Moda sem preconceito no Estado
Jovens com síndrome de Down participaram de projeto em que customizaram peças de roupas, fizeram ensaio e agora vão desfilar
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Inclusão e aprendizado estão presentes no Moda Múltipla, projeto de extensão da Faesa Centro Universitário que tem o objetivo de trabalhar o universo da moda com usuários da Vitória Down, instituição voltada para pessoas com síndrome de Down.

O Moda Múltipla teve início no final de abril e, ao longo dos últimos meses, estudantes da Faesa e usuários da instituição interagiram e tiveram aulas sobre o mundo da moda, customização de peças de roupas e realizaram um ensaio fotográfico com as peças.
Como finalização do projeto, haverá, a partir de amanhã, no Boulevard Shopping Vila Velha, uma exposição com as fotos registradas no ensaio fotográfico e um desfile, no sábado, com as roupas customizadas por eles.
Professora do curso de Design de Moda da Faesa, Júlia Almeida comentou que o momento de troca com os usuários da Vitória Down é muito relevante para os universitários.
“O projeto tem muitas positividades, como reconhecer as diferenças e as pluralidades dos indivíduos. No mercado de trabalho, pensando no viés do design de moda e gráfico, temos que conhecer o nosso público para a gente atender às particularidades e demandas”, disse.
“Na moda temos várias demandas para pensar em uma ergonomia e uma representatividade melhores nas passarelas e nos ensaios fotográficos. Raramente a gente vê pessoas com deficiência protagonizando esses espaços”, completou.
Segundo a terapeuta ocupacional da Vitória Down Camila Mendes, o projeto também é positivo para os usuários porque eles podem desenvolver habilidades, explorar a criatividade e também visitar locais além da instituição.
“É importante a gente estar fora dos muros da nossa instituição, mostrando a pessoa com deficiência e dando espaço para ela acessar locais que não acessaria. Um diferencial do projeto é ele ter sido realizado em um espaço acadêmico”.
“O projeto é importante tanto para o estudante da Faesa pensar a respeito da inclusão das pessoas com deficiência quanto para o nosso jovem ter o gostinho de sonhar, se de repente não para a faculdade, para outro tipo de formação no espaço acadêmico”, complementou.
O Moda Múltipla engloba os cursos de Design de Moda, Design Gráfico, Direito e Psicologia e conta com a participação de 15 universitários e 12 usuários.
Exposição fotográfica e desfile em shopping
O projeto de extensão Moda Múltipla terá uma finalização glamourosa: haverá exposição fotográfica e desfile dos usuários.
A exposição começa amanhã e vai até sábado. Já o desfile será realizado no sábado, às 17h. Ambos acontecerão no Boulevard Shopping Vila Velha, em Itaparica.
De acordo com a professora Júlia Almeida, as expectativas são grandes para o momento.
“Os usuários estão entusiasmados porque nem eles esperavam que iam criar essas roupas coloridas. Quando começamos, tínhamos a ideia de fazer um trabalho com respingo de tinta, mas na hora eles mudaram o projeto todinho por conta própria. Eles criaram verdadeiras obras de artes”, explicou a professora.
O usuário da Vitória Down Lucas Miranda da Silva contou que está muito animado para o desfile. “Ensaiei muito para esse momento”, ressaltou.
Desfile, dancinhas, arte e interação
Sonho realizado
Anna Luisa Manning afirmou que ama fazer parte do projeto Moda Múltipla porque gosta demais do universo da moda.

A farmacêutica contou que seu sonho era ser modelo e que agora ele está se realizando. Sobre o desfile no sábado, Anna disse estar muito animada.
“Gosto muito da rede social TikTok, então no desfile entrarei fazendo as dancinhas de lá”, disse a jovem de 21 anos.
“Uma mágica que aconteceu”

A gastrônoma Maria Clara Ribeiro só teve elogios para o Moda Múltipla.
De acordo com a jovem, de 26 anos, “o projeto é maravilhoso, uma mágica que aconteceu em minha vida”.
Ela contou que uma das atividades preferidas da ação foi customizar peças de roupa.
“Aprendi muito”
O estudante de Design Gráfico Glasgow Douglas disse que aprendeu bastante com o Moda Múltipla. Tanto pelas atividades interessantes que foram realizadas, quanto pela interação com os usuários da Vitória Down.
Foi um contato positivo na questão acadêmica e também no lado pessoal. “Eu nunca tinha tido contato com pessoas com síndrome de Down, então eu aprendi muito com elas”, falou o jovem de 28 anos.
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