Brasil precisa rever destino dos impostos
Confira a coluna deste sábado (26)
O Brasil está entre os países com a maior carga tributária do mundo – uma realidade sentida diariamente no bolso dos brasileiros. De acordo com dados do Impostômetro, mais de R$ 2,5 trilhões foram arrecadados em impostos ao longo do ano passado.
A cifra impressiona e, ao mesmo tempo, causa indignação: com esse montante, seria possível construir 7,8 milhões de casas populares, 2,1 milhões de escolas públicas ou mais de 2 milhões de postos de saúde completos. Ainda assim, o País convive com graves deficiências nos serviços essenciais de saúde, educação, segurança e infraestrutura.
Foi para chamar atenção a essa disparidade entre arrecadação e retorno à população que surgiu o Dia Livre de Impostos (DLI), uma mobilização nacional promovida pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) por meio das CDLs Jovens de todo o Brasil.
No dia 29 de maio, consumidores da capital capixaba vão poder vivenciar, na prática, como seria comprar sem a incidência dos tributos abusivos. Lojistas participantes vão oferecer produtos e serviços com descontos proporcionais à carga tributária, proporcionando uma experiência que une conscientização e cidadania.
Trata-se de um movimento cívico que busca despertar uma consciência crítica no consumidor e fomentar o debate sobre a aplicação dos recursos públicos. A ação visa jogar luz sobre a discrepância entre o que o brasileiro paga em impostos e o que recebe em contrapartida. Mais do que contribuir, o cidadão precisa exercer seu papel fiscalizador, cobrando dos gestores públicos mais ética, eficiência e transparência.
A carga tributária brasileira gira em torno de 33% do Produto Interno Bruto (PIB), superando a dos Estados Unidos (25%) e sendo mais que o dobro da registrada no México (16%). No entanto, ao contrário desses países, o Brasil entrega serviços públicos de qualidade inferior. A questão não está na arrecadação em si, mas na forma como os recursos são administrados. Por isso, a urgência de uma reforma tributária que simplifique o sistema, corrija distorções e amplie o retorno social dos impostos pagos pela população.
Como parte da mobilização, o DLI também traz iniciativas criativas que ajudam a engajar o público. Um dos destaques é o Impostossauro, personagem lúdico que circula pelas ruas das cidades simbolizando o peso da carga tributária. A figura chama atenção para a realidade enfrentada pelos contribuintes, incentivando a reflexão de forma acessível e impactante. Afinal, compreender o impacto dos tributos é o primeiro passo para exigir mudanças concretas.
A ação não se posiciona contra a existência de impostos, mas sim contra um sistema que cobra muito e devolve pouco. O que se defende é um modelo justo, em que a arrecadação seja acompanhada de investimentos eficazes em áreas prioritárias para a população. Um País com tamanho potencial de arrecadação tem, por obrigação, o dever de garantir serviços públicos dignos e acessíveis a todos.
Assim, no dia 29 de maio, é hora de somar forças por um Brasil mais transparente, responsável e comprometido com quem realmente paga a conta: o contribuinte.
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