Advogado é preso acusado de ajudar quadrilha envolvida em assassinatos na Serra
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Um advogado criminal de 31 anos foi preso acusado de ajudar uma quadrilha envolvida em dois assassinatos, registrados no dia 18 de outubro, em Porto Canoa, na Serra. Além do advogado, outras três pessoas foram presas. Outros dois suspeitos, dentre eles o acusado de ser o mandante do crime, estão foragidos.
O advogado foi preso último dia 23, após um mandado de prisão preventiva expedido pela 3ª Vara Criminal da Serra. Além dele, foram presos Júlio César Santos da Silva, de 18 anos, Marllon Fabem da Silva, de 22 anos e Wesley da Conceição dos Santos, de 23 anos. Todos os nomes foram divulgados pela polícia, na manhã desta segunda-feira (28).
Segundo as investigações, conduzidas pela Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa da Serra, o advogado criminalista Igor Vicentini Giacomin teve acesso às investigações e, com base nos dados de testemunhas, atuou na intermediação das informações com os suspeitos.
De acordo com o delegado Rodrigo Sandi Mori, Igor chegou a marcar um encontro com uma das testemunhas em um shopping da Serra. Após o encontro, ele teria levado a testemunha até a Delegacia do município, fazendo ameaças e orientando que ela mentisse em depoimento. A pressão psicológica, como descreveu o delegado, fez com que a vítima acabasse sofrendo um aborto.
"Ele orientou a testemunha a mentir, uma vez que teria acesso ao depoimento e revelaria tudo o que foi dito aos investigados. Uma conduta covarde, que fez que a vítima perdesse o filho que esperava, diante da violência psicológica", afirmou o delegado.
Ainda segundo o delegado, o advogado ainda levou uma enfermeira até o bairro Vila Nova de Colares, a fim de que Marlon, que acabou baleado durante o crime, recebesse os primeiros socorros
Sandi Mori enfatizou que o advogado não teve relação direta com o crime. Os outros dois suspeitos, dentre eles o acusado de ser o executor do crime, ainda estão foragidos. Na operação, duas pistolas calibres 380 e 9mm foram apreendidas.
“O crime não compensa e não vamos deixar que estes crimes fiquem impunes. Nós afirmamos que não é o perfil da advocacia criminal do Espírito Santo. Não estamos aqui criminalizando a advocacia criminal... somos procurados pelas entidades representativas da OAB, mas não podemos nos calar diante disto, para que os outros advogados, que tenham esta mesma linha de pensamento, não o façam, porque, se fizerem serão descobertos. Utilizar desta prerrogativa para associar-se ao crime, nós repudiamos veementemente. Só chega neste caso (da prisão preventiva) quando (o advogado) mergulhou nas profundezas do crime. Estamos tirando do ceio deles (advogados criminais) as laranjas podres”, afirmou o delegado-chefe da Polícia Civil, José Darcy Arruda.
Entenda o caso
O crime aconteceu no dia 16 de outubro. Segundo o delegado Rodrigo Sandi Mori, uma das vítimas era um motorista que trabalhava por aplicativo e fazia o transporte de drogas e traficantes na região de Eldorado na Serra. A motivação do crime seria a disputa pelo tráfico de drogas no bairro entre dois traficantes.
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