Gasolina vai mudar e ficar mais cara

| 28/06/2020, 08:52 08:52 h | Atualizado em 28/06/2020, 09:02

srcset="https://cdn2.tribunaonline.com.br/prod/2020-06/372x236/gasolina-muda-e-fica-mais-cara-372a0038c54f57cb88f3d0175f3eb355/ScaleUpProportional-1.webp?fallback=%2Fprod%2F2020-06%2Fgasolina-muda-e-fica-mais-cara-372a0038c54f57cb88f3d0175f3eb355.jpeg%3Fxid%3D129258&xid=129258 600w, Filipe Souza disse que vai ficar mais difícil mudar a composição química da gasolina: “Rendimento será melhor”

A gasolina que chegará aos postos de combustível, inclusive os do Estado, terá uma nova fórmula a partir de agosto. A Petrobras admite que o preço na bomba ficará mais alto, ao mesmo passo em que alega que a nova composição terá um custo-benefício para o motorista.

A mudança acontece para atender uma regulamentação da Agência Nacional do Petróleo e Biocombustível (ANP) que entrará em vigor em agosto.

Questionada por A Tribuna, a Petrobras não cravou uma estimativa de aumento do preço do combustível. Contudo, segundo a revista Veja, a tendência é de um aumento entre 4 e 10 centavos por litro.

Em um vídeo, a diretora de refino e gás natural da Petrobras, Anelise Lara, disse que, “como praticamos o preço de paridade de importação, ela (gasolina nova) será mais cara, se comparada à atual.”

“O preço de paridade vai ser um pouco mais elevado, mas isso vai ser compensado, porque ela será mais eficiente. Em termos finais de custo, acreditamos que será mais positivo (para o consumidor), porque poderá rodar mais com menos”, prometeu, sem especificar exatamente que melhoria seria essa.

Segundo Anelise, as refinarias da Petrobras já estão preparadas para atender a regulamentação.

“A nova especificação é bem-vinda e vai aproximar a qualidade do combustível comercializado no Brasil ao do mercado americano e europeu”, festejou.

Fórmula

A mudança será feita na massa da gasolina, segundo uma especificação proposta pela Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), que passa a exigir uma massa específica mínima de 715 kg/m

Há a garantia de que a quantidade de etanol na composição – 27,5% – ficará a mesma. Ou seja: apesar dessa quantidade igual, o preço ainda assim vai aumentar.

Proprietário de um posto de gasolina em Vitória, Filipe Souza comemora que “a nova gasolina vai ter rendimento melhor nos carros por causa da octanagem, e vai poluir menos. E vai ser mais difícil de adulterar devido à composição química”.

Já o economista Eduardo Araújo diz que a mudança na qualidade permitirá a economia com problemas relacionados a bicos injetores, bombas e filtros.

Mas faz uma ressalva: “É preciso saber qual será o incremento dos custos finais para o consumidor, por cada quilômetro rodado. É natural que os consumidores também não percebam incrementos nos custos, porque vem num momento que o preço vem na cotação baixa, por conta da pandemia”.

Vai dificultar fraudes, dizem postos

O Sindicato do Comércio Varejista de Derivados de Petróleo do Espírito Santo (Sindipostos-ES) disse à reportagem que as mudanças que acontecerão com a gasolina produzida no Brasil fazem parte de reivindicações dos próprios postos.

Explica que, do ponto de vista prático, para o setor, o mais importante é a dificuldade para a atuação dos fraudadores. Na avaliação do Sindipostos-ES, essa notícia é muito boa para o setor.

“Os descaminhos precisam ser combatidos sempre porque os oportunistas estão sempre atentos às oportunidades de práticas que lesam o consumidor e ferem as leis de livre concorrência”, comemora o vice-presidente do Sindipostos, Dirceu Oliveira Filho.

Testes

Segundo a organização, com as mudanças, até os testes possíveis de serem feitos pelos postos vão identificar a adição de solventes à gasolina, por exemplo, uma das formas mais comuns de adulteração.

Questionado sobre o impacto do preço na bomba, o sindicato disse que “é preciso aguardar como ele se comportará da refinaria para as distribuidoras e das distribuidoras para os postos.”

O Sindipostos-ES informou ainda que os resultados do Boletim de Monitoramento da Qualidade dos Combustíveis da Agência Nacional do Petróleo apresentam pequenas variações mês a mês, mas em março, por exemplo, não teve nenhuma não conformidade nas análises realizadas.

“Diesel verde” até o fim do ano

O diretor-geral da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), José Gutman, disse que espera que “até o final do ano esteja concluído o processo de regulamentação do diesel verde”.

A Petrobras defende, junto à ANP, que a comercialização do diesel verde, que começará a ser testado numa refinaria do Paraná a partir de julho, possa gerar créditos de descarbonização — instrumento do programa federal RenovaBio para a compensação de emissões de gases de efeito estufa.


Saiba mais


Mudanças

  • A Petrobras disse que está preparada para produzir uma nova gasolina em suas refinarias para atender a nova regulamentação da qualidade da gasolina, aprovada em janeiro pela Agência Nacional do Petróleo (ANP).

  • A diretora de refino e gás natural da Petrobras, Anelise Lara, disse que o litro da gasolina tende a ficar mais caro a partir de agosto, sem especificar quanto.

  • Segundo ela, contudo, o aumento do preço do litro deve ser compensado por uma maior eficiência no consumo dos combustíveis pelos carros.

Composição

  • A ANP passa a exigir uma massa específica mínima de 715 kg/m. Outros elementos mais específicos também vão mudar.

  • A mudança, porém, não deve afetar o rendimento do combustível, já que a quantidade de etanol na composição – 27,5% – ficará a mesma.

  • Em alguns países o nível de etanol presente na gasolina é de 2%.

Fonte: Petrobras, ANP e pesquisa AT.


Análise


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"Não é o momento de se mexer no preço de gasolina, mesmo que haja um desempenho melhor do carro. A perda do emprego e a redução salarial tornam a notícia desnecessária. É o momento de evitar mais uma variável que onera o bolso.

O aumento de preço da gasolina assusta o consumidor, comparando com outros países da América Latina. A redução dos últimos meses, por conta da pandemia e da baixa do preço do petróleo, é um ponto fora da curva: brasileiro não está acostumado com isso. E agora, que estava razoável, inventam moda"

Marcelo Loyola Fraga, economista e coordenador-geral da faculdade Pio XII

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