Especialistas afirmam: isolamento reduz tempo de vida
Solidão está ligada ao aumento do risco de doenças físicas e mentais
Escute essa reportagem

“Solidão é muito mais do que apenas uma sensação ruim, apresentando risco para a saúde e longevidade”.
Essa é a afirmação da psiquiatra Karen de Vasconcelos, que explica ainda que a solidão está associada a um aumento do risco de doenças cardiovasculares (como infarto e hipertensão), demência, ansiedade, depressão, redução da expectativa de vida e da imunidade e aumento de doenças infecciosas.
“O impacto da solidão é tão grande que é capaz de reduzir o tempo de vida da mesma maneira que fumar 15 cigarros por dia e tem um impacto ainda maior que a obesidade e sedentarismo na redução de anos vividos”.
Essa desconexão social traz também, segundo a especialista, impacto para a sociedade, diminuindo a performance, a produtividade e engajamento, claramente visíveis nas escolas e nos ambientes de trabalho.
O isolamento social e a solidão estão, de acordo com a psiquiatra, fortemente associados ao aceleramento do declínio cognitivo e ao aumento de 50% no risco de demência, incluindo o Alzheimer, entre os idosos.
“É importante destacar que o isolamento social é, provavelmente, o maior fator de risco para pensamentos suicidas, tentativas de suicídio e comportamentos suicidas, além de outros elementos como a idade e a gravidade do quadro de saúde mental”, alerta Karen.
Pela correlação da solidão com aumento ou aparecimento de problemas emocionais, inclusive com depressão e pensamentos suicidas, a solidão pode levar à morte, frisa o psiquiatra Paulo Antonio de Lima.
E a fobia social é um dos motivos que leva o paciente a perder parte de suas habilidades sociais em razão da solidão, afirma o psiquiatra João Guilherme Marchiosi.
“A pessoa passa a se sentir insegura de voltar a interagir, o que faz com que se isole ainda mais dos outros. Esse isolamento vai piorando as habilidades sociais e assim vai se criando uma bola de neve, que cada vez mais agrava o problema”, explica.
“É preciso que a pessoa busque a ajuda do psiquiatra e do psicólogo em fases mais precoces do sofrimento, para que os melhores resultados possam ser alcançados”.
Opiniões


Crochê e passeios
A dona de casa Maria Helena Martinelli, 73, tem algumas estratégias para combater a solidão. Uma delas é a atividade em grupo que ela pratica próximo à sua casa, em Vitória. Ela também não abre mão, sempre que pode, de sair com a filha e neta para locais como o boliche, além de contar com a companhia do marido.
Outra atividade que Maria Helena gosta de participar é de grupos de idosos, onde ela aperfeiçoou sua prática do crochê. “Fiz durante muitos anos, mas, como passei a tomar conta do meu bisneto, parei. Porém, pretendo voltar”, conta.
MATÉRIAS RELACIONADAS:




Comentários