Carvão perde prioridade
Confira a coluna desta segunda-feira (10)
Há nove anos, escrevi o artigo “Humanidade suicida” que tratava do comportamento humano diante de iminentes catástrofes, como a convivência com najas nas aldeias indianas, populações vizinhas de vulcões, como do Vesúvio e a intoxicação por chumbo no Império Romano, inclusive nominando de saturnismo (pesquisem!).
Mesmo sabendo que o chumbo seja tóxico, a indústria petrolífera usava o tetraetila de chumbo para aumentar a octanagem e pagava “cientistas” para dizerem que era seguro. Até que o cientista Clair Patterson foi calcular a idade da Terra, usando o fato que o urânio decai em chumbo. Mas ele descobriu que estávamos contaminados por chumbo e iniciou uma difícil jornada contra os bilionários do petróleo. Nos anos 1970, os países começaram a banir, e Patterson salvou a humanidade.
Porém, novamente estamos diante de uma nova luta contra as bilionárias petrolíferas, que são responsáveis pelas mudanças climáticas devido ao aquecimento do planeta por causa do aumento de gás carbônico. Os bilionários aprenderam a manipular a maioria da população mundial e colocaram a ciência na categoria das religiões. Mas ciência não é matéria de fé, mas de fatos, como no caso do chumbo.
Bilhões de seres humanos estão condenados a uma morte terrível, lenta e dolorosa. As catástrofes chegaram, cada ano é o mais quente registrado no gelo da Antártica (1,2 milhão de anos de ar e água depositados em camadas anuais de neve)... E para a COP-30 deste ano, creio, as petroleiras vão ganhar mais um tempinho para faturar, como se as tecnologias verdes não representassem um grande negócio também.
Todavia, temos alguns avanços. A imprensa anunciou dias atrás que a energia solar suplantou pela primeira vez o carvão em 2024, na União Europeia, que é composta de 27 países. E, ainda, a produção a partir de gás natural diminuiu pelo quinto ano consecutivo.
No total, o forte crescimento da energia solar e a recuperação da energia hidráulica elevaram a produção elétrica renovável de 34% em 2019 para 47% agora, enquanto a de combustíveis fósseis baixaram de 39% para 29%.
Os europeus estimam que nesse período, a economia na importação de combustíveis fósseis atingiu 59 bilhões de euros e as emissões do setor da eletricidade caíram para metade do seu nível máximo, em 2007.
A abundância de energia solar em 2024 permitiu baixar os preços a meio do dia e até provocou preços negativos, referentes às horas em que a eletricidade é vendida abaixo de zero, devido a um excesso de oferta em relação à procura. Um grande incentivo para deslocar o consumo para os períodos de produção solar abundante.
Também da China vem uma boa notícia: a geração de energia termelétrica usando carvão deverá cair em 2025 pela primeira vez em uma década. Com o forte crescimento do PIB todo ano, a demanda de energia é enorme. Curiosamente, em retaliação às medidas do Trump, a China anunciou tarifas de 15% sobre carvão e gás natural liquefeito dos EUA, além de 10% sobre petróleo bruto, demonstrando sua prioridade.
Falta ao Brasil fazer um pouco mais para chegar na COP-30 deste ano, em Belém, como um líder autêntico na área.
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