X

Olá! Você atingiu o número máximo de leituras de nossas matérias especiais.

Para ganhar 90 dias de acesso gratuito para ler nosso conteúdo premium, basta preencher os campos abaixo.

Já possui conta?

Login

Esqueci minha senha

Não tem conta? Acesse e saiba como!

Atualize seus dados

ASSINE
Pernambuco
arrow-icon
  • gps-icon Pernambuco
  • gps-icon Espírito Santo
Pernambuco
arrow-icon
  • gps-icon Pernambuco
  • gps-icon Espírito Santo
ASSINE
Espírito Santo
arrow-icon
  • gps-icon Pernambuco
  • gps-icon Espírito Santo
Assine A Tribuna
Espírito Santo
arrow-icon
  • gps-icon Pernambuco
  • gps-icon Espírito Santo

Internacional

Quem é o arcebispo brasileiro com mais chances de ser o próximo papa

Especialistas veem dom Sérgio como progressista moderado, com bom trânsito entre as alas conservadoras e progressistas da Igreja


Ouvir

Escute essa reportagem

Imagem ilustrativa da imagem Quem é o arcebispo brasileiro com mais chances de ser o próximo papa
Arcebispo de Salvador, dom Sérgio da Rocha |  Foto: Jane Araújo/ Agência Senado

Quando visitam o arcebispo de Salvador, dom Sérgio da Rocha, de 65 anos, os padres sempre admiram nele um hábito incomum entre líderes religiosos: é o anfitrião quem serve o cafezinho, apesar da presença de empregados na casa, em um condomínio no centro da capital baiana. “É uma pessoa muito simples”, diz Edson Menezes, reitor da Basílica do Senhor do Bonfim. “Eu o definiria como discípulo do Papa Francisco.”

O religioso paulista, a quem Menezes visita com certa frequência, tem sido cotado como possível sucessor de Francisco, que morreu aos 88 anos, na segunda-feira, 21, vítima de AVC e insuficiência cardíaca. Nas próximas semanas, cardeais do mundo inteiro participarão do conclave, a votação sigilosa no Vaticano, para eleger o novo papa. Sete cardeais brasileiros participam da votação — dentre eles, dom Sérgio aparece com a maior chance de ser o novo pontífice.

Especialistas ouvidos pelo Estadão, veem Rocha como progressista moderado, com bom trânsito entre as alas conservadoras e progressistas da Igreja Católica. Eles, porém, veem como baixa a chance de que o sucessor de Francisco seja novamente um latino-americano.

“Quanto às especulações [sobre ser o novo papa], elas sempre existem”, disse o cardeal na Catedral-Basílica de Salvador, na tarde que seguiu a morte do papa. “Mas sabemos que o Espírito Santo sempre surpreende a Igreja. Nos últimos conclaves, tivemos surpresas”, afirmou ele, que desembarca no Vaticano nesta terça, 22.

Entre amigos do religioso e padres baianos, a possibilidade de dom Sérgio ser o novo papa também é tratada como surpresa. Rocha nasceu na zona rural de Dobrada, até então distrito de Matão (SP), fundado por imigrantes italianos, como a família materna dele (Veronezi). É um dos três filhos do casal, Aparecida e Rubens, ambos falecidos.

Hoje, Dobrada tem pouco mais de 8 mil habitantes. Foi lá que Sérgio deu os primeiros passos na vida religiosa, até receber, aos 24 anos, a ordenação na Igreja de Santa Cruz de Matão. Depois disso e da formação em Teologia, tornou-se mestre em Teologia pela Pontifícia Faculdade de Teologia Nossa Senhora da Assunção, em São Paulo, e doutor pela Academia Alfonsiana da Pontifícia Universidade Lateranense, em Roma.

Com repertório prático e acadêmico, iniciou, nos anos 2000, o périplo religioso pelo Brasil: em 2001, tornou-se bispo auxiliar de Fortaleza; sete anos depois, foi nomeado arcebispo da Arquidiocese de Teresina; e, de 2011 a 2020, assumiu o mesmo posto de Brasília.

Na capital federal, gostava de celebrar a missa de domingo em paróquias periféricas, e não na Catedral Metropolitana, na Esplanada dos Ministérios.

