Doença faz corpo produzir hormônios em excesso
Hipertireoidismo afeta órgãos como coração e cérebro, podendo provocar taquicardia, ansiedade e até intolerância a estímulos
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Você conhece o hipertireoidismo? Trata-se de uma doença que faz o corpo produzir hormônios em excesso, provocando sintomas variados como palpitações, diarreia e perda de peso, entre outros. A Tribuna consultou especialistas para explicar essa condição.
O endocrinologista Mario Zen destaca que, para compreender o hipertireoidismo, é fundamental entender a função da tireoide.
“Ela controla vários órgãos – o coração, o cérebro, entre outros. Simplificando, é como a bateria de um carro”, afirma.
Segundo Zen, o problema surge quando a glândula produz hormônios em excesso, afetando diversos sistemas.
“Se o coração é impactado, o paciente pode desenvolver taquicardia; o sistema nervoso pode reagir com ansiedade, agitação e intolerância a estímulos”, explica.
Outros sintomas comuns são intolerância ao calor, aumento do apetite e emagrecimento. Menos frequentes, mas também significativos, são fraqueza, dificuldade para respirar e queda de cabelo.
O médico ressalta que os sintomas clínicos são o primeiro indicativo da doença e que a realização de exames é essencial para identificar suas causas.
“Pacientes com histórico familiar ou que passaram por procedimentos na tireoide, como radioterapia cervical, devem se manter atentos e fazer avaliações periódicas”, aconselha.
A endocrinologista Priscila Pessanha complementa que o tratamento do hipertireoidismo depende da sua causa e precisa ser individualizado.
“Existem casos decorrentes de doenças autoimunes, nódulos hiperfuncionantes, alterações hormonais transitórias durante a gestação, alterações pós-virais e inflamatórias e até pelo uso inadequado de fórmulas emagrecedoras contendo hormônios da tireoide”, esclarece.
Ela também destaca que a doença afeta mais mulheres do que homens, embora a razão exata ainda seja incerta.
“Pode haver uma influência hormonal, mas também é fato que as mulheres procuram atendimento médico com mais frequência”, conclui.
Segundo a Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia, cerca de 10% das mulheres acima de 40 anos e em torno de 20% das que têm acima de 60 anos manifestam algum problema na tireoide.
É importante estar atento, pois todas as pessoas, independente de sexo e idade, estão sujeitas a alterações.
“Perdi 19 quilos e 80% do cabelo”
A cabeleireira e manicure Aline Sandrei Lourenço, de 36 anos, começou a sentir os sintomas em janeiro de 2024. Na época, não prestou atenção. “Pensei que era menopausa, ansiedade ou exaustão, por que tive uma mudança de rotina. Mas em agosto e setembro, os sintomas pioraram. Comecei a ter diarreia crônica e perder peso”.
Mas, ocupada, ainda esperou até janeiro para ir ao médico. No final do mês, recebeu o diagnóstico: hipertireoidismo avançado. Ela conta que já perdeu 19 quilos e 80% do cabelo. Mas o que mais a incomoda é não conseguir fazer nada sozinha.
“Por causa da doença, não consigo trabalhar, nem fazer nada sozinha. É como se meu tempo fosse roubado. Aconselho todos a procurarem o médico”. Por enquanto, o tratamento não está funcionando e Aline aguarda novos exames.
Saiba mais
O que é
O hipertireodismo é uma alteração da glândula tireoide onde os hormônios T3 e T4 são produzidos em maior quantidade, ou são mais liberados na circulação.
Sintomas
Taquicardia, falta de ar e batimento acelerado são alguns dos sintomas. A pessoa também pode ficar ansiosa, agitada ou “estourar” por qualquer motivo.
Vontade excessiva de comer.
Emagrecimento repentino. Especialistas explicam que é possível perder até 10 quilos em um mês.
Alguns outros são: queda de cabelo e sensibilidade à luz.
Causas
A causa mais comum do hipertireoidismo é uma doença autoimune (o próprio corpo produz proteínas que “atacam” o órgão) chamada Doença de Graves.
Outra doença da tireoide chamada bócio multinodular também pode produzir hormônios em excesso.
Outras causas podem ser a origem como alterações hormonais causadas pela gestação e remédios para emagrecer.
Atenção
Especialistas explicam que alguns pacientes precisam prestar atenção e fazer consultas periódicas, como indivíduos que tiveram algum procedimento na tireoide e com histórico na família.
Pacientes que fizeram radioterapia cervical ou que estão tratando HIV com medicamentos para combater o vírus.
O carbonato de lítio, usado para tratamento de transtorno bipolar, também pode causar o hipertireoidismo.
Fumantes têm duas vezes mais chances de desenvolver.
Tem tratamento?
Depende de alguns fatores. Existem três formas principais de tratar o hipertireoidismo. O primeiro é pela via medicamentosa.
Em metade dos casos, após o tratamento com remédios, a doença pode entrar em remissão. Na outra metade, o remédio pode não funcionar ou então a doença voltar.
Destruir a tireoide com iodo radioativo, fazendo a glândula morrer, também é uma possibilidade de tratamento.
A outra é fazer uma cirurgia para retirar a tireóide.
Fonte: Especialistas consultados.
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