Ciência descobre novos benefícios do cafezinho
Apesar dos benefícios, especialistas alertam para os perigos do consumo excessivo
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Amado pelos brasileiros e consumido no mundo todo: esse é o café. Antes considerado um vilão na dieta, a bebida tem ganhado avaliações científicas positivas em pesquisas recentes.
Um estudo publicado na revista científica Circulation, que contou com mais de 200 participantes acompanhados ao longo de 30 anos, mostrou que aquelas pessoas que bebiam de três a cinco xícaras de café por dia, com ou sem cafeína, tinham 15% menos probabilidade de morrer precocemente do que aquelas que afirmavam evitar o café.
A nutricionista Gabriela Rebello lembra que o famoso cafezinho possui compostos que são benéficos para o ser humano. “O café é uma bebida rica em ácido clorogênico, ácido cafeico e kahweol, que são compostos bioativos com propriedades antioxidantes e ajudam a combater os radicais livres, prevenindo o envelhecimento precoce, câncer, depressão e diabetes”.
Para a também nutricionista Daniela Valente, os benefícios da bebida são os mesmos de se tomar uma substância estimulante. “O café tem uma substância que é a cafeína, e a cafeína é um estimulante natural. Então ela vai melhorar a atenção, a memória, além disso, o café também dá uma sensação de prazer por conta do sabor, o que pode levar a liberação da dopamina, que é o hormônio relacionado ao prazer”.
Outro resultado impressionante mostrado pela pesquisa, foi uma redução de 50% no risco de suicídio entre homens e mulheres que bebiam café com moderação, talvez por um aumento na produção de substâncias químicas cerebrais que têm efeitos antidepressivos.
No entanto, é preciso ficar atento. As especialistas afirmam que o cafezinho pode ser considerado o vilão quando consumido em excesso, além de ter o poder de ser maléfico para determinados grupos de pessoas.
A nutricionista Fernanda Fogatto afirma que os benefícios só acontecem quando o café é ingerido de forma adequada. “Quais mais café, maior o seu efeito? Não é bem assim! A sensibilidade de cada um à bebida é diferente. Por isso, cada pessoa precisa estar atenta às condições pré-existentes do seu corpo (como gastrite e hipertensão) e sua resposta ao café”.
Já Gabriela acrescenta que o café não é recomendado para alguns grupos de pessoas, como mulheres grávidas e pessoas que sofrem de transtornos psiquiátricos. “O ideal é que mulheres grávidas não consumam o café porque aumenta a predisposição de aborto e, para as que querem engravidar, o café pode prejudicar na questão da fertilidade. E as pessoas com depressão, hiperatividade ou ansiedade também devem evitar”.
Além disso, Daniela ressalta que é arriscado colocar o café como único responsável por qualquer benefício à saúde. “Falamos do benefício do café, mas esquecemos que as pessoas que estão lendo podem se equivocar com relação aos hábitos dela. O nosso corpo não funciona assim. Quando pensamos em saúde, temos que pensar em como vamos administrar nossa alimentação, nosso sono, nosso estresse”.
Por esse motivo, o ideal é que o consumo de café não ultrapasse três xícaras. De acordo com Fernanda, esse é o recomendado pelo Ministério da Saúde. “Até três xícaras por dia é uma quantidade confortável. Porém tudo vai depender da concentração dessa xícara de café. O café filtrado tem uma quantidade menor de cafeína. Mas os expressos e as cápsulas têm mais cafeína porque o grão está prensado”, lembra.

“Quando me perguntam que tipo de café eu tomo, eu respondo: o que tem!”
A jornalista Glacieri Carraretto, de 34 anos, é declaradamente apaixonada por café. “Quando me perguntam que tipo de café eu tomo, eu respondo: o que tem!”, brinca.
Ela conta que começou a tomar café ainda na adolescência, quando morava no interior do Estado. “Abandonei o leite e comecei a tomar um cafezinho. Aí depois entrei na faculdade, comecei a trabalhar e a vida me levou a perceber que o café me deixava mais acordada”
Para Glacieri, a bebida é companheira do dia a dia e faz o consumo em qualquer horário e local que consegue. “Eu bebo pelo sabor, sabe? Meu dia só começa depois que tomo o café. Se eu sair de casa atrasada, eu com certeza vou parar em algum lugar para conseguir beber uma xícara”.
Saiba mais
Estudos indicam os benefícios do café
> Estudos realizados apontam que consumir quatro ou cinco xícaras de café, o que representa cerca de 400 miligramas de cafeína por dia, foi associado a taxas de mortalidade reduzidas.
> Um desses estudos, publicado na revista científica Circulation, contou com mais de 200 mil participantes que foram acompanhados ao longo de 30 anos.
> Os resultados mostraram que aqueles que bebiam de três a cinco xícaras de café por dia, com ou sem cafeína, tinham 15% menos probabilidade de morrer precocemente do que as pessoas que afirmavam evitar o café.
> Outro dado impressionante foi a redução de 50% no risco de suicídio entre homens e mulheres que bebiam café com moderação. De acordo com o estudo, isso pode ocorrer por um aumento na produção de substâncias químicas cerebrais que têm efeitos antidepressivos.
Mas é importante ter atenção!
> No caso das mulheres grávidas, por exemplo, o café pode ser um risco. Isso porque a cafeína atravessa a placenta para o feto e beber café durante a gravidez pode aumentar o risco de aborto espontâneo, baixo peso ao nascer e parto prematuro.
> Por isso, o ideal é que elas se abstenham totalmente do café, mantenham a bebida descafeinada ou limitem a ingestão de cafeína a menos de 200 miligramas por dia.
> Outro efeito comum associado à cafeína é o distúrbio do sono.
> Enquanto algumas pessoas conseguem metabolizar rápido a cafeína, outras têm problemas para dormir se tomarem café até no horário do almoço.
> Por isso, o ideal é que as pessoas não bebam café depois das 16 horas.
A forma de preparo importa
> Quando fabricado sem um filtro de papel, substâncias químicas oleosas chamadas diterpenos passam e podem aumentar o colesterol LDL prejudicial às artérias.
> No entanto, esses produtos químicos estão praticamente ausentes no café filtrado e instantâneo.
Sintomas do consumo excessivo
> Quando uma pessoa ingere muito café no dia a dia, ela pode acabar sentindo alguns efeitos como: nervosismo, ansiedade, cansaço, dores de cabeça, náuseas e diarreia, tremores nas mãos, aumento da pressão arterial, além de batimentos cardíacos acelerados.
Fonte: Pesquisa e especialistas citadas.
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