Médicos contam como foi a travessia pela pandemia

| 20/09/2021, 00:00 00:00 h | Atualizado em 20/09/2021, 17:03

srcset="https://cdn2.tribunaonline.com.br/prod/2021-09/372x236/19espes22a1-p01-b14d339e70316b8e4751aa0a672ace4a/ScaleUpProportional-1.webp?fallback=%2Fprod%2F2021-09%2F19espes22a1-p01-b14d339e70316b8e4751aa0a672ace4a.jpeg%3Fxid%3D189415&xid=189415 600w,

A pandemia do novo coronavírus ainda não chegou ao fim, mas é possível dizer que o mundo já atravessou boa parte desse caminho que trouxe tantas incertezas.

Com a vacinação em massa da população brasileira acontecendo, uma tímida luz no final do túnel começa a brilhar.

A vida cria contornos de uma nova normalidade adaptada, e o novo coronavírus talvez tenha mudado para sempre a história do mundo como o conhecemos.

No meio de tantas dúvidas, o médico foi uma das figuras protagonistas dessa cruzada que ainda se estende.

Logo no início de tudo, se colocou no front diante de uma batalha que nem mesmo os cientistas mais qualificados sabiam como lidar.

Equipes trabalharam plantões exaustivos, se expuseram a um risco por vezes elevado de contaminação e se distanciaram dos entes queridos para travar uma batalha em prol da vida.

E esses profissionais não saíram ilesos disso: perderam colegas e amigos e sofreram desgastes físicos e psicológicos.

Segundo o Conselho Federal de Medicina (CFM), mais de 840 médicos morreram durante a pandemia no Brasil; no Espírito Santo, foram 35 mortes.

Uma pesquisa recente feita pelo CFM com mais de 1.600 médicos em todo o País mostrou que o cenário impactou a vida pessoal de 96% dos profissionais brasileiros.

Para o médico Leonardo Lessa, presidente da Associação Médica do Espírito Santo (Ames), a pandemia colocou em evidência o grau de formação do médico.

“Foi solicitada mais capacidade técnica dos profissionais, uma vez que os pacientes estavam mais graves e precisavam de intervenções complexas, como intubações, por exemplo. A qualidade da formação do médico passou a ter lugar de destaque”, afirmou.

A médica e diretora secretária da Ames, Letícia Mameri, acredita que, mesmo com os desafios, o futuro reserva oportunidades.

“Se absorvermos bem tudo o que passamos nesse período, podemos fazer um bom proveito do que aprendemos”, diz a profissional, que afirma ainda que o momento aponta para áreas que podem ser melhor desenvolvidas.

“É preciso investir em mais estudos, visualizar novas formas de trabalhar, como a telemedicina, que se bem empregada, pode ser muito benéfica para comunidades mais remotas, como o interior, por exemplo. As expectativas são positivas daqui para frente”, pontuou Letícia.

Profissionais da saúde pedem terceira dose da vacina

Com o avanço de variantes mais letais da covid-19, bem como pesquisas que indicam que as doses de reforço são necessárias para aumentar a eficácia dos imunizantes, a Associação Médica do Espírito Santo (Ames) é a favor de que os profissionais da saúde, imunizados no início de 2021 com a Coronavac, recebam a terceira dose da vacina.

A dose de reforço já está sendo aplicada na população mais idosa e mais vulnerável.

“Médicos e outros trabalhadores da saúde em geral estão na linha de frente dessa batalha desde o início. Esse sacrifício e exposição diária nos credenciam a tomar a terceira dose”, afirmou o médico Leonardo Lessa, presidente da Ames.

Diante disso, a associação vai protocolar na próxima semana um pedido formal junto ao Governo do Estado. “É o dever da Ames proteger e cuidar de quem cuida de todos”, finalizou Lessa.

O médico e diretor cultural da Ames, André Carnevali, destacou um ponto que quase não foi levado em conta durante o caos da pandemia: o lado humano do médico.

“Mesmo quando não estávamos trabalhando, a sensação durante a pandemia foi de que o descanso não aconteceu. Isso fez com que muitos colegas desenvolvessem problemas até de ordem emocional”, disse.

srcset="https://cdn2.tribunaonline.com.br/prod/2021-09/372x236/19espes22tab-lista2-p01-b9853cbeed6f3153bbc80937ec58a47e/ScaleUpProportional-1.webp?fallback=%2Fprod%2F2021-09%2F19espes22tab-lista2-p01-b9853cbeed6f3153bbc80937ec58a47e.jpeg%3Fxid%3D189416&xid=189416 600w,

Associação doou kits para hospitais

srcset="https://cdn2.tribunaonline.com.br/prod/2021-09/372x236/19espes22-p01-6bd908631ac513c9adb83f6a69666070/ScaleUpProportional-1.webp?fallback=%2Fprod%2F2021-09%2F19espes22-p01-6bd908631ac513c9adb83f6a69666070.jpeg%3Fxid%3D189417&xid=189417 600w,

Durante todo o período da pandemia, a Associação Médica do Espírito Santo (Ames) tem atuado para melhorar a dignidade do profissional, denunciar as más condições trabalhistas e garantir segurança para o combate a um vírus mortal.

Em 2020, a Ames realizou a entrega de equipamentos de proteção individual (EPIs) em hospitais públicos e privados da Grande Vitória.

Ao todo, duas mil máscaras protetoras faciais (face shield) e mil kits contendo luvas e máscaras N95 foram entregues em hospitais. A ação foi feita em conjunto com a Associação Médica Brasileira (AMB).

“Na batalha contra o coronavírus é preciso defender a vida de todos e profissionais da saúde merecem atenção redobrada por estarem expostos diariamente”, disse o presidente da Ames, Leonardo Lessa.

Denúncias

A Ames veio a público em junho de 2020 expor as péssimas condições de trabalho nos hospitais públicos do Estado que, na ocasião, dispunham de poucos materiais e insumos inadequados nas UTIs para o combate à pandemia.

Na época, o País e o Espírito Santo passavam pelo primeiro pico de casos de covid-19, o que sobrecarregou os hospitais e as equipes.


Entenda

Pandemia impacta vida pessoal

EPIs para hospitais

  • Ao todo, 2 mil face shield e mil kits contendo luvas e máscaras N95 foram doados pela Associação Médica do Espírito Santo (Ames) em hospitais públicos e privados.
  • Foram contemplados Hospital Estadual de Vila Velha, Hospital Dório Silva, Hospital da Polícia Militar, Hospital Santa Mônica, Hospital Meridional, entre outros.

Pesquisa

  • Segundo o Conselho Federal de Medicina (CFM), mais de 840 médicos morreram durante a pandemia no Brasil. No Estado, foram 35.
  • Pesquisa recente feita pelo CFM com mais de 1.600 médicos no País mostrou que o cenário impactou a vida pessoal de 96% dos profissionais.

Fonte: Ames.

SUGERIMOS PARA VOCÊ: