Cooperativas: dos ingredientes à receita para empreender com sucesso
Conheça a história de empreendedores que tiveram sucesso em seus negócios
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Uma antiga receita que se tornou um negócio de família. Uma ideia de amigos que ganhou apoio de uma cooperativa de crédito e transformou a vida dos empreendedores da água para o vinho. E a união de produtores rurais que se firma há décadas como uma das mais importantes cooperativas de laticínios do Espírito Santo e de Minas Gerais.
Tratam-se de três, entre vários exemplos de como o cooperativismo ajuda produtores rurais e empreendedores a superar desafios e transformar realidades: a Biscoitos Claids, Tabocas Vinho, que tiveram apoio do Sicoob, e a Selita.
Fundada há 30 anos, em Santa Teresa, para suprir a necessidade da família , a Biscoitos Claids, que leva o nome sua fundadora Claide Ghisolfi Rasseli é hoje uma das referências de biscoitos no Estado.
"Hoje, produzimos mais de 80 sabores de biscoitos , entre doces, salgados, crocantes. Uma história que começou com a minha mãe, há mais de 30 anos", revela Joici Ghisolfi Rasseli, gerente comercial da empresa.

Os biscoitos na vida da família Rasseli vieram como meio de sobrevivência, como explica a gerente comercial Joici. Segundo ela, devido a alta na inflação, na década de 90, a família se viu em uma situação delicada ao passar por um momento de crise na produção de café- produção essa que mantinha o sustento da família-.
“"Tivemos uma baixa produção do café naquela época e tivemos que fazer empréstimos. Em alguns anos, não conseguimos plantar, ou seja, não tivemos renda alguma. Aí entra minha mãe, com a idéia de produzir biscoitos" Joici Rasseli, gerente comercial
Com uma receita antiga, ensinada por sua mãe, Claide decide então apostar na produção de biscoitos.
"A primeira produção foi pouquíssima. Minha mãe ainda embrulhou os biscoitos, na época, com saco de açúcar, porque não tinha sacolas plásticas para embalar. Foi um sucesso e de lá para cá, ela nunca mais parou", conta Joici.
Ela ainda lembrou de outro momento difícil , no início do negócio da família. " Minha mãe começou produzindo com o que tinha na cozinha. E no início, faltou até trigo. Ela chegou a pegar emprestado com a vizinha", conta.
Com a alta na procura pelos casadinhos (primeiros biscoitos a serem comercializados por Claide) e o apoio do Sicoob (que forneceu uma linha de crédito a fábrica),os negócios da família cresceram e hoje, todos os integrantes da família, atuam na empresa.
"Eu, meu pai e irmão. Virou mesmo um negócio da família", conta Joici.
Considerada uma das mais importantes fábricas de biscoitos do Espírito Santo, a Clads tem também um papel importante no turismo da região de Santa Teresa.
"Nós recebemos turistas de vários cantos do país. Chegam várias excursões, durante toda a semana e para a gente isso é uma honra", afirma a gerente comercial.
Joici Rasseli fala sobre a importância do cooperativismo
Outra empresa capixaba que se destaca por sua trajetória e que também teve o apoio de cooperativas do Estado, foi a Tabocas Vinho.
Situada em Santa Teresa, a vinícola surgiu em 2007, com a parceria de dois amigos, Sandro Salvador e Vinícius Corbelini. Os dois, que produziam vinhos por hobby, transformaram a brincadeira de amigos em um negócio que mudou a vida de suas famílias.
“"Fomos os responsáveis pelo primeiro vinho fino produzido no Espírito Santo, de Cabernet Sauvignon. Participamos de competições nacionais. Nossa produção foi premiada e ganhou destaque na mídia especializada. Foi neste momento que o Sandro percebeu que podia ir além" Vinícius Corbelini, um dos fundadores da Tabocas Vinho
Assim como qualquer produtor que inicia suas atividades, os amigos passaram por diversas dificuldades e precisaram de ajuda.
"A produção era feita por microvinificação, em um local improvisado, com maquinário emprestado. Começar, na verdade, na garagem de casa", revela.
Com o sucesso dos primeiros vinhos produzidos, Sandro e Vinícius decidiram investir no negócio e ampliar a estrutura e o maquinário.
"Procuramos o Sicoob, onde somos cooperados há 20 anos e conseguimos recursos da linha do Pronaf para investir nas melhorias", apontou Vinícius.

Com os bons resultados alcançados, os próximos passos já estão planejados: a construção de uma loja para estocagem do produto e para receber o público. O empresário também quer aumentar a produção até 2024.
OUÇA O ÁUDIO DE VINÍCIUS FALANDO SOBRE A ORIGEM DA VINÍCOLA
Por sua vez, a Cooperativa de Laticínios Selita, fundada em 1938, por 25 produtores rurais de Cachoeiro de Itapemirim, Sul do Estado, mudou a história da pecuária de leite no Espírito Santo.
"Com o tempo ela cresceu, aumentou seu número de associados e hoje congrega cerca de 1.800 cooperados que estão localizados em 51 municípios, sendo sua grande maioria no Espirito Santo e o restante em Minas Gerias e Rio de Janeiro", disse o presidente da Selita, Rubens Moreira.
Dos momentos de dificuldade, enfrentados pela cooperativa, Rubens destaca problemas com a logística, na produção do leite.
“"Tínhamos uma dificuldade muito grande no transporte. Naquela época , as estradas do interior eram muito ruins e o latão com o leite, às vezes, andava 10 quilômetros no lombo do burro, para depois ir em cima de um caminhão e chegar nos locais onde seriam industrializados. Às vezes, pela demora, o leite ficava ácido e perdíamos a produção" Rubens Moreira, presidente da Selita
Com mais de 80 anos no mercado, a Selita produz leite UHT, leite pasteurizado de sacola, leite em pó, creme de leite, iogurtes diversos sabores e embalagens, queijos diversos, requeijão, doce de leite e manteiga. Ao todo, são cerca de 80 tipos de produtos que são comercializados no Espirito Santo, Sul da Bahia e Estado do Rio de Janeiro.

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