Governo brasileiro estuda utilizar aviões pulverizadores contra nuvem de gafanhotos
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Uma nuvem de gafanhotos que já atingiu lavouras no Paraguai e se concentra atualmente na Argentina pode chegar ao território brasileiro, ameaçando plantações e pastagens do Sul do país. O gafanhoto conhecido como sul-americano tem como hábito a formação de massas migratórias e pode viajar até 150 km por dia.
Segundo monitoramento realizado pela Argentina, os animais estão a 130 km da divisa com o Brasil. O governo brasileiro, por sua vez, já está planejando utilizar 426 aviões pulverizadores para espantar a nuvem de gafanhotos.
A proximidade alertou autoridades brasileiras pelo Senasa (Serviço Nacional de Sanidade e Qualidade Agroalimentar da Argentina).
Um mapa divulgado pelo serviço argentino mostra áreas em que a nuvem pode chegar. A fronteira oeste do Rio Grande do Sul é demarcada como zona de perigo; parte da divisa entre o estado gaúcho e Santa Catarina e áreas do Paraguai que fazem divisa com Paraná são consideradas regiões de precaução.
O grupo destaca, porém, que a direção dos ventos e as condições climáticas favorecem o Brasil e levam a crer que a nuvem está se deslocando para o sul da Argentina e para o Uruguai.
Técnicos do governo argentino detectaram que os insetos, de até 15 cm de envergadura, entraram no país pelo Paraguai, nas províncias de Formosa e Chaco, onde há produção de mandioca, milho e cana-de-açúcar.
Em uma das áreas, a nuvem de gafanhotos chegou a 10 km de extensão. Um quilômetro quadrado da nuvem comporta ao menos 40 milhões de bichos. Eles podem comer pastagens em apenas um dia: o equivalente ao alimento de 2.000 vacas.
Pesquisador da Embrapa em Pelotas (RS), Dori Edson Nava explicou que a frente fria pode ser uma aliada. "Com a direção dos ventos e uma frente fria que está vindo para o estado, levando as temperaturas para abaixo de zero, é provável que os gafanhotos dispersem", avalia.
A mesma condição climática favorável é descrita pelo meteorologista da Secretaria de Agricultura do Rio Grande do Sul, Flávio Varone. "A tendência de queda nas temperaturas e a previsão de chuva para o Estado nesta quinta-feira (25) tendem a amenizar o risco de dispersão da praga".
De qualquer maneira, o Ministério da Agricultura e outras instituições brasileiras estão orientando produtores a relatarem eventuais registros dos insetos às autoridades.
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