Número de médicos é recorde no ES
Mas, apesar do aumento de profissionais nos últimos anos, o SUS ainda enfrenta dificuldade para contratar especialistas
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Com quase mil médicos se formando todos os anos, o Estado bateu recorde em 2022 de profissionais no mercado. O número de registros chegou a 13.171, segundo dados da plataforma Demografia Médica, lançada esta semana pelo Conselho Federal de Medicina (CFM).
O número representa 3,21 registros de médicos para cada grupo de mil habitantes. A taxa supera a média nacional, que é de 2,91 registros para cada mil pessoas.
Mas, apesar do aumento expressivo de médicos nos últimos anos, no SUS ainda há dificuldade para contratar médicos de algumas especialidades.
Na manhã desta quarta (08), o Hospital Infantil e Maternidade Alzir Bernardino Alves (Hospital Infantil de Vila Velha) ficou lotado de pais que tentavam agendar consultas com neurologistas e psiquiatras para os filhos. Alguns chegaram a dormir no local.
O secretário de Estado da Saúde, Miguel Paulo Duarte Neto, explicou que, apesar do número de profissionais, existem algumas especialidades em que há uma dificuldade maior para contratação.
“Neuropediatra e cirurgião de cabeça e pescoço, por exemplo. Não temos um grande número de residências médicas na área no País. No caso do cirurgião, eles acabam se direcionando para cirurgias oncológicas”.
Outros profissionais com dificuldades na hora da contratação são os da psiquiatria e de cirurgia plástica reparadora. “Nesse caso, há especialistas no mercado, mas o valor pago pelo SUS não é atrativo para eles. Isso também acontece na saúde suplementar”.
O secretário frisou que está trabalhando para ampliar o acesso aos serviços, com contratação, por exemplo, por meio de hospitais filantrópicos. No caso do Himaba, haverá uma ampliação no número de vagas.
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A secretária de Saúde de Vitória, Joanna De Jaegher, ressaltou que as especialidades com maior dificuldade de contratação são psiquiatria, neurologia, ortopedia e ginecologista para gestantes de alto risco. “Oferecemos essas especialidades, seja por meio de profissionais que atuam na nossa rede ou por meio de parcerias com instituições de ensino e com prestadores de serviço”.
A Secretaria de Saúde da Serra informou que as especialidades com mais dificuldade para contratação são para neurologia, neurologia pediátrica, psiquiatria e psiquiatria infantil.
Início da formação para futuros médicos
Quem escolheu a Medicina para o futuro profissional foram as estudantes Isabella Orecchio, 18, e Gabriele Leite Lira.
Elas e outros colegas estão no primeiro período do curso da UVV, iniciado há alguns dias. Além dos planos para o futuro, elas ainda pensam no mercado de trabalho.
“Desde a infância já tinha planos de fazer Medicina, pensando na pediatria. Hoje também me interesso pela Medicina do Esporte”.
Para ela, o principal desafio para os próximos anos serão os avanços tecnológicos da área. “Penso que a tecnologia deve assumir mais espaço”.
Já Gabriele deseja se dedicar à oftalmologia. “Acredito que o mercado tem se afunilado para todos, mas quem se dedica tem espaço”.
“Faltam salários dignos no SUS”
Apesar das dificuldades de contratação de profissionais de algumas especialidades, médicos afirmam que o número de profissionais, hoje, é suficiente para suprir a demanda. Eles também comentaram sobre o aumento expressivo de profissionais no mercado de trabalho.
O presidente do Conselho Regional de Medicina (CRM-ES), Fabrício Gaburro, enfatizou que não faltam ao Espírito Santo médicos, como não faltam ao Brasil.
“Temos médicos generalistas e médicos especialistas que supririam as necessidades do Estado – a densidade é de 3,44 médicos por mil habitantes, o que é um índice comum a países desenvolvidos”, revelou.
Mas ele destacou que não se pode esperar que o médico assuma a responsabilidade de atuar sem ter mais estrutura e segurança e sem ter uma remuneração que se aproxima da responsabilidade da sua função.
O presidente da Associação Médica do Estado (Ames), Leonardo Lessa, afirmou que o Espírito Santo tem hoje o maior número de profissionais da história.
“Sobram médicos hoje. Vitória é a capital do país com maior número de médicos por habitantes do País (14,4 médicos para cada mil pessoas)”.
Para ele, há hoje por parte do poder público uma “indisposição” em pagar salários dignos e oferecer qualidade para o atendimento médico. “Isso desestimula o profissional”.
SAIBA MAIS
Nova plataforma
O Conselho Federal de Medicina (CFM) lançou esta semana uma nova ferramenta de acesso à informação sobre médicos no País.
Chamada de Demografia Médica, a plataforma está disponível para a população consultar dados como a quantidade de médicos no Brasil, movimento de entrada e saída do mercado, evolução populacional (índices de crescimento da população em geral e da população de médicos), distribuição geográfica, entre outros.
Perfil de médicos
No País
545.481 médicos tem o País.
Isso representa 2,91 médicos para cada 1.000 habitantes.
Média de idade: 44,91 anos
Tempo médio de formação: 19,21 anos
Gênero
49,07% são mulheres
50,93% são homens
Graduação
No País: 538.352
No exterior: 21.242
Instituições de formação
Pública: 265.828
Privada: 272.524
Especialidades
Sem: 297.842
Com: 298.306
No Estado
13.171 registros de médicos estão ativos
3,21 médicos para cada mil habitantes
Tempo médio de formação: 19,57 anos
Média de idade: 45,27 anos
Gênero
51% são mulheres
49% são homens
Especialidades
Com: 62,5%
Sem: 37,5
Formação
O Estado tem o curso de Medicina em seis faculdades.
878 vagas são ofertadas anualmente.
Fonte: CFM e CRM-ES.
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