O aprendizado dos pais com a tragédia da pequena Sarah
Confira a coluna de domingo (20)
A transformação digital chegou como um furacão, e atingiu em cheio a infância e a adolescência. O acesso à internet cada vez mais precoce é, muitas vezes, patrocinado pelos próprios pais, que oferecem celulares e tablets como parte da rotina familiar.
No entanto, o que parece ser um gesto de modernidade e inclusão pode esconder riscos e armadilhas capazes de transformar a experiência digital de crianças e adolescentes em verdadeiras tragédias anunciadas.
Entre os muitos perigos que rondam o universo on-line — como conversas com estranhos, conteúdos impróprios, superexposição nas redes sociais e o vício em jogos — os chamados “desafios perigosos” têm se destacado como uma das ameaças mais nocivas para os pequenos internautas.
São práticas que circulam, livremente, em vídeos, grupos ou conversas privadas, e que estimulam crianças e adolescentes a realizarem tarefas absurdas e, muitas vezes, fatais.
Vale lembrar que o espírito de desafio faz parte da própria natureza da infância. Muito antes da internet, crianças já se provocavam umas às outras, em brincadeiras arriscadas.
Contudo, com a massificação da internet e o avanço dos smartphones, esses desafios deixaram os muros das escolas e os quintais de casa e passaram a se espalhar pelo mundo, ganhando força nas redes sociais, nos aplicativos de mensagens, nos jogos on-line e em praticamente todo ambiente digital com interação.
Por isso, o maior aliado na prevenção desses riscos não é a tecnologia, mas sim o diálogo. Pais e responsáveis precisam estar presentes, atentos e dispostos a conversar com seus filhos sobre o que ocorre no universo virtual.
É fundamental ensinar às crianças que elas têm o direito — e o dever — de dizer “não” quando se depararem com propostas perigosas, mesmo que venham disfarçadas de brincadeiras.
Mais do que proibir, é necessário preparar. Os filhos precisam entender que, por trás de um simples vídeo ou mensagem pode existir uma intenção perversa, voltada justamente a manipular, desafiar e induzir comportamentos de risco.
E se o diálogo é o primeiro passo, o uso de ferramentas de controle parental é o complemento necessário, principalmente, quando se trata de crianças.
Aplicativos que monitoram o uso da internet e dos aplicativos ajudam os pais a conhecer melhor o que seus filhos veem, jogam e com quem interagem.
A ausência desses cuidados pode abrir espaço para tragédias. Foi o que aconteceu com Sarah Raíssa, uma menina do Distrito Federal que morreu após aceitar um desafio que circulava na internet: inalar desodorante.
O caso comoveu o País e revelou o quão urgente é tratarmos desse tema com a seriedade que ele exige. Os desafios perigosos na internet são reais, constantes e, muitas vezes, letais.
Proteger nossas crianças e adolescentes é um dever de todos — da família, da escola, do poder público e da sociedade. A melhor arma contra essas ameaças não está na tecnologia, mas no afeto, na presença e na educação.
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