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Polícia

Crimes no Estado do primeiro preso psiquiátrico do Brasil


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O primeiro preso psiquiátrico do País morou por dois meses no Estado, em 1926. Febrônio Índio do Brasil foi um famoso assassino em série que estuprava e tatuava suas vítimas.

Ele passou por Mimoso do Sul, no Sul do Estado, onde atuou como falso médico e matou duas crianças para quem prescreveu medicamentos.

O historiador Renato Pires Mofati, 62 anos, pesquisou a história de Febrônio e revelou detalhes de como foi a chegada do criminoso ao Espírito Santo.

Imagem ilustrativa da imagem Crimes no Estado do primeiro preso psiquiátrico do Brasil
Historiador Renato Pites Mofati pesquisou sobre a vida de Febrônio, que morreu aos 89 anos, após 57 anos confinado. |  Foto: Clóvis Rangel

“Numa noite, em 1926, desembarcava na estação de Mimoso um homem com uma pequena bolsa dizendo ser médico, com o nome falso de Bruno Gabina. Lá, ele matou duas crianças por falsos diagnósticos. Fugiu dias após”.

Professora de História, Joana Francisco, 46 anos, detalhou como foram os assassinatos de Febrônio.

“Em 13 de agosto de 1927, no Rio de Janeiro, entre Jacarepaguá e Várzea da Tijuca, ele fez sua primeira vítima, Alamiro José, 20 anos. Febrônio   mentiu para Antônio José, irmão mais velho de Alamiro. Disse que era chofer e precisava de um empregado para a empresa de aviação onde trabalhava”, relatou.

A professora disse que Antônio, então, enviou seu irmão para assinar os papéis na Ilha do Ribeiro, um lugar isolado. “Ao entrar na mata, Febrônio utilizou um cipó para asfixiar Alamiro. Não sem antes violentá-lo e tatuá-lo no peito”.

Joana disse  que, no dia 29 do mesmo mês, Febrônio  fez a segunda vítima, João Ferreira, de 10 anos, na Ilha do Caju, também no Rio.

Após oferecer doces, Febrônio conheceu a mãe do menino e novamente mentiu, dizendo trabalhar para um coronel do Exército e ofereceu emprego de copeiro à criança.

O criminoso e João seguiram até o Largo do França, em uma área fechada. Febrônio prometeu dar um terno ao menino, caso deixasse ser tatuado no peito e fizesse sexo com ele.

João, com medo, aceitou. Assim que terminou, Febrônio o asfixiou com as mãos. O advogado Darcy Gaigher disse como Febrônio se tornou o primeiro preso psiquiátrico do Brasil.

“Preso em 1927 sob a acusação de estupro e homicídio de dois menores, ele inaugurou as relações do Direito com a psiquiatria, uma vez que seus crimes e sua loucura o tornaram juridicamente inimputável, condenando-o à internação no Manicômio Judiciário do Rio de Janeiro. Lá, ele morreu em 1984, aos 89 anos, após 57 anos de confinamento”.

Passou a ler a Bíblia e se apelidou de “Filho da Luz”

Imagem ilustrativa da imagem Crimes no Estado do primeiro preso psiquiátrico do Brasil
Febrônio Índio do Brasil. |  Foto: Reprodução

A professora de História, Joana da Penha, que detalhou os assassinatos de Febrônio Índio do Brasil em terras cariocas, disse que, antes de ser internado no Manicômio Judiciário do Rio de Janeiro, ele teve dezenas de passagens pela polícia por fraude, chantagem, suborno, furto, roubo e vadiagem.

De acordo com os estudos dela, numa dessas detenções, em 1920, na Colônia Correcional de Dois Rios, no Rio de Janeiro, Febrônio passou a ler a Bíblia.

Logo após, afirmou ter tido uma visão de uma entidade, uma linda mulher de longos cabelos louros, que o escolheu como o “Filho da Luz”, alcunha que lhe deu, na época, a incumbência de declarar a todos que Jesus não havia morrido.

De acordo essa visão, ele deveria tatuar-se e tatuar meninos, ainda que com emprego de força física, com o símbolo D C V X V I, que significava Deus, Caridade, Virtude, Santidade, Vida, Ímã da vida.

