Outro olhar sobre a violência contra a mulher

| 27/01/2020, 07:24 07:24 h | Atualizado em 27/01/2020, 07:32

O que pensar da violência contra a mulher nos dias atuais? Num mundo em que as mulheres são cada vez mais independentes e convictas do valor de liberdade, elas ainda sofrem com agressões física, social e psicológica.

Segundo alguns dados do Ministério da Saúde, há 1 caso de agressão contra a mulher a cada 4 minutos. Inesperadamente, o agressor na maioria das vezes é um companheiro ou um ex- companheiro da vítima. Evidentemente, essa é uma questão histórica em nosso País.

De acordo com o estudioso Gilberto Freyre, formou-se um modelo de família patriarcal, no qual a centralidade do poder familiar se remetia ao homem.

Desse modo, a mulher era vista como uma propriedade sem direito, assim, a violência contra a mesma era legítima.

A violência dentro do lar não precisa ser necessariamente física, ela também pode ser sutil. Em muitos casos, a violência contra o gênero feminino ocorre a partir do desprezo e da humilhação.
Logo, o espaço familiar que deveria ser o lugar do equilíbrio emocional passa a ser o espaço da dor moral.

Muitos estudiosos têm se dedicado ao debate sobre a violência sutil. De certo modo, esta é a primeira a ocorrer, porque a mesma não deixa marcas no corpo físico, mas causa um dano moral à mulher. Essa forma de violência velada aparece em pequenos gestos e hábitos culturais.

Em geral, a sociedade cobra da mulher, a responsabilidade de um casamento feliz. Todavia no início do casamento, a própria já perde a sua individualidade, ao adotar o sobrenome do marido, sendo ela conhecida como mulher de “fulano de tal”.

Em certos casos, posteriormente ao casamento, a mulher se afasta do meio social no qual vive, principalmente, do convívio com amigas solteiras, ou mesmo da proximidade de amigos. Ao contrário do gênero masculino, que continua tendo uma vida social ativa.

A mulher por sua vez, além de cuidar dos afazeres domésticos, também trabalha cotidianamente no mercado de trabalho. No entanto, geralmente o homem não ajuda nem nos afazeres domésticos, nem na tarefa de cuidar dos filhos, sugerindo que essas não são suas funções.

Além disso, quando não há consenso entre ambos, ou mesmo há brigas cotidianas, comumente o gênero masculino utiliza, frases como: “Você está louca?” Isso, somado a constante cobrança de sempre estar bela, não para si, mas para o homem, o que resulta num dano moral para mulher.

É preciso repensar a nossa sociedade, principalmente os efeitos danosos que a cultura brasileira produz ao gênero feminino.
A violência sutil precisa ser debatida num espaço democrático com o objetivo de buscar a igualdade para ambos os gêneros.

Jefferson Ferreira Alvarenga é mestre em História Social das Relações Políticas e cientista social pela Ufes

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