Você sabe o que faz um cerimonialista?

Recentemente, o jornalista Cassiano Arruda, colunista da Tribuna do Norte, despertou uma polêmica feroz ao afirmar que “cerimonialistas organizam festas”. 

Pisou nos calos de todos os profissionais da área, sem exceção, que, rapidamente, organizaram-se em múltiplas e variadas notas de repúdio puxando a orelha do colunista.

Sem nenhum demérito para quem organiza festas, ouso afirmar que esse profissional na verdade é o promotor de eventos, que trabalha muitas vezes alinhado com o cerimonialista mas que, nem de longe possui os mesmos requisitos desse último.

Deixando claro, cerimonial e os cerimonialistas existem desde o Egito antigo. O documento de Ptahoptep com mais de 5 mil anos é a prova disso. 

Os povos antigos tinham um chefe de cerimonial que comandava todas as visitas que seus reis ou ministros faziam para fora do reino, assim como eram encarregados de organizar as visitas diplomáticas de outros visitantes ilustres. 

Era uma questão de estratégia e sobrevivência e tinha tudo a ver com segurança do estado. Portanto, nem de longe fútil. 

Para se ter uma ideia da estatura dos cerimonialistas ao longo da história, um dos mais ilustres foi ninguém menos do que o genial Leonardo da Vinci. Era ele o organizador de todos os eventos no Palazzo Sforza, em Milão, onde o poderoso Duque de Sforza recebia reis e ministros de toda a Europa em encontros.

Ok, você não precisa pintar nem ser um inventor genial de máquinas voadoras como Da Vinci mas, pode acreditar, os requisitos de um bom cerimonialista são muitos e vários!

Credibilidade e trânsito - Não basta gostar de festa. É preciso inspirar confiança, tanto nos contratantes quanto nas equipes contratadas e fornecedores. O que só se constrói com anos de serviços prestados de forma impecável: discretamente, sem deslizes.

Jogo de cintura - Embora uma das chaves da profissão seja o planejamento e capacidade de prever problemas, por outro lado cerimonialistas precisam ser mestres no improviso. Plano B é pouco. É preciso sempre ter um plano C e D, para garantir…

Tato e sensibilidade - É essencial saber interpretar desejos e “sentir” o cliente. Há eventos e cerimônias particulares, festivas, funerárias, cívicas, militares, do mercado agro, acadêmicas, esportivas, religiosas… E, para todas, é preciso um conhecimento técnico específico.

São anos de estudo dos vários setores do protocolo, sem falar no conhecimento de cerimonial público, o nosso e o internacional. Tá achando muito? Tem mais: hoje, o bom cerimonialista tem que saber filtrar tendências e ajustar tudo com o pé no chão a valores e custos compatíveis com a nossa realidade.

É preciso saber enxugar orçamento com elegância e criatividade, além de se atualizar com novas  tecnologias específicas para eventos que surgiram e se desenvolveram com a pandemia.

Voltando à pergunta do que faz um cerimonialista: muito mais do que se imagina e sempre menos do que acham que poderia ter feito. E vamos em frente!