Boas escolhas vão fazer a diferença agora e no futuro
Artigo publicado no jornal A Tribuna desta sexta-feira
O Instituto Nacional de Câncer estima que o Brasil deve registrar 704 mil casos novos da doença para cada ano entre 2023 e 2025, um aumento de cerca de 13% em relação aos cálculos do triênio anterior (2020-2022).
Considerações desse tipo, ao mesmo tempo que assustam, são importantes porque reforçam o protagonismo sobre nossa própria saúde.
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O câncer é, sem dúvida, temido, tanto pela complexidade do tratamento quanto pelo risco de letalidade. Mas também é preciso ter a consciência de que trata-se de uma enfermidade evitável, em boa parte dos casos.
A prevenção está ao alcance de todos, mesmo considerando as particularidades de cada um. A predisposição genética para essa doença é responsável por, no máximo, 15% do total de casos. O restante tem muito mais a ver com as escolhas feitas ao longo da vida: cuidados com a alimentação, priorizar a prática regular de atividade física, ficar longe de vícios que prejudicam a saúde, como tabagismo e etilismo.
Felizmente, o amplo acesso à informação permitiu que mais pessoas fossem alcançadas pelos variados meios de comunicação de massa. Isso foi e tem sido um importante aliado, possibilitando que informações relevantes cheguem a quem precisa.
Por outro lado, é preciso estar atento a tudo que ainda contribui para que os fatores de risco do câncer continuem fazendo parte da nossa rotina diária, apesar de tudo que já sabemos sobre o tema.
É preciso refletir continuamente sobre muitos pontos, tais como: “que tipo de alimentos estou ingerindo com frequência e quais estou levando para a minha despensa?”; “já incorporei os exercícios à minha rotina e tenho isso como prioridade?”; “Eu sei dizer não a alguns inimigos, como o cigarro e as bebidas alcoólicas, mesmo quando são oferecidos de forma quase irrecusável?”.
O que parecem ser perguntas simples e de respostas quase que imediatas escondem, muitas vezes, uma reflexão que precisamos, mas recusamos ter.
Afinal, “o que é fumar um cigarrinho só no fim de semana?”, muitos podem pensar, ou aqueles que consideram a ida à praia ou o futebol do sábado e domingo como atividade física. Ou até mesmo quem se acha novo demais para adotar medidas tão caretas. Quem nunca pensou isso?
Na contramão da saúde, está uma variedade de ofertas propostas em “bandeja de prata”, muitas vezes, até prometendo benefícios saudáveis.
Na indústria do tabagismo, por exemplo, a novidade é o cigarro com vitaminas, que promete dar mais disposição durante a prática de exercícios. Essa é apenas uma das toxicidades que chegam até nós com roupagem de algo bom. O famoso mal disfarçado de bem (que sempre encontrará um jeito de se aproximar).
E diante de estimativas preocupantes que preveem aumento de casos de neoplasias malignas para os próximos anos, cabe a cada um de nós reforçar a responsabilidade sobre a própria saúde.
Nunca estaremos totalmente livres de sermos acometidos por qualquer doença, mas muitas de nossas escolhas farão toda a diferença, agora e no futuro.
VIRGÍNIA ALTOÉ SESSA é médica oncologista