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Olhares Cotidianos, por Sátina Pimenta

Olhares Cotidianos, por Sátina Pimenta

Colunista

Psicóloga clínica, advogada e professora universitária

Maternidade não é brincadeira

Confira a coluna desta quinta-feira (8)

Sátina Pimenta, colunista A Tribuna | 08/05/2025, 12:52 h | Atualizado em 08/05/2025, 12:52

Imagem ilustrativa da imagem Maternidade não é brincadeira
Sátina Pimenta é psicóloga clínica, advogada e professora universitária. |  Foto: Divulgação

No próximo domingo, celebramos o Dia das Mães. Uma data que, para muitas mulheres, é sinônimo de afeto, reconhecimento e celebração. Mas também é, ou deveria ser, uma oportunidade de reflexão.

Afinal, o que é ser mãe em uma sociedade que ainda impõe à maternidade um ideal inalcançável e, muitas vezes, solitário? Muitas de nós fomos criadas para isso.

Desde pequenas, aprendemos — com brinquedos, discursos e exemplos — que cuidar seria o nosso destino. Brincávamos de ser mães antes mesmo de sabermos o que isso significava de verdade. Mas ninguém nos contava o quanto a maternidade é exigente.

Ser mãe é especial, sem dúvida. É transformação, entrega, vínculo. Mas também é sobre dor, sobre responsabilidade, sobre invisibilidade. A maternidade real não se parece com a que é retratada nas propagandas de maio. Ela cansa, ela cobra, ela exige. E, muitas vezes, ela apaga.

A sociedade ainda nos convida a colocar a identidade de “mãe” acima de todas as outras, como se ser mãe fosse suficiente para preencher todos os espaços de uma mulher. E não é! Tenho visto, nos atendimentos e nas conversas cotidianas, mulheres que desejam ser mães e, ao mesmo tempo, temem o peso que essa escolha carrega. Outras, conscientes desse peso, optam por não ter filhos — decisão que ainda é julgada, embora cada vez mais compreendida.

E os dados refletem essa mudança de percepção. Segundo estudo publicado pela revista The Lancet, a taxa de fertilidade global caiu de cerca de 5 filhos por mulher em 1950 para 2,2 em 2021. A estimativa é de que esse número chegue a 1,8 em 2050 e 1,6 em 2100.

No Brasil, a taxa era de 5,93 filhos por mulher em 1950 e caiu para 1,93 em 2021, com expectativa de 1,31 em 2100. Esses números não indicam apenas uma escolha individual, mas um movimento social mais amplo, em resposta às condições concretas em que a maternidade se insere hoje.

Em países como Coreia do Sul, Japão e Itália, a baixa natalidade já provoca impactos econômicos e sociais severos. Com o envelhecimento da população e a escassez de mão de obra, discute-se hoje como manter as estruturas sociais e produtivas funcionando.

Essas estatísticas nos convidam a uma reflexão mais profunda: o problema está na ausência de filhos ou nas condições que tornam a maternidade um fardo?

Enquanto a maternidade seguir sendo individualizada e romantizada, continuaremos afastando mulheres desse desejo — e, em muitos casos, da possibilidade de vivê-lo de forma saudável.

É urgente uma mudança de cultura. Precisamos de políticas públicas, redes de apoio reais, divisão de responsabilidades e, sobretudo, reconhecimento. A maternidade deve ser valorizada não pelo sacrifício que representa, mas pela potência que carrega — inclusive quando vivida de forma imperfeita, com dúvidas, falhas e reinvenções diárias.

Neste Dia das Mães, mais do que flores, o que muitas de nós queremos — e precisamos — é espaço para existir como somos. Com afeto, voz, identidade. Ser mãe é uma parte de quem somos, mas não pode ser o todo.

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