A tatuagem serviria como talismã para aqueles que a exibissem no corpo. Febrônio tatuou a frase “Eis o Filho da Luz” em seu tórax e, em toda a circunferência de seu tronco, as letras D C V X V I.

Imagem ilustrativa da imagem Crimes no Estado do primeiro preso psiquiátrico do Brasil
Páginas do exame médico e psicológico de Febrônio Índio do Brasil. |  Foto: Reprodução
Imagem ilustrativa da imagem Crimes no Estado do primeiro preso psiquiátrico do Brasil
Historiador Renato Pites Mofati pesquisou sobre a vida de Febrônio, que morreu aos 89 anos, após 57 anos confinado. |  Foto: Clóvis Rangel

Infância no Jequitinhonha

Febrônio Índio do Brasil nasceu em São Miguel de Jequitinhonha, atual Jequitinhonha, em Minas Gerais, em 14 de janeiro de 1895, e seu nome verdadeiro era Febrônio Ferreira de Mattos, de acordo informações da professora de História Joana da Penha.

“O sobrenome 'Índio do Brasil' ele inventou e não se sabe o motivo. Era o segundo filho entre os 14 filhos do casal Theodoro Simões de Oliveira e Reginalda Ferreira de Mattos, descendentes de escravizados que ficaram na região”, relata Joana.

Febrônio teve uma infância conturbada. Seu pai era alcoólatra e, com muita frequência, agredia violentamente a mulher e os 14 filhos.
Várias vezes, Febrônio presenciou os espancamentos de sua mãe. O pai, Theodorão, como era mais conhecido, trabalhava como lavrador, mas exercera durante algum tempo o ofício de açougueiro”, afirmou a professora.

Joana da Penha revelou também que provavelmente em 1907, aos 12 anos de idade, Febrônio fugiu de casa, na companhia de um caixeiro-viajante, que era  um vendedor de porta em porta.

Na época, ficou vagando  pelas comunidades vizinhas de sua cidade natal, até que chegou a Diamantina, também Minas Gerias, onde foi alfabetizado e adotado por uma família rica e ganhou a vida como copeiro na casa.

Mais tarde, foi morar em Belo Horizonte, sobrevivendo graças ao trabalho de engraxate e de auxiliar de serviços gerais. Aos 14 anos, foi para o Rio de Janeiro, então Capital Federal do Brasil.

Tema de  peça de teatro,  livros e música

Os crimes
Os crimes de Febrônio Índio do Brasil geraram repercussões até mesmo na cultura e influenciaram vários artistas da época.
Febrônio virou tema de peças de teatro, música, literatura e um documentário, o Príncipe do Fogo, de Silvio Da-Rin, famoso cineasta brasileiro.

Teatro
“O filho da luz” foi encenado em 1927 no teatro de revista “Não quero mais saber dela”, da Companhia Ra-Ta-Plan.
O diretor Paulo Biscaia Filho produziu a peça “D C V X V I – eis o Filho da Luz”.

Literatura
Um desconhecido autor, que assinava M. Splayne, possivelmente um pseudônimo, lançou, em 1927, a coletânea “Os crimes do monstro Febrônio”.

O poeta suíço Blaise Cendrars, no mesmo ano, publicou uma série de artigos críticos no jornal francês Paris Soir, compilados em 1938 no capítulo Febrônio (magia sexualis) de seu livro “La vie dangereuse”.

Autores modernistas brasileiros, Antônio de Alcântara Machado, Aníbal Machado, Pedro Nava, Rubem Fonseca e Ruy Castro  também fizeram referências a Febrônio em suas obras.

Bem mais recentemente, a roteirista Ilana Casoy escreveu um capítulo sobre Febrônio em seu livro “Serial killers: made in Brasil” e Carlos Augusto Machado Calil, professor de cinema da Universidade de São Paulo, escreveu um livreto intitulado “O livro de Febrônio”.

Música
Febrônio foi tema de algumas marchinhas de Carnaval. Uma delas, “Eu fui no mato, crioula”, de autoria de Gomes Júnior, traz o seguinte trecho: “Eu fui no mato, / crioula, / buscar cipó”.

Fonte: Pesquisa A Tribuna.

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