Alta do cacau anima produtores do ES
Estado é o terceiro maior produtor do fruto do País, com produção em 45 municípios, atrás do Pará e da Bahia
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Os produtores de cacau do Espírito Santo estão animados com a alta de preços do fruto, que tem atingido recordes neste início de 2024. O Estado é o terceiro maior produtor de cacau do País, com expressiva produção em 45 municípios capixabas, atrás do Pará e da Bahia.
Mas, apesar disso, os produtores do Estado dizem não ter muito cacau para oferecer neste período de entressafra e safra temporã (período de maio a setembro).
No Estado, Linhares é o maior produtor e concentra 69,78% da produção estadual. Um dos maiores produtores de cacau da cidade do Norte capixaba, Emir Macedo Gomes Filho destacou que a alta de preço representa motivo de alegria, mas não de euforia.
“Ficamos muitos anos com os preços defasados, situação que mal nos permitia continuar sobrevivendo na atividade. Ficávamos com as migalhas, enquanto a indústria comia o bolo praticamente sozinha, ou seja, individualizando lucro e socializando prejuízos. Agora, com essa alta de preço, o bolo começa a ser dividido igualmente”, explicou.
Na região de Linhares, a saca de 60 quilos está entre R$ 1.850 e R$ 1.950, segundo o produtor.
Com 70 mil pés de cacau e viveiro de mudas, Gomes Filho lamenta que a safra temporã seja fraca devido ao excesso de chuva, que prejudicou a lavoura, e espera que os preços atuais permaneçam por mais tempo para que os produtores retomem os investimentos. Ele entrega 70% de sua produção à moageira Barry Callebaut, e o restante vai para cacau fino.
“Permite que a gente possa retomar os investimentos, cuidar melhor da propriedade, mas para a gente se recuperar plenamente, precisaríamos que esse preço permanecesse por mais um bom período de tempo e até anos”, disse.
A alta do preço beneficia os produtores, segundo o secretário de Estado da Agricultura, Enio Bergoli. “As amêndoas produzidas no Espírito Santo têm alto padrão de qualidade e tradição no cultivo. Temos indicação geográfica, o que favorece a comercialização. A alta do cacau é um momento oportuno para os produtores aproveitarem o lucro para investir na produção e proteção das lavouras”.
Segundo a presidente da Associação das Indústrias Processadoras de Cacau do Brasil (AIPC), Anna Paula Losi, o preço do cacau está alinhado com o mercado internacional e reflete mais um ano de falta de matéria-prima.
Porém, ala afirma que não há falta de produto. “Não vai impactar nas vendas da Páscoa porque a matéria-prima foi encomendada no ano passado”, alegou.
Os números
- 45 países consomem o chocolate capixaba
- 3 nações sul-americanas são os destinos principais das exportações: Uruguai, Bolívia e Argentina
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