Saúde e segurança começam na nossa mente
Confira a coluna desta quinta-feira (24)
Abril é conhecido como o mês da conscientização sobre saúde e segurança do trabalho e traz consigo uma reflexão importante: tão fundamental quanto os Equipamentos de Proteção Individual (EPIs), as normas regulamentadoras ou as ações de prevenção de acidentes, é o cuidado com a saúde mental dos trabalhadores.
Ainda que o tema tenha ganhado espaço nos últimos anos, muitas empresas ainda negligenciam os impactos do adoecimento psicológico no ambiente corporativo. A pressão por metas, a sobrecarga de trabalho, os ambientes hostis e a falta de reconhecimento são alguns dos fatores que contribuem para o aumento de casos de estresse, ansiedade, depressão e até da chamada Síndrome de Burnout — considerada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como um distúrbio ocupacional.
Além dos impactos financeiros e organizacionais, o adoecimento mental compromete a criatividade e a capacidade de concentração. Quando a saúde emocional é negligenciada, a conexão do colaborador com os propósitos da empresa enfraquece, causando desmotivação e queda no desempenho.
De acordo com dados recentes da Previdência Social, os afastamentos por transtornos mentais e comportamentais ocupam posição de destaque entre as causas de concessão de auxílio-doença e aposentadorias por invalidez. Isso não só evidencia a gravidade do problema, como escancara os custos invisíveis para as empresas, como baixa produtividade, rotatividade de pessoal, aumento do absenteísmo e comprometimento do clima organizacional.
Promover saúde e segurança no ambiente de trabalho vai além da prevenção de acidentes físicos. É também garantir que o trabalhador esteja em equilíbrio emocional e psicológico para exercer suas funções com qualidade, motivação e, sobretudo, dignidade.
Para isso, é imprescindível que as organizações passem a adotar políticas claras e efetivas de saúde mental. Programas de escuta ativa, apoio psicológico, flexibilização de jornadas, incentivo ao autocuidado e treinamentos sobre saúde emocional devem fazer parte da cultura empresarial. Mais do que ações pontuais, trata-se de incorporar uma mentalidade de acolhimento e empatia na rotina da gestão de pessoas.
Nesse cenário, o papel das lideranças é essencial. São os gestores que, na maioria das vezes, estão mais próximos das equipes e podem perceber sinais de exaustão emocional. Investir na capacitação dessas lideranças para que saibam lidar com questões emocionais sem estigmatização é parte do processo de transformação.
O Abril Verde surge, então, como um convite à reflexão. É o momento de ampliar o conceito de segurança do trabalho para além das máquinas, capacetes ou treinamentos obrigatórios. É hora de enxergar o trabalhador como um ser integral — corpo e mente — e de compreender que não existe produtividade saudável sem equilíbrio emocional.
Garantir ambientes mais humanos, seguros e saudáveis é uma responsabilidade coletiva: do empregador, do poder público, da sociedade e de cada indivíduo.
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