - 75,8
Mato Grosso - 70,8
Tocantins - 64,9
Mato Grosso do Sul - 58,9
Paraíba - 50,2
Minas Gerais - 42,5
Santa Catarina - 37,1
Rio Grande do Sul - 27,9
Fonte: 19º Anuário Brasileiro de Segurança Pública
Furto de celulares
Taxa por 100 mil habitantes
Distrito Federal - 477,3
Amapá - 363,8
São Paulo - 331,3
Rondônia - 317,1
Pará - 300,3
Amazonas - 298,6
Roraima - 232,8
Brasil - 224
Rio Grande do Norte - 220,9
Pernambuco - 219,5
Santa Catarina - 218,6
Rio de Janeiro - 217,2
Sergipe - 205,5
Paraná - 194
Espírito Santo - 192,9
Mato Grosso - 192,3
Tocantins - 191,3
Acre - 179,8
Bahia - 177
Goiás - 176,6
Piauí - 174,4
Minas Gerais - 167,7
Mato Grosso do Sul - 165,7
Ceará - 162,8
Alagoas - 134,7
Maranhão - 133,5
Rio Grande do Sul - 106,2
Paraíba - 76,6
Fonte: 19º Anuário Brasileiro de Segurança Pública
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