Bandidos se passam por advogados para aplicar golpes
De acordo com a OAB-ES, advogados e seus clientes estão sendo vítimas de um novo tipo de golpe no Estado
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Advogados e seus clientes estão sendo vítimas de um novo tipo de golpe no Estado, de acordo com a seccional capixaba da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-ES).
O secretário-geral da Ordem, Alberto Nemer Neto, explica que os criminosos entram em contato com as vítimas, clientes dos escritórios de advocacia, por WhatsApp, usando a foto do advogado ou do escritório que está com a causa, em sua maioria, trabalhista.
“As reclamações começaram no final do ano passado e os bandidos utilizam telefone com o DDD 027, do Espírito Santo mesmo. É um golpe aplicado em todo o País”, alerta Alberto Nemer Neto.
O advogado trabalhista Wiler Coelho conta que, desde dezembro, mais de 100 clientes já procuraram o escritório relatando a abordagem suspeita.
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“Infelizmente, do final do ano até o início desta semana, três clientes caíram e, ao todo, pagaram R$ 12 mil para os criminosos, achando se tratar de um pedido nosso”, afirma o advogado.
As vítimas são um engenheiro de 35 anos, de Vila Velha; um autônomo de 55 anos da Serra; e uma servidora pública de 45 anos de Vitória. Os bandidos pedem transferência em conta.
“Se a pessoa precisa muito de dinheiro, ela acaba caindo. Em um dos casos, a vítima tinha acabado de perder um familiar e enviaram a mensagem. E é um período que tem muito escritório de recesso”, afirma Wiler Coelho.
O advogado observa que em um dos casos de tentativa de golpe, os criminosos fraudaram um documento da Secretaria de Estado da Fazenda (Sefaz).
“Criam documentos. Criaram documento da Receita Estadual, falando que a pessoa estava em débito, na dívida ativa, e precisava quitar o valor para receber o montante do processo”.
Wiler Coelho observa que é importante as vítimas registrarem boletim de ocorrência.
Alberto Nemer Neto orienta que todos devem desconfiar de mensagens pedindo dinheiro e sempre liguem para o advogado, no número de celular salvo em seus contatos ou do escritório, antes de qualquer ação. “Nosso objetivo é orientar os advogados e a população e vamos colaborar com as investigações dentro do que estiver ao nosso alcance”, destaca Nemer.
COMO É O GOLPE
WhatsApp e foto
A mensagem enviada pelos golpistas que se passam por advogados e advogadas, diz que a pessoa tem uma quantia de direito adquirido a receber.
Para evidenciar a credibilidade ainda informam o nome e o CPF dos clientes.
Os golpistas conseguem dados de processos com consulta pública e entram em contato com os autores das ações usando o nome e a logomarca de escritórios de advocacia, ou nome e foto de advogados.
Alegam que têm um dinheiro de indenização disponível e enviam até certidões supostamente emitidas pelo Tribunal de Justiça e também pedem dinheiro a título de custas ou pagamento do imposto de renda.
Alegam ainda que há uma pendência, por exemplo, de certidão, ou da Secretaria de Estado da Fazenda (Sefaz) e, por isso, é necessário fazer a transferência para uma conta.
Somente no início desta semana, duas vítimas caíram no golpe.
Ao todo, do final do ano até esta semana, três vítimas perderam R$ 12 mil para os criminosos.
Todas as vítimas são moradoras da Grande Vitória.
Fonte: Advogados consultados.
“A falha está no sistema de telefonia”

“A maioria das informações é pública. Os dados dos servidores públicos, como salários, estão nos portais da transparência. No caso dos processos, mesmo que a busca seja um pouco mais trabalhosa, é possível obter os dados daqueles que não estão sob segredo de Justiça.
A segurança da informação não pode ser baseada na ocultação dos dados. Não são hackers. Esses crimes são cometidos por estelionatários que compram chips de diversas operadoras de telefonia e habilitam em nome de usuários com dados que conseguem em sites de buscas.
A grande falha está no sistema de telefonia, que vende dezenas de linhas. Deveria proibir vender mais de quatro números para o mesmo CPF e deveria ficar vinculado a este documento, mesmo em caso de bloqueio. Mais que isso, só para empresas”.
OS GOLPES MAIS COMUNS
1. Clonagem do WhatsApp
Por meio de sites de compra e venda, golpistas têm acesso aos anúncios e ao número de telefone dos anunciantes. Eles se passam por funcionários dos sites e solicitam à vítima que anunciou um produto um código para supostamente ativar o anúncio. Trata-se do código de verificação do WhatsApp.
A vítima perde o acesso ao aplicativo após digitar o código, pois os criminosos ativam a conta do WhatsApp de determinada pessoa em outro aparelho celular.
Com essa ativação, eles recuperam as conversas do histórico, acessem os contatos e pedem dinheiro aos parentes e amigos da vítima em nome dela.
Outra estratégia usada é criar um perfil no aplicativo de mensagens com fotos roubadas das redes sociais. O golpista começa a conversa com um amigo ou parente da pessoa que está na foto e diz que trocou de número. Em seguida, inventa uma desculpa e pede dinheiro.
2. Instagram hackeado
O golpista se passa pelo titular da conta e pede dinheiro. Para isso, o Instagram da vítima é hackeado e o golpista muda o nome da conta.
3. Perfil falso no WhatsApp
Os criminosos se passam por uma pessoa (dona da linha), enviam mensagens para seus amigos e familiares da vítima pedindo dinheiro.
4. Falso empréstimo
Com ofertas tentadoras, os golpistas fazem anúncios em sites, redes sociais ou pelo WhatsApp. Eles alegam que para que o crédito seja liberado, é necessário pagar uma taxa.
5. Pix
São muitas as variações de golpes envolvendo esse meio de pagamento. Um deles, o golpista se passa por funcionário do banco e oferece ajuda para cadastro da chave Pix, prato cheio para ele ter acesso à conta e transferir dinheiro.
6. QR Code
Nesse tipo de golpe, a leitura do QR Code direciona a vítima para páginas mal-intencionadas. Para se proteger, lembre-se de analisar a URL do site que foi carregado após a leitura do código.
7. Phishing
O uso dessa técnica para aplicar golpes on-line é um dos mais comuns entre os cibercriminosos. Ela consiste na criação de links que podem instalar ocultamente códigos maliciosos no dispositivo da vítima ou ainda direcioná-la para uma página falsa, criada com objetivo de roubar dados pessoais e bancários.
8. Vendas nas redes sociais
Atenção às vendas de produtos nas redes sociais. Primeiro, o criminoso sequestra um perfil de uma rede social, se passa pelo dono do perfil e posta anúncios de itens que não existem. Os amigos da vítima negociam com o golpista e fazem transferência de dinheiro, acreditando estarem negociando com uma pessoa conhecida. Para não ficar no prejuízo, antes de fazer qualquer transferência, ligue para o contato que tem salvo e confirme.
9. Falso emprego
Golpistas enviam mensagens principalmente pelas redes sociais, mas também por SMS, para os alvos. Para atrair as vítimas, os bandidos dão valores atrativos de remunerações.
10. Ligações falsas
Criminosos aproveitam épocas de começo de ano e férias para aplicarem golpes em clientes distraídos. Em caso de ligações solicitando dados pessoais, a polícia orienta o desligamento da chamada de imediato.
Fonte: Especialistas e pesquisa AT.
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