Aumenta a adoção de animais na quarentena
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“Não é fácil ficar longe do convívio social. Queria ter alguém para depositar afeto e carinho”. Por se sentir mais sozinho na quarentena, Rodolfo Peres Marcelino Guimarães, de 21 anos, adotou a vira-lata Maggie, de 1 ano e 2 meses, que trouxe companhia e alegria ao universitário e à mãe e o irmão dele, Marilene, 54 anos, e Adriano, 26.
Justamente em razão da solidão causada pelo isolamento social, ONG’s e protetores de animais afirmam que as adoções de cães e gatos aumentaram em até 50% na pandemia do novo coronavírus.
No Estado, a Vira Lata Vira Luxo, da Serra, e a Associação Martinense e Florianense dos Animais de Rua (AMAR), de Domingos Martins, por exemplo, registraram recorde de adoções na semana passada.
“Aumentou demais a procura. As pessoas estão se sentindo mais sozinhas e com tempo em casa para cuidar do animal. A gente bateu recorde com sete adoções em uma semana. Normalmente, adotamos cinco por mês”, afirma a coordenadora de adoções do Vira Lata Vira Luxo, Teresa Lopes.
Na AMAR, foi ainda maior, com 27 animais, entre cães e gatos, adotados na última semana, um recorde nos seis anos de funcionamento do abrigo. Patinhas Carentes, de Vitória, também registrou esse aumento em março, com três cães e dois gatos doados.

Por causa da procura, no próximo dia 9, a Vira Lata Vira Luxo vai realizar pela primeira vez uma feira de adoção online, a “Feira de Adoção AU-line”, por videoconferência, com 10 cães de até três anos para adoção. Os interessados precisam se inscrever enviando o número de contato para (27) 99726-5505.
Foi na rede social dessa ONG que Rodolfo viu a sua futura companheira Maggie, que ainda se chamava Titi e ganhou o novo lar no último dia 19. Também por essa ONG que a assistente administrativa Marianne Vieira Costa, 33, adotou no último sábado a dálmata Jade, que é surda e tem cinco anos.
É a terceira cachorra da família, também composta pelo marido Edivan, mecânico industrial de 30 anos, e pelo filho Breno, de 12 anos, que já tinha as vira-latas Pitty, de um 1 e 5 meses, e Lolah, de 1 ano. “Queríamos trazer mais uma alegria para a nossa casa”, conta Marianne.
Abandono vira preocupação
Com o aumento de cerca de 50% de adoções de cães e gatos na pandemia, também aumenta a preocupação de abrigos e protetores de animais sobre o abandono dos pets.
Segundo as ONGs, muitas pessoas têm adotado animais para terem companhia no isolamento social e também por estarem mais em casa e conseguirem cuidar dos bichos. Mas e depois que a vida voltar ao normal?
“A gente endureceu ainda mais os critérios para adoção e tenta conscientizar a pessoa que essa pandemia vai passar e que ela tem de ter tempo para cuidar do animal, que não pode abandoná-lo”, explica Mirian Andrade, voluntária do Patinhas Carentes, ONG de Vitória.
“Adotar um animal não pode ser uma decisão precoce”, reforça Lorraine Lampier, presidente da AMAR, de Domingos Martins.
A psicóloga clínica Monique Nogueira também pede uma adoção consciente e comentou sobre os benefícios para ambos.
“A adoção de animais é uma estratégia eficaz para lidar com a solidão do isolamento físico. Os benefícios são muitos, entre eles a troca de afeto, o companheirismo e a distração do tempo. Além da solidão, o medo, a insegurança, a ansiedade em excesso estão fazendo parte do dia a dia do ser humano”.
Conheça os cães que estarão para adoção na Feira de Adoção AU-line












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