Samarco mais perto de acordo com credores
Mineradora conseguiu descontos na dívida, cujo valor cai de R$ 50,5 bilhões para R$ 19 bilhões. Débito deve ser quitado até 2035
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A Samarco, em recuperação judicial desde abril de 2021, negociou com seus credores financeiros um desconto na dívida de 25%.
Pelo acordo vinculante assinado na quarta-feira (31) entre a mineradora, suas sócias Vale e BHP Billiton Brasil e os credores financeiros, a dívida cai de R$ 50,5 bilhões para perto de R$ 19 bilhões, de acordo com o jornal Valor.
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Da dívida total, mais de R$ 26 bilhões são débitos com fundos estrangeiros e R$ 24 bilhões são passivo com Vale e BHP. Com o desconto de 25% na dívida dos credores financeiros e a transformação da dívida sênior com os acionistas em dívida subordinada, a dívida sênior da Samarco baixa dos US$ 9,7 bilhões (R$ 50,5 bilhões) para US$ 3,7 bilhões.
A perspectiva da Samarco é quitar as dívidas até 2035, seis anos antes do que era previsto no plano de recuperação que foi reprovado por parte dos credores.
“Foi feito um alinhamento para garantir geração de caixa para as atividades e o pagamento das dívidas com os credores financeiros. As dívidas foram quebradas em notas que vencem em oito anos e em empréstimos que vencem em 2035”, afirmou o diretor de recuperação da Samarco, Luiz Fabiano Saragiotto.
As dívidas com os credores financeiros podem ser substituídas por notas seniores, que serão emitidas em Nova Iorque.
No caso das dívidas trabalhistas, com grandes fornecedores, pequenas e médias empresas, o pagamento será integral, até 30 dias após a homologação do plano de recuperação judicial. A proposta é a mesma feita no plano de recuperação que já foi apresentado aos credores e rejeitado.
“Acho que a proposta deve ser aprovada por esses credores. Eles já haviam aprovado essa proposta na assembleia passada”, afirmou Saragiotto.
Com as acionistas Vale e BHP houve a transformação do que era dívida sênior em dívida subordinada sem vencimento estipulado, apenas com a obrigação de pagar após quitar a dívida sênior dos outros credores, ou seja, a partir de 2036.
Os créditos dos acionistas relativos a pagamentos à Fundação Renova para ações de reparação serão integralizados ao capital da Samarco. “Vamos conseguir aprovar o plano de recuperação judicial com uma estrutura de capital equalizada”, disse o diretor.
“Paciência acabou”, diz ministro
O ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, elevou o tom em reunião com o presidente da Samarco, Rodrigo Vilella. O encontro aconteceu na quinta-feira e não constou da agenda oficial.
Segundo relatos, Silveira disse entender que a Samarco é a responsável objetiva pelos danos causados pelo rompimento de barragem em Mariana (MG).
Ele criticou a falta de transparência das ações de reparação levadas a cabo pela Fundação Renova, criada para executar esse trabalho, e cobrou a prestação de contas dos R$ 25 bilhões que já teriam sido aplicados na reconstrução das áreas atingidas.
Em dado momento, o ministro disse que “a paciência acabou”, e pediu mais proatividade para avançar nas negociações do acordo em discussão sob a coordenação do CNJ (Conselho Nacional de Justiça). Silveira argumentou que a inércia da Samarco, definida por ele como irresponsabilidade, pode comprometer ainda mais todo o setor nacional.
As informações são da Agência Folha, que informou ter procurado a Samarco para a empresa se manifestar, mas a empresa teria dito que não iria se pronunciar sobre o assunto.
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