Reestruturação das grandes marcas de varejo do País
Coluna publicada na edição desta terça-feira (25), do jornal A Tribuna
Estamos vendo constantemente na mídia no Brasil, e no exterior, grandes marcas do varejo de roupas, supermercados, móveis e outros revisando suas estratégias de expansão ou de permanência em um mercado, região ou país. A análise é complexa, pois são diversos fatores externos e internos que precisam ser levados em consideração.
Primeiramente, na perspectiva externa, pode parecer mais do mesmo, mas o Brasil precisa resolver questões de infraestrutura logística, do sistema tributário para penalizar menos os trabalhadores com renda mais baixa e permitir que as famílias possam consumir mais e melhor. Além disso, revisar obrigações acessórias das empresas para um modelo mais simples com redução de burocracia e dos custos (e riscos) para operarem no País.
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Simulação do Doing Business Brazil de 2020, estimou em 1.501 horas necessárias para apuração de impostos e até quatro anos para resolver questões de insolvência das empresas. Os juros altos também têm relação direta com muitos processos de turnaround ou de levar empresas aos pedidos de recuperação judicial. Sem contar a incerteza jurídica, tributária e política. Quem consegue sobreviver (empreender) mentalmente bem?
Se a agenda econômica do País corrigisse muitos desses pontos, consultorias e assessorias jurídica e contábil poderiam atuar muito mais nas empresas para o desenvolvimento mais rápido dos negócios, de forma mais consistente, planejada e prospectiva.
Ainda, externamente, estamos vivenciando um momento em que diversas gerações estão interagindo com diferentes hábitos de consumo e com a tecnologia acelerando a dinâmica empresarial. Por isso, muitas marcas estão se reposicionando com lojas conceituais e direcionando as vendas para o ambiente on-line, podendo obter redução de custos.
O planejamento estratégico das empresas tem que enxergar essas ameaças e oportunidades dos novos hábitos e a mudança no perfil dos clientes.
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Na perspectiva interna do varejo, as empresas precisam investir. Ao alavancar com capital de terceiros no Brasil, a incerteza política é tão grande que força o Banco Central a aumentar juros para conter a inflação, e quem se endividou para expandir começa a ter sua margem de lucro comprimida para que o caixa gerado trabalhe a favor da dívida. A partir daí, para conter a sangria na empresa, se dá uma sequência de análises para fazer o negócio respirar com o corte de custos desnecessários.
Se isso ainda não der certo, vem a recuperação judicial para evitar a falência. Quando chega a essa situação crítica, lojas precisam ser fechadas e fábricas paralisadas. Olhar para os números contábeis e financeiros, trabalhar com orçamento, monitorar o andamento das atividades empresariais, avaliar o melhor método de custeio, buscar uma visão real do negócio, e não apenas fiscal, tentar avaliar se está gerando ou destruindo valor, seriam boas práticas para evitar o que estamos vendo acontecer com grandes marcas como Americanas, Walmart e, agora, a Tok Stock.
José Elias Feres de Almeida é avaliador de empresas e doutor em Controladoria e Contabilidade
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