Até 30% dos casos de câncer de mama podem ser evitados
Embora os avanços da medicina permitam que muitas pacientes consigam obter a cura do câncer de mama, o diagnóstico da doença ainda hoje é assustador. A boa notícia é que aproximadamente 30% dos casos podem ser evitados com hábitos de vida saudáveis.
A afirmação foi feita pelo radio-oncologista do Instituto de Radioterapia Vitória (IRV), Nivaldo Kiister, no mês da campanha mundial Outubro Rosa, que visa conscientizar as mulheres sobre a importância da prevenção e do diagnóstico precoce.
O especialista explicou que a doença é causada por diferentes fatores: genéticos, hormonais e também por hábitos de vida inadequados. Nos dois primeiros, não há muito o que ser feito, mas manter uma alimentação balanceada e praticar atividades físicas ajudam a reduzir o risco dos tumores.
Embora não sejam comuns, há casos de pacientes bem jovens, que sequer chegaram aos 20 anos.
AT em Família – A partir de qual idade é necessário fazer exames periódicos para tentar identificar precocemente a doença?
Nivaldo Kiister – A recomendação do Ministério da Saúde é que mulheres entre 50 e 69 anos façam o exame de mamografia a cada dois anos.
Já entidades médicas – entre elas o Colégio Brasileiro de Radiologia e Diagnóstico por Imagem, a Sociedade Brasileira de Mastologia e a Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia – recomendam que mulheres se submetam ao exame anualmente, dos 40 até os 74 anos.
Há fatores de risco que tornam necessário começar o acompanhamento mais cedo?
Em casos específicos, como quando há histórico de casos de câncer de mama na família, o médico pode solicitar o exame em idades mais jovens e intervalos mais frequentes.
Há risco para as crianças?
Não, mas o tumor de mama pode sim aparecer em mulheres bem jovens. Há casos em pacientes com idade inferior a 20 anos.
Qual a incidência do câncer de mama na população?
O Instituto Nacional de Câncer (Inca) estima 66.280 novos casos de câncer de mama em 2020.
O Espírito Santo teve 898 novos registros deste tipo de tumor de janeiro a julho de 2020, de acordo com dados do Sistema de Informações Hospitalares do Sistema Único de Saúde (SIH/SUS).
No Brasil, a doença matou 17.763 pessoas, sendo 17.572 mulheres e 189 homens, segundo o Atlas de Mortalidade por Câncer de 2018.
As causas são as mesmas em homens e mulheres?
Sim. São causas multifatoriais: hormonal, genética e comportamental, como alimentação desregrada e falta de exercícios físicos.
Por que as mulheres são mais acometidas pelo câncer de mama?
Isso ocorre devido ao fator hormonal, principalmente por conta do estrogênio.
Como é feita a confirmação do diagnóstico?
Através de uma alteração num exame de imagem. Então é feita uma biópsia, ou seja, a retirada de um fragmento do tumor para análise do material.
Como agir ao ter o diagnóstico confirmado?
A paciente deverá ser encaminhada a um especialista, que é o mastologista, para tomar a conduta terapêutica mais adequada ao caso.
Saiba mais
- A doença pode ser causada por fatores comportamentais (como alimentação desregrada e falta de exercícios), genéticos e hormonais.
- É justamente por causa dos hormônios, especialmente o estrogênio, que as mulheres são consideravelmente mais acometidas pela doença.
- A adoção de bons hábitos ajuda a reduzir o risco.
Perguntas dos leitores!
O tratamento contra o câncer de mama sempre requer quimioterapia?
Roberta Anholeti, 42 anos, advogada
Não necessariamente requer quimioterapia. Depende dos fatores prognósticos da paciente.
O tratamento padrão é a cirurgia, seja mastectomia ou para a preservação da mama. O procedimento depende de cada caso.
Fique por dentro
- O aparecimento de um pequeno nódulo que cresce gradativamente é um sinal de alerta. Há ainda situações em que o primeiro sinal da doença pode ser a presença de uma secreção no mamilo com aspecto de sangue.
- Independente de haver ou não sinais da doença, entidades médicas reforçam que as mulheres devem se submeter anualmente a exames na faixa etária entre os 40 e os 74 anos.
- Quando há histórico de casos de câncer de mama na família, o médico pode solicitar que a paciente faça a mamografia em idade mais jovens e com intervalos mais frequentes.
- A orientação é que até as mais jovens tenham o hábito de autoexaminar apalpando a mama para checar se há nódulos.