Imagem ilustrativa da imagem Quem é o arcebispo brasileiro com mais chances de ser o próximo papa
Dom Sérgio da Rocha no plenário do Congresso Nacional |  Foto: Agência Senado

Em Brasília, subiu degraus na escala clerical. Presidiu a Confederação Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), cargo que ocupou de 2015 a 2019, e recebeu a nomeação como cardeal pelo Papa Francisco em 2016.

Naquele ano, em entrevista ao Crux, jornal online com foco em notícias sobre a Igreja Católica, revelou algumas de suas ideias. “A Igreja quer acolher a todos, sem que ninguém fique excluído, mas, ao mesmo tempo, procura oferecer, à luz do Evangelho, os valores que vêm da palavra de Deus”, afirmou, sobre a diversidade sexual e de gênero. Já sobre o aborto, o tom foi mais enfático: “Precisamos valorizar a vida em qualquer situação e em qualquer condição que ela esteja.”

‘Jamais admitirá que é candidato’

“É uma pessoa que defende causas sociais, a missão de amar e servir, é muito alinhada aos princípios filosóficos da nossa instituição, que é o dulcíssimo, o jeito de pensar, ser e agir de Santa Dulce dos Pobres”, afirma Maria Rita Pontes, sobrinha da santa católica Irmã Dulce e superintendente das Obras Sociais Irmã Dulce, cujo presidente de honra é dom Sérgio.

A relação de Sérgio com as obras sociais deixadas por Irmã Dulce começou com a chegada dele a Salvador, em março de 2020. O paulista desembarcou na Bahia para ocupar o cargo de Arcebispo de Salvador e Primaz do Brasil, título honorífico atribuído ao arcebispo de São Salvador da Bahia, que é a diocese mais antiga do país.

Em 2021, o Papa Francisco também nomeou Dom Sérgio como membro da Congregação para os Bispos, uma das principais organizações da Cúria Romana, que cuida de processos como a criação de dioceses e a nomeação de bispos. “É um homem que não descansa, não tenho conhecimento de ele ter um dia de folga. Qualquer dia da semana, ele atende quem precisar. É incrível a disposição dele a Deus”, afirma padre Edson.

No dia 27 de março deste ano, Dom Sérgio recebeu o título de cidadão baiano na Assembleia Legislativa, onde encontrou autoridades, colegas e amigos em uma sessão especial. Em um dos discursos, a presidente da Casa, Ivana Bastos, comentou a possibilidade de Sérgio ser o novo líder da Igreja Católica.

“Jamais admitirá que é candidato. Mas com certeza, está entre os cardeais que, no futuro, poderão ocupar o Trono de São Pedro, levando para o Vaticano seu lema: Omnia in caritate (Tudo na Caridade).”

Naquele dia, Francisco já estava em casa após os dois meses em que passou internado para tratar de uma pneumonia. Dom Sérgio conversou com o Francisco no período de sua internação.

Especialistas veem europeus com mais chance

Professor da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP) Wagner Lopes Sanchez, especialista em Ciência da Religião, acredita que não teremos, agora, um papa da América Latina nem mesmo da África. “Minha avaliação é de que o próximo papa será europeu”, diz, sem citar nomes.

Para ele, a atuação do cardeal Dom Sérgio à frente da CNBB, de 2015 a 2019, foi muito moderada e contida. “Se for eleito, o que não creio pela razão que expus, será um papado mais focado na Igreja, mais voltado à realidade da Igreja, seguindo a doutrina tradicional, sem grandes avanços do ponto de vista doutrinal. E também com uma pastoral contida, que não aponta para mudanças, para renovação.”

Edin Sued Abumanssur, professor da PUC-SP e estudioso das religiões, não acredita que o futuro papa vá ser um brasileiro. Pelo fato do último pontífice ter sido um latino americano, o papa Francisco, ele acha que agora é a vez de um europeu. “O mais provável é que seja um italiano, talvez o Pierbattista Pizzaballa”, aponta.

Para o professor Francisco Borba Ribeiro Neto, coordenador do Núcleo Fé e Cultura da PUC-SP, o fato de ser a sucessão de um papa da vizinha Argentina reduz as chances de ser eleito brasileiros neste conclave. “Os cardeais deverão estar olhando com mais atenção para outros continentes, que não a América do Sul, que acaba de ser contemplada com o papa falecido.”

MATÉRIAS RELACIONADAS:

Comentários

Os comentários são de responsabilidade exclusiva de seus autores e não representam a opinião deste site. Leia os termos de uso

SUGERIMOS PARA VOCÊ: