Acidentes de moto matam uma pessoa por dia no Estado
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Uma curva da ES-164, em Cachoeiro de Itapemirim, Sul do Estado, foi o último cenário que os jovens Lázaro Fabre e Ryan de Souza viram na vida. Os dois morreram na hora, depois que a moto deles saiu da pista e colidiu com um poste, em julho deste ano.
Os jovens fazem parte de uma estatística que é cada vez mais preocupante: no Espírito Santo, um motociclista morre por dia em acidente de trânsito.
Dados da Secretaria de Estado da Segurança Pública mostram que 369 motociclistas morreram em 2019. Já este ano, mesmo com a redução do fluxo de veículos por conta da pandemia, 179 perderam a vida entre janeiro e junho.
“Metade dos mortos no trânsito do Estado são motociclistas. É um número muito significativo”, afirmou o diretor-geral do Departamento Estadual de Trânsito (Detran-ES), Givaldo Vieira.
Os dados chamam a atenção, já que as motos representam somente 28% da frota total de veículos.
Além das mortes, outro problema é que os acidentes acabam sobrecarregando os hospitais devido ao atendimento aos feridos. O número de acidentes não para de subir.
Em 2016, 4.386 motociclistas foram atendidos pelo Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) no Estado. O índice cresce a cada ano e chegou a 7.958 em 2019. “São vítimas com ferimentos graves, causando muito impacto na rede de saúde com a ocupação de leitos de UTI”, ressaltou Vieira.
Um levantamento feito pelo Ministério da Saúde mostra que, a cada 10 atendimentos em hospitais do Sistema Único de Saúde (SUS), oito são entre motociclistas.
Quando não causa a morte de imediato, os acidentes levam a fraturas e amputações, de acordo com o presidente da Associação Médica do Estado (Ames), Leonardo Lessa. Nos últimos dois anos, os motociclistas custavam R$ 262 milhões ao SUS.
“Hoje, há um verdadeiro exército no Brasil de pessoas que perderam sua capacidade laboral em decorrência das sequelas desses acidentes. Isso tudo gera um grande custo para a máquina pública. São internações prolongadas, cirurgias, entre outras despesas, e muitos acabam aposentados ou encostados pelo INSS”, afirmou.
Morte após colisão em Vila Velha
O jovem Felipe Chieppe Pissinatti, de 21 anos, foi mais um motociclista vítima de acidente de trânsito no Estado. Na tarde de ontem, ele morreu após colidir com um carro na rua Élio Silva de Brito, em Coqueiral de Itaparica, Vila Velha.
Moradora de Novo México, em Vila Velha, a avó de Felipe passou mal ao saber da notícia. Ela foi levada ao hospital, mas não resistiu e também morreu.
De acordo com testemunhas, o motorista do um EcoSport vermelho fez um retorno proibido e acabou atingindo o motociclista, que estava na direção contrária.
O Batalhão de Trânsito da Polícia Militar e o Samu foram acionados, mas, quando chegaram ao local, a vítima já estava sem vida. O corpo foi encaminhado para o Departamento Médico Legal (DML).
Testemunhas contaram que o motorista tentou pedir um carro por aplicativo para sair do local, mas foi impedido por populares.
A reportagem entrou em contato com a Polícia Civil para saber se o motorista havia sido detido, mas a ocorrência ainda estava em andamento até o fechamento desta edição.
Detran lança campanha educativa
Na tentativa de reduzir o número de mortes e acidentes envolvendo motociclistas, o Departamento Estadual de Trânsito (Detran-ES) lançou uma campanha com foco na conscientização.
Com o questionamento “E se fosse você?”, o órgão de trânsito fez uma campanha publicitária e vai abordar condutores nas vias de maior fluxo e altos índices de acidentes. A ação vai contar com apoio do Batalhão de Trânsito da Polícia Militar.
“É uma ação educativa para chamar a atenção de todos sobre o risco de acidentes, pois os números são preocupantes. A moto é um veículo mais vulnerável do que o carro, já que o motociclista fica totalmente exposto”, afirmou o diretor-geral do Detran-ES, Givaldo Vieira.
O diretor do órgão ressaltou que a imprudência ainda está muito ligada ao número de acidentes.
“Há uma conduta de risco, com velocidade acima do permitido e manobras arriscadas. O motociclista já é frágil e, com essa conduta, potencializa ainda mais os acidentes”, ressaltou.
A campanha faz parte da Semana Nacional de Trânsito, que vai até a próxima sexta-feira, e também terá ação conjunta com o Hemoes, já que o banco de sangue acaba ficando comprometido por causa dos acidentes.
“O que queremos é mostrar a responsabilidade de cada um no trânsito, fazer compreender que obedecer às leis de trânsito é o caminho mais seguro para o bem da coletividade”, disse a diretora técnica do Detran-ES, Édina de Almeida Poleto.
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