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Colunista

Leitores do Jornal A Tribuna

Até quando?

Confira a coluna deste domingo (11)

Pedro Valls Feu Rosa | 12/05/2025, 13:20 h | Atualizado em 12/05/2025, 13:20

Imagem ilustrativa da imagem Até quando?
Pedro Valls Feu Rosa escreve aos domingos em A Tribuna, no espaço Tribuna Livre, com textos leves e temas diversificados |  Foto: Fábio Nunes/A Tribuna

Era uma vez cinco mandados judiciais. Um deles importava na condução de um menor envolvido com o tráfico. O segundo versava sobre o pagamento de uma dívida de alimentos. Os outros três consistiam em simples intimações para audiências.

O problema é que as pessoas objeto dos mandados residiam em uma área dominada por traficantes. Nela, o ingresso de oficiais de Justiça do sexo masculino é terminantemente proibido. Assim, a “missão” recaiu sobre uma mulher.

E lá foi ela! Ao chegar no bairro, foi imediatamente abordada por diversos criminosos armados de fuzis e pistolas. Após identificar-se, teve que entregar para um “supervisor” os cinco mandados judiciais, a fim de que lhe fosse permitido cumpri-los.

Ouviu dele que o primeiro mandado, aquele relativo à condução de um menor, não poderia ser cumprido. O relativo à dívida de alimentos, sim – acrescentando que o valor seria pago imediatamente ou o devedor seria morto, pois ninguém deseja atrair problemas para aquele bairro. Quanto aos demais, sem problemas.

A oficial de Justiça recebeu, então, a ordem de saltar de seu veículo e montar na garupa de uma motocicleta, pilotada por um elemento portando um fuzil AR-15 e uma pistola. Após um curso percurso, chegaram a um bar. E eis que as pessoas a serem intimadas, como que por milagre, lá apareceram imediatamente.

Assinados os mandados judiciais, a impávida oficial de Justiça foi devolvida aos limites do bairro, sempre sob a escolta de um bandido armado – isso em plena luz do dia! Lá, foi-lhe finalmente permitido entrar em seu carro e retornar às dependências do Poder Judiciário.

Essa narrativa não reflete nada de extraordinário. É rotina conhecida. A assinatura das maiores autoridades judiciárias nada vale sem o “cumpra-se” de bandidos que dominam bairros inteiros. Os vistosos distintivos dos oficiais de Justiça, nos quais reluz o brasão do Estado do Espírito Santo, são tão úteis naqueles lugares quanto um “zero à esquerda”.

Todo esse horror está acontecendo não em “buracos” distantes. Muito pelo contrário: acontece a poucos metros das vistosas sedes de nossas mais sagradas instituições, daquelas em cuja porta destacam-se os símbolos do Espírito Santo e do Brasil.

Até quando, isso? Até quando deixaremos comunidades inteiras, compostas em sua esmagadora maioria por pessoas de bem, submetidas ao julgo de alguns poucos criminosos? Até quando permanecerá omisso o Estado? Até quando nossas elites viverão no “faz-de-conta” de que nada está acontecendo? Até quando viveremos na ilusão de que os maus “do lado de lá” nunca virão para o “lado de cá”?

Até quando deixaremos as gerações que nos sucederão irem para as escolas de cabeça baixa, oprimidas pelo crime? Até quando sangraremos nossa economia de forma tão covarde? Até quando iremos aos cultos de domingo buscar a absolvição pela culpa da omissão?

Enquanto isso, humildemente, peço licença para sugerir que sejam retirados dos mandados judiciais os brasões e a expressão “manda”. Seria menos constrangedor e triste.

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