Mãe é indiciada por suspeita de duplo homicídio de gêmeas no RS
Polícia suspeita que ela tenha envenenado as filhas, que morreram com uma semana de intervalo
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A Polícia Civil do Rio Grande do Sul concluiu o inquérito que apurava a morte das irmãs gêmeas Manuela e Antônia Pereira em Igrejinha (RS) e pediu o indiciamento da mãe delas, Gisele Beatriz Dias, por suspeita de duplo homicídio.
O inquérito foi encaminhado na terça-feira (10) ao MP-RS (Ministério Público do Rio Grande do Sul), que autorizou a conversão da prisão temporária de Gisele para preventiva (sem prazo). Em nota, a defesa disse ter sido surpreendida com a decisão e que não há provas materiais que justifiquem a prisão.
O caso ocorreu em outubro e chocou a cidade na região do vale do Paranhana, a 90 km de Porto Alegre. Manuela morreu no dia 7 e a Antônia no dia 15, ambas por parada cardiorrespiratória. No dia seguinte à morte de Antônia, a mãe das meninas foi presa temporariamente por suspeita de envolvimento com as mortes. Ela segue detida na penitenciária estadual de Guaíba, na região metropolitana de Porto Alegre.
A polícia suspeita que Gisele tenha envenenado as filhas, e aguarda a conclusão dos testes toxicológicos. A hipótese já havia sido levantada por médicos que prestaram atendimento às duas no hospital Bom Pastor, em Igrejinha.
Não foram constatados sinais de agressão física, mas as duas espumavam pela boca e apresentaram sangramentos. O IGP (Instituto Geral de Perícias) exumou o corpo de uma das irmãs no dia 12 de novembro para identificar possíveis traços de veneno no estômago.
Em nota, a defesa de Gisele disse que a polícia não apresentou provas de que houve de fato houve um assassinato por envenenamento, mas que mesmo assim o inquérito foi entregue e acolhido pelo Ministério Público. Por isso, o advogado chamou a prisão de ilegal.
"Para a defesa, a investigação comete excessos desde o início do inquérito: o espancamento da acusada nas dependências da instituição por agentes públicos, as conversas informais com o delegado sem a presença da defesa e agora o pedido de prisão temporária sem a prova material da acusação", diz a nota do advogado José Paulo Schneider.
"Por esses e outros motivos, a defesa considera o pedido ilegal, justamente pela ausência de prova da materialidade delitiva, requisito básico para a prisão preventiva", continua o texto.
A defesa também diz que solicitou por mais de 60 dias o acesso integral ao inquérito e recebeu negativas da polícia civil. Procurada, a corporação ainda não comentou a acusação de agressão e outras afirmações do advogado.
As duas meninas foram encontradas desacordadas pelo pai, Michel Persival Pereira, 43, que acionou o socorro. Manuela chegou a ser levada ao hospital, onde chegou sem vida. Oito dias depois, Antônia foi encontrada sem resposta em seu quarto, e teve o óbito constatado pelo Corpo de Bombeiros. Michel não é investigado pelas mortes.
Em outubro, o delegado Cléber Lima disse à Folha de S.Paulo que Gisele passou aproximadamente 40 dias internada semanas antes das mortes devido a problemas psiquiátricos por apresentar ideações suicidas e um quadro de delírio. Ela manifestava o desejo de querer reencontrar o filho assassinado em 2020 aos 20 anos, suspeito de envolvimento com o tráfico de drogas.
Segundo Cléber, ela não demonstrava afeto pelos outros filhos. Em depoimento, a filha mais velha de Gisele disse que a mãe tinha um histórico de conflitos com o pai das meninas, e teria envenenado as filhas como vingança.
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