Vagas reservadas para pretos em cargos de chefia
Empresas promovem ações para diversificar suas equipes, com oportunidades voltadas a promover a igualdade no meio profissional
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No mês da Consciência Negra, empresas promovem ações profissionais para pessoas pretas, com foco em cargos de liderança. A Vivo, por exemplo, abriu 50 vagas com oportunidades para as áreas Administrativas, de Tecnologia, Telecom, Relacionamento com o cliente, Campo e Comercial.
Iniciativas similares já existem no Estado. Como o modelo da Ambev, que tem um programa de estágio para jovens pretos, desenvolvido com o objetivo de derrubar as barreiras do preconceito racial.
Em reportagem anterior publicada em A Tribuna, a Suzano comentou o planejamento da companhia em alcançar a meta de 30% dos cargos de liderança ocupados por mulheres e 30% por negros. O plano da empresa é tornar este dado possível até 2025.
Adriane Reis de Araújo é procuradora do Trabalho e coordenadora Nacional da Coordigualdade, projeto do Ministério Público do Trabalho que tem como objetivo promover a igualdade nas empresas. Ela comenta a importância de programas desse modelo.
A procuradora aponta que a população brasileira é formada por 56% de pessoas negras e que a participação desse grupo em cargos de liderança é reduzida em razão da desigualdade social.
“Como consequência, é necessário adotar medidas para incentivar a promoção da diversidade racial no trabalho”, explica.
Ela indica formas de promover a igualdade, sendo “oportunidade de trabalho, conscientização sobre racismo, qualificação profissional e combate à discriminação”.
Um levantamento feito pelo Insper, com 532 empresas, apontou que 95% delas têm profissionais brancos como presidentes. Algumas empresas afirmam que faltam profissionais negros qualificados para os cargos de liderança.
A Vivo tem prazo aberto até o dia 27 de novembro para quem desejar se inscrever para compor o banco de talentos negros da empresa.
Em nota, a telefonia afirmou que “tem cerca de 33% de colaboradores negros e 22% de negros na liderança”, mas que quer aumentar “relevantemente” este número.
Projetos como este fazem parte do Raça em Foco, que também atende programas de trainee e estágio. Neste ano, 50% das vagas foram destinadas para talentos negros. Para as oportunidades, ensino superior não é um requisito obrigatório.
Ação para empoderar mulheres na indústria
O caminho para que o respeito à inclusão seja uma prática comum, especialmente no ambiente de trabalho, é longo. Apesar disso, há um movimento social cada vez mais forte para tornar o mercado um espaço de promoção à igualdade.

A Federação das Indústrias do Espírito Santo (Findes) se diz atenta à importância de construir e difundir a cultura da pluralidade. Em nota, a Federação disse que “pretende ser um instrumento para mobilizar a diversidade dentro das indústrias capixabas”.
A Findes cita o programa “Empodera Elas”, na Serra, parceria com outros órgãos e a Prefeitura do município, para mulheres em situação de vulnerabilidade social e também a Escola de Eletricistas, para mulheres e pessoas trans, em parceria com o Senai e EDP.
O advogado trabalhista Edgar Kluster diz que apesar de não haver uma legislação que obrigue o cumprimento de cotas raciais laborais, as empresas devem investir em ações que fortaleçam a sociedade.
“A sociedade é plural, as qualificações profissionais refletem esses indivíduos e os talentos estão em todos. Derrubar todo tipo de limitação é ampliar a força da empresa”.
SAIBA MAIS
Pretos em cargos de liderança
Conheça os programas:
A Ambev tem um programa de estágio exclusivo para pessoas pretas.
Para o Programa de Estágio, o único pré-requisito é ter previsão de conclusão de curso universitário entre dezembro de 2023 a dezembro de 2024.
A Ambev não exige teste de inglês dos candidatos.
Interessados em fazer parte dos programas da Ambev podem se inscrever nas oportunidades disponíveis no site: https://www.ambev.com.br/carreiras/nossos-programas
A Suzano também tem plano de expansão para os cargos de liderança da companhia.
O objetivo é que até 2025 30% das vagas de liderança sejam ocupadas por pessoas pretas.
A companhia estabeleceu metas envolvendo mais oportunidades para afrodescendentes para cargos não operacionais.
A Vivo também abriu vagas específicas para este público.
As oportunidades são para as áreas Administrativas, de Tecnologia, Telecom, Relacionamento com o cliente, Campo e Comercial (lojas). E contemplam posições de supervisão, coordenação e gerência.
A empresa abriu 50 vagas.
Os interessados precisam ter experiência em gestão de pessoas, perfil inquieto, curioso, antenado e colaborativo.
Ensino superior não é um requisito obrigatório.
As iniciativas têm o objetivo de promover um ambiente mais plural e diverso dentro das companhias.
Estatísticas
Levantamento feito pelo Insper com 532 empresas, apontou que 95% delas têm profissionais brancos como presidentes.
A população brasileira é formada por 56% de pessoas pretas.
Mas em relação aos cargos de liderança dentro das empresas, o número é muito pequeno.
Nas empresas brasileiras, menos de 30% dos cargos de liderança são ocupados por pretos.
As mulheres pretas representam 9,3% dos quadros destas companhias e estão presentes apenas em 0,4% dos altos cargos.
A Vivo tem prazo aberto até o dia 27 de novembro para quem desejar se inscrever para compor o banco de talentos negros da empresa.
Hoje, a empresa tem cerca de 33% de colaboradores negros e 22% de negros na liderança.
Conforme informaram, os programas desenvolvidos pela empresa têm o objetivo de aumentar “relevantemente” este número.
Iniciativas no Estado
A Federação das Indústrias do Espírito Santo (Findes) se diz atenta à importância de construir e difundir a cultura da pluralidade.
O programa “Empodera Elas”, na Serra, é uma parceria com outros órgãos e em conjunto com a Prefeitura da Serra.
O projeto é para mulheres em situação de vulnerabilidade social e também a Escola de Eletricistas, para mulheres e pessoas trans, em parceria com o Senai e EDP.
Especialistas dizem que apesar de não haver uma legislação que obrigue o cumprimento de cotas raciais laborais, as empresas devem investir em contratações que fortaleçam a sociedade.
Fonte: especialistas citados na reportagem.
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