Guerra comercial de Trump e os impactos para o Espírito Santo
As exportações do Estado para a China já têm crescido, como de minério, celulose, óleo bruto de petróleo e granito, e podem até crescer mais
Se tanto a queda do Muro de Berlim quanto os ataques às torres gêmeas inauguraram novas épocas mundiais e fizeram os tabuleiros geopolíticos se modificarem, no dia 4 de março de 2025, o discurso do novo mandatário norte-americano, que, basicamente, foi centrado em três pontos, vai inaugurar uma nova realidade geopolítica nas relações internacionais.
O novo comando da América anunciou três grandes pontos de atuação do seu governo que vão marcar as novas relações internacionais, a saber: comércio desleal, governo Inchado e guerra cultural.
Quanto ao terceiro ponto, não faremos abordagem neste artigo, pois se trata de um tema que não é eminentemente econômico. Em relação ao governo inchado é um tema que, provavelmente, num futuro próximo deverá ser enfrentado pelos brasileiros, uma vez que o Brasil também padece desse inchaço da máquina pública, mas, por não guardar relação direta, tão somente incidental, com o tema comércio desleal, não será abordado.
Já a guerra comercial ou, no dito deles, comércio desleal, poderá ou não trazer oportunidades para o Espírito Santo. O grande embate que vai existir será entre os dois maiores PIB’s do planeta. Portanto, em tese, essa “briga de cachorro grande” pode abrir oportunidades de exportação de vários produtos para esses países.
Haverá algumas oportunidades para o agronegócio e também para o setor industrial. As exportações do Estado para a China já têm crescido, como de minério, celulose, óleo bruto de petróleo e granito, e podem até crescer mais. Portanto, a medida norte-americana pode possibilitar uma oportunidade para o Espírito Santo vender ainda mais para o mercado chinês. Em compensação, uma guerra comercial dessa magnitude pode prejudicar, pois, substituir clientes internacionais não é algo automático como se imagina, mesmo se pensarmos pelo conceito econômico de vantagens comparativas.
A economia chinesa tem sido grande propulsora da economia brasileira desde o famoso boom das comodities. Portanto, se essa guerra comercial continuar poderá ser uma ótima chance para o estado capixaba vender mais. Contudo, há a possibilidade das medidas americanas levarem o mercado mundial, especificamente o chinês, a uma severa retração, desse modo, todos sairão perdendo, e a economia do Estado não ficará imune a essa tragédia.
Então, o Estado tem feito a lição de casa, mas há um fato que não podemos desprezar, que são os eventos econômicos exógenos, sobre os quais a nossa unidade federativa não terá controle.
Vaner Corrêa é economista e conselheiro do Conselho Regional de Economia do Espírito Santo (Corecon-ES)
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