O que se sabe sobre extorsão a indiano que ajudou a desvendar crime em Vila Velha
Veterinário Thiago Oliveira do Nascimento chegou a receber cerca de R$ 9 milhões após chantagear milionário, que estaria tendo um caso extraconjugal
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O médico veterinário Thiago Oliveira do Nascimento, de 41 anos, é apontado pela Polícia Civil como o autor dos disparos que mataram um homem em situação de rua, em agosto de 2021, em Vila Velha. Ele e a namorada dele na época do crime, a dentista Gabriella Anacleto Kiefer, de 34 anos, estão presos por participação nesse homicídio.
No entanto, esse não é o único crime pelo qual o veterinário responde. Em janeiro, ele foi preso acusado de extorquir um empresário indiano.
De acordo com as investigações do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), do Ministério Público Estadual (MPES), a extorsão aconteceu entre os anos de 2021 e 2023. Thiago teria recebido, em criptomoedas, cerca de 1,8 milhão de dólares, o que daria na época aproximadamente R$ 9 milhões.
Ainda segundo as investigações, Thiago ameaçava divulgar imagens do indiano com uma mulher brasileira, com quem o empresário teria tido um relacionamento extraconjugal. O caso segue em segredo de Justiça.
O veterinário foi preso pelo Gaeco no dia 23 de janeiro deste ano, em cumprimento a um mandado de prisão, expedido pela juíza Paula Cheim Jorge, da Segunda Vara Criminal de Vila Velha. A prisão aconteceu em um hotel de luxo na Praia do Canto, em Vitória, e ocorreu no âmbito da operação CriptoVet. Na ocasião, a equipe do Gaeco encontrou, na cabeceira da cama dele, uma pistola calibre .380 carregada.
Denúncia ajudou a solucionar homicídio de morador de rua
E foi a partir dessa prisão do veterinário que a Polícia Civil conseguiu elementos para desvendar o homicídio do morador de rua, ocorrido quase três anos antes — apesar de os dois crimes não terem qualquer tipo de relação. Uma testemunha fez uma denúncia anônima, informando que o autor dos tiros que mataram o homem em situação de rua havia sido Thiago.
A partir daí, a Divisão de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) de Vila Velha solicitou um exame de balística, que comprovou que os tiros que mataram a vítima haviam saído de uma arma pertencente a Thiago.
"Com base nessas informações, nós requisitamos uma perícia de confronto balístico para a Polícia Científica. Após a perícia ser feita, ficou comprovado que a arma de fogo que foi apreendida em posse do Tiago foi a mesma arma utilizada no homicídio dessa pessoa não identificada. Então foi o Thiago que realizou os disparos que ceifaram a vida [da vítima]. A arma que estava de posse dele, tanto em relação aos cartuchos quanto em relação aos projéteis retirados no corpo da vítima", afirmou o delegado adjunto da DHPP de Vila Velha, Cleudes Junior.
A informação foi fundamental para a resolução do homicídio, uma vez que o caso havia ficado sem resposta para a polícia por cerca de três anos. O homem encontrado morto não foi identificado até agora e o corpo dele fora abandonado num local ermo: às margens da rodovia Leste-Oeste, em Vale Encantado, Vila Velha.
"Esse corpo estava com as pernas quebradas, amarrado e tinha perfurações por meio de arma de fogo. Mas as investigações não conseguiram avançar, porque não tinha testemunho local, era um local ermo e nós entendemos que essa vítima havia sido levada para lá e executada naquele local", frisou Cleudes Junior.
Crime aconteceu após invasão a clínica de dentista
Durante as investigações, uma testemunha relatou que o crime aconteceu após o morador de rua ter entrado na clínica da então namorada de Thiago, a dentista Gabriella Anacleto Kiefer, para cometer furto. Na época, o estabelecimento estava em reforma.
"Gabriella viu na imagem das câmeras a invasão e entrou em contato com o Thiago. Ela sabia que ele andava armado, então os dois foram até a clínica", disse o delegado adjunto da DHPP de Vila Velha.
Segundo o delegado, Thiago teria rendido a vítima, fez um disparo e arrastou o homem para o carro de Gabriella. Com a vítima baleada no veículo, os dois ainda levaram o homem até a rodovia Leste-Oeste, onde ele foi executado com tiros na cabeça.
Cleudes Junior explicou que Thiago já estava usando tornozeleira eletrônica por causa da investigação de extorsão, mas em novembro teve a prisão temporária cumprida durante a investigação do homicídio. Na última quarta-feira (18), ele teve a prisão convertida em preventiva, quando Gabriela também foi presa preventivamente em sua clínica, em Vila Velha.
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