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Os assassinatos

Um estudo da Organização Mundial de Saúde revelou que a poluição mata mais que os acidentes de trânsito

Pedro Valls Feu Rosa | 22/05/2023, 14:06 14:06 h | Atualizado em 22/05/2023, 14:07

Imagem ilustrativa da imagem Os assassinatos
Pedro Valls Feu Rosa, desembargador do Tribunal de Justiça do Espírito Santo e colunista de A Tribuna |  Foto: Arquivo/AT

Dia desses, em um final de tarde, percorria eu uma movimentada avenida de uma grande cidade brasileira. Aparentemente nada havia de estranho no cenário: ônibus e carros passavam em velocidade considerável a poucos centímetros da multidão de pedestres, o barulho era ensurdecedor e a fumaça entrava sem a menor cerimônia no pulmão de todos que ali estavam.

Foi quando reparei no silêncio das pessoas, fruto do barulho! Recordei-me de um estudo realizado no Reino Unido sobre nada menos que 8,6 milhões de pessoas ao longo de sete anos, segundo o qual quem convive com altos níveis de poluição sonora tem probabilidades 4% maiores de morrer prematuramente e 5% maiores de ser vítima de derrame – 9%, caso seja idoso. Fiquei a pensar nas pobres pessoas que ali trabalham cotidianamente.

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Lancei meus olhos sobre a fumaça branca que saía do escapamento dos veículos, declarando guerra aos nossos organismos – e guerra da qual sairá vencedora, pois que, conforme constatado por pesquisadores norte-americanos, pessoas sujeitas a altos níveis de poluição do ar vivem em média 3,2 anos a menos.

Um outro estudo norte-americano, realizado sobre 107.130 mulheres, constatou que aquelas submetidas a índices elevados de poluição atmosférica seriam 38% mais propensas a contrair doenças cardíacas. E, finalmente, um da própria Organização Mundial de Saúde (OMS) revelou que a poluição mata mais que os acidentes de trânsito.

Uma vez mais, contemplando aquela cena cotidiana, senti o quão pouco vale uma vida humana! Lá estavam veículos imensos passando, alguns em alta velocidade, literalmente ao alcance das mãos de idosos e de crianças, desprotegidas e comprimidas pela calçada afora. 

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Recordei-me de um estudo brasileiro indicando que 39% dos acidentes fatais no trânsito são decorrentes de atropelamento – e observei algo curioso: não havia ali um único mecanismo de controle de velocidade em um País tão pródigo neles.

Lancei um olhar sobre quem passava a bordo dos veículos. Todas sacolejando por conta da histórica péssima qualidade da pavimentação. Motociclistas desviando de buracos e quase colidindo com outros veículos. Um cenário que seria considerado absurdo se não fosse tão rotineiro.

Voltei aos meus tempos de criança para perceber que nada mudou naquele lugar – e em tantos outros pelo País afora – ao longo de mais de meio século. Por que será? Diriam alguns que o motivo é financeiro. Em crise há décadas, nosso País não teria recursos para alterar a matriz de transporte público ou realizar as obras viárias necessárias.

Há alguma inteligência neste argumento? Não: recente pesquisa da USP provou que são gastos R$ 14 por segundo para tratar sequelas respiratórias e cardiovasculares de vítimas da poluição do ar – e só ela, sem contar os efeitos dos acidentes de trânsito e da poluição sonora. 

Ou seja, seria mais humano e barato prevenir do que remediar. Mas por qual motivo nada muda há décadas? Seria porque os beneficiários constituem apenas uma esmagadora maioria?

Pedro Valls Feu Rosa é desembargador do Tribunal de Justiça do Espírito Santo

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