Os desafios da proibição do uso de celulares nas escolas
Confira a coluna deste domingo (19)
Em um mundo cada vez mais digital, a presença constante de celulares no cotidiano de crianças e adolescentes tornou-se um tema de debate em diversos âmbitos, incluindo a educação.
Nesse cenário, a recente aprovação da Lei 15.100, que proíbe o uso de celulares nas escolas de todo o Brasil, promete transformar a dinâmica nas instituições de ensino, com um foco específico na proteção da saúde mental dos estudantes e na melhoria do processo de ensino-aprendizagem.
O principal objetivo da lei é garantir que os aparelhos pessoais não interfiram no ambiente escolar. A proibição se estende aos alunos da Educação Básica — infantil, fundamental e médio — tanto nas escolas públicas quanto nas privadas.
A medida não permite o uso dos celulares durante o período de aulas, intervalos ou recreios, em todas as áreas da escola onde sejam desenvolvidas atividades pedagógicas. Entretanto, a nova Lei não é rígida e estabelece algumas exceções importantes.
Os celulares poderão ser usados para atividades pedagógicas, desde que orientados pelo professor, em situações de risco ou emergência, e para garantir a acessibilidade de estudantes com deficiência.
Esses casos excepcionais evidenciam que, apesar da restrição, a tecnologia ainda tem seu papel nas escolas, mas de forma controlada e direcionada ao aprendizado.
A implementação da lei, no entanto, não será uma tarefa fácil. Para além da simples regulamentação, as escolas terão que enfrentar o comportamento de estudantes que estão cada vez mais imersos no mundo digital.
A dependência excessiva de telas é reflexo de um contexto social em que a tecnologia ocupa um espaço central nas relações interpessoais e nos hábitos diários. Esse cenário exige um esforço conjunto entre escolas e famílias, para educar os jovens sobre o uso responsável dos dispositivos, alinhando expectativas e compreensão sobre os benefícios e limitações dos celulares.
A tecnologia, quando usada de maneira controlada e equilibrada, pode ser uma aliada poderosa no processo educativo. Contudo, é preciso que seu uso seja direcionado e pensado de acordo com as necessidades pedagógicas, de forma a proporcionar benefícios reais aos estudantes.
O desafio está em encontrar o ponto de equilíbrio: estimular o aprendizado digital sem permitir que ele se sobreponha ao aprendizado presencial e ao desenvolvimento de habilidades interpessoais, essenciais para a formação de cidadãos críticos e bem preparados para o futuro.
Portanto, a Lei 15.100 deve ser vista como uma oportunidade de reconfigurar a forma como a tecnologia é incorporada no cotidiano escolar.
A sociedade, as escolas e as famílias têm a chance de trabalhar juntas para reeducar os jovens no uso consciente dos aparelhos, de modo que, ao final, todos saiam ganhando: a escola, a família e, sobretudo, o aluno.
O desafio está lançado, e, se enfrentado com responsabilidade, poderá trazer resultados significativos para a educação brasileira.