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Entrevistas Especiais

“Já superamos outras grandes epidemias”, diz doutor em História


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Imagem ilustrativa da imagem “Já superamos outras grandes epidemias”, diz doutor em História
|  Foto: Dayana Souza

Quando o ano começou, ninguém imaginava ter de enfrentar uma pandemia, em pleno século 21. A Covid-19 afetou, rapidamente, o dia a dia da população mundial e tem provocado pânico por conta da sua facilidade de contágio e letalidade.

Entretanto, outras pandemias, em séculos passados, também se mostraram desafiadoras para médicos e autoridades da época.
Para o doutor em História Social e professor da Universidade federal do Espírito Santo (Ufes), Sebastião Pimentel Franco, assim como outras epidemias foram vencidas, a Covid-19 também será superada.

Franco destaca que uma das características comuns das epidemias é o prazo de validade. “Todas têm hora para começar e terminar”, afirmou.

A TRIBUNA – Quais as características comuns das epidemias?
Sebastião Franco – As epidemias, em geral, ao longo da história, se apresentam com algumas semelhanças e não semelhanças. De acordo com o historiador (Charles) Rosenberg, todo surto epidêmico se constitui em quatro atos. O primeiro ato é negar a sua existência. As autoridades tentam negá-la, na expectativa de a doença passar, de que ela não seja tão maléfica. No entanto, a doença chega e, como todas as pandemias, aparece de forma avassaladora, dizimando a vida das pessoas.
Como não é mais possível negar a pandemia, o segundo ato é saber quem é o culpado. No terceiro, as autoridades têm de tomar as providências para socorrer a população. Já no quarto ato, depois que a epidemia vai embora, é feita uma organização, para que, caso ela volte, estejamos preparados para que ela não seja tão devastadora.

Além da contaminação e mortes, quais os efeitos que uma pandemia pode causar?
Eu diria que as pandemias, além de chegarem de forma avassaladora, criam um pânico e inquietação muito grande nas pessoas, até porque as pessoas se questionam: “Serei eu o próximo?”.
Uma pandemia aflige muito a humanidade, sobretudo quando ela começa a chegar mais perto de nós, atingindo um amigo ou parente. Com isso, entendemos a pandemia como algo real.

Pode-se dizer que a Covid-19 é mais grave que outras pandemias?
Assim como outras pandemias, a Covid-19 tem como característica o fato de não sabermos o que ela é, como nos livrar dela. No caso de outras pandemias, como a peste negra e a cólera, os médicos não sabiam o que era aquilo. Havia um absoluto desconhecimento. Na Covid-19, sabemos o que é, mas não temos antídoto para ela.
Na gripe espanhola, sabia-se que era uma gripe, porém uma gripe diferente, em que não bastavam os analgésicos. Levava muito à morte. As epidemias causam grande letalidade, embora, a gripe espanhola tenha matado, para alguns, 50 milhões, enquanto outros achem que sejam mais de 100 milhões.
Já na Covid, até o momento, são menos de 300 mil pessoas. Não estamos minimizando as mortes, são muitas pessoas que morreram, mas se comparado com a gripe espanhola, a Covid-19 é de baixa letalidade, se bem que ela não acabou. Segundo as projeções, ela não chegará a um milhão.

Pode-se dizer que o sistema de saúde do Brasil está preparado para esta epidemia?
No nosso País, o Sistema Único de Saúde (SUS) atende a maior parte da população, e apesar de fazermos críticas e sugestões para melhoria do SUS, podemos dizer que temos uma condição boa. Imagina se não tivéssemos esse sistema? Com toda a falta de leitos e respiradores que temos, sem o SUS, ficaria pior.

Com base nos seus estudos, como o mundo vai passar por esta epidemia?
Assim como superamos outras grandes epidemias, eu acredito que também vamos vencer esta. Até porque, a ciência tem trabalhado desesperadamente para solucionar a Covid-19. Volta e meia, a gente vê algumas notícias falando que em breve poderemos ter uma vacina ou antídoto para controlar o foco da doença.
As epidemias têm um prazo de validade. Elas têm hora para começar e terminar. Isso porque, ou quase todo mundo foi infectado ou porque descobriram uma vacina.
Segundo os especialistas, após atingir seu pico, a pandemia vai perdendo força. Em seis ou oito meses, ela tende a diminuir. Isso foi comum em outras epidemias, como a da cólera.
Enquanto não tem a vacina, não acabou a doença. Mas, por exemplo, o HIV não acabou, ele está aí. No entanto, temos um remédio para ele. Se alguém o contrair, há um remédio, a pessoa pode viver. A mesma coisa é para a influenza, todo ano há uma vacina para ela.

Em epidemias passadas, o isolamento era mais fácil?
É mais fácil fazermos o isolamento hoje, pelo grau de informações que as pessoas têm. A grande imprensa, seja jornal, televisão e internet, divulga a todo minuto o que está acontecendo. A informação é nossa maior aliada contra a pandemia. Todas as pessoas têm condições de receber informação sobre prevenção e isolamento.

É possível retirar algo bom de uma pandemia?
Sempre tem algo positivo. Como dizem, depois do caos, é preciso vir a reorganização. Há lições que essa doença vai nos trazer. Ainda é cedo para dizer quais, mas, por exemplo, a gente está vendo uma reflexão muito grande.
Hoje, é mais comum mandar mensagem do que ligar. E isso nos afasta. Por isso, esse momento nos traz uma reflexão.
Outra questão é que 95% dos nossos equipamentos como, máscara, luvas, roupa de proteção e respiradores se concentram na China. Isso precisa mudar. Não podemos ficar dependentes de um único país. Teremos que pensar diferente.
Por enquanto, só nos resta esperar a doença passar e torcer para que surja logo um medicamento ou vacina.

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