Yuri Falcão, boxeador capixaba: “Essa medalha só me deu mais vontade de vencer”
Lutador, que é sobrinho dos medalhistas olímpicos Yamaguchi e Esquiva Falcão, conquistou ouro no Mundial de Boxe
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O boxe, mais uma vez, ganha seu espaço com o capixaba Yuri Falcão, 22 anos, sobrinho dos medalhistas olímpicos Esquiva e Yamaguchi Falcão, prata e bronze nos Jogos de Londres, em 2012, respectivamente. Yuri conquistou a medalha de ouro na primeira etapa da Copa do Mundo de Boxe, evento da World Boxing, em Foz do Iguaçu, no Paraná, no último dia 5.
“Sem essa de perder”, como diz a música que ouve antes de entrar no ringue, de MC Rogê e DJ Pedro Henrique, o capixaba, um dos três brasileiros a garantir o ouro na competição, venceu o atual campeão olímpico da categoria 65kg, o uzbeque Asadkhuja Muydinkhujaev, e o indiano Abhinash Jamwal na final da categoria.
Ele conversou com a reportagem de A Tribuna durante a semana e revelou como foi a emoção de conquistar o ouro, como mantém a calma para enfrentar os adversários, e como pretende se preparar para as próximas disputas.
A Tribuna - Você sempre demonstra muita calma durante as lutas. É preparo psicológico, muito treino, ou as duas coisas?
Yuri Falcão – Eu tento, antes dos treinamentos, fazer uma ótima preparação e também das lutas. A minha calma é a certeza de que eu estou preparado, treinei bem, estou focado, treinado, não vou me distrair.
E, mesmo quando a gente perde, volta para o treino sabendo que tem que acertar, que é preciso aprender com os nossos erros.
AT - E seus adversários, você estuda o modo como eles lutam, observa as estratégias deles, além de treinar?
YF - Eu procuro as lutas deles no Youtube, antes de dormir.
AT - Antes de dormir?
YF - Antes de dormir, até me acalma. Me ajuda muito na luta. É nesse momento que eu estudo as estratégias deles. Eu acredito que se eu não assistisse nesse momento eu não conseguiria dormir, na verdade (risos).

AT - Os seus movimentos durante a luta são rápidos e seguros. E você inclusive faz dancinhas no ringue. Esse é um lado mais extrovertido seu?
YF - Virou algo automático. Tem muitas pessoas que acham que aquele movimento é falta de respeito com o esporte. Mas quem entende, sabe que no esporte, no boxe, é uma luta, é uma estratégia de quem sabe se concentrar.
AT - E qual música é aquela que você escuta antes de entrar para as lutas e por que?
YF - “Sem essa de perder” (MC Rogê e DJ Pedro Henrique), porque entro animado, com o astral lá em cima.
AT - Qual é a emoção de conquistar a medalha de ouro em um campeonato mundial, no Brasil?
YF - Foi uma emoção muito grande conquistar essa medalha de ouro. Foi o primeiro campeonato do ano. Essa conquista só me dá a certeza de que eu posso chegar em lugares maiores, mais longe.
AT - Essa é a sua segunda passagem pela seleção brasileira de boxe?
YF - Sim, de 2022 até 2024 estava na categoria 63,5 kg e conquistei a medalha de bronze no Pan-americano de Santiago, no Chile, em 2023. Desde janeiro deste ano, estou na categoria até 65 kg.
AT - E já chegou com ouro …
YF - Essa nova categoria caiu muito bem para mim, estou muito mais preparado. Essa medalha só me deu mais vontade de vencer e trazer mais títulos para o Brasil.
Tem outro Mundial da World Boxing (Índia e Cazaquistão recebem as próximas etapas que contam pontos para a final). E, claro, tem um caminho de muito foco até os Jogos de Los Angeles-2028.
AT - Nascido em uma família de boxeadores, inclusive com dois medalhistas olímpicos, você sempre quis ser um atleta no boxe?
YF - Quando eu era criança, eu queria ser jogador de futebol. Tinha esse sonho, como a maioria dos garotos da minha geração.
AT - Como você despertou para o boxe?
YF - Meu avô (o ex-pugilista Touro Moreno) colocava luva de boxe nas mãos da gente, nas minhas, dos meus primos, e sempre treinei em casa. Meu avô acabou sendo minha inspiração, junto com meu tio Yamaguchi.
Eu nem gostava de boxe, mas tive um despertar, com aquelas Olimpíadas, assistindo as lutas. Minha primeira luta em disputa mesmo só aconteceu em São Paulo, aos 14 anos. Moro aqui há nove anos.
AT - No cenário internacional, tem algum boxeador que te inspire e por que?
YF - Sim. Os americanos Gervonta Davis e Terence Crawford e o cubano Robeisy Ramírez. É pelo estilo de luta e a base canhota, como eu.
AT - Você conheceu quantos países através do boxe?
YF - Eu conheci 13 países, todos por causa do boxe, todos treinando e em campeonato. Sempre fiquei de duas a três semanas. O local onde permaneci mais tempo foi a Colômbia, onde fiquei por um mês.
AT - Acredita que o esporte poderia ser mais valorizado no Brasil?
YF - O esporte que mais chama a atenção no nosso País é o futebol. E em todos os esportes temos atletas de alto nível, com certeza, esperando uma oportunidade para serem descobertos ou para descobrir a própria potência.
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