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Tribuna Livre

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Colunista

Leitores do Jornal A Tribuna

Paulo Mendes da Rocha, um capixaba gigante

| 25/05/2021, 09:22 h | Atualizado em 25/05/2021, 09:28

Paulo Mendes da Rocha nasceu em Vitória em 1928, onde viveu intensamente a infância e adolescência. O capixaba teve uma forte formação familiar ligada à natureza e à construção, influenciada pelo pai, engenheiro dos portos e vias navegáveis. Seus sonhos o levaram a sair do estado, e cursar Arquitetura na Faculdade Mackenzie, em São Paulo, local em que foi diplomado no ano de 1954.

Ele fincou raízes em São Paulo, como um dos expoentes da “Escola Paulista”, fazendo parte de um grupo de arquitetos liderados pelo profissional Vila Nova Artigas, que se tornou referência para toda uma geração de arquitetos brasileiros.

O concreto aparente como expressão, grandes vãos brutalistas eram rasgados nos pontos certos, criando um saboroso efeito de cheios e vazios, iluminados pelos corretos jogos de luz e sombra, uma arte petrificada.

Toda essa genialidade emocionou-me ao visitar o Museu Brasileiro da Escultura (Mube), em São Paulo, onde tive uma aula em cada passo que dava na impactante construção, com clara integração entre o espaço público e privado.

No local, havia recortes improváveis nas paredes de concreto armado, por onde entravam fechos de luz, que instigaram um novo olhar em minha forma de projetar a arquitetura.

Esse grande capixaba foi um destacado colecionador de prêmios, e na longa lista de honrarias citam o Mies van der Rohe de Arquitetura Latino-americana em 2000; o Prêmio Pritzker (“o Nobel da Arquitetura”) em 2006 EUA; o Leão de Ouro da Bienal de Veneza de 2016; o Imperiale Praemium (Prêmio Mundial de Cultura em Memória de Sua Alteza Imperial o Príncipe Takamatsu do Japão), também em 2016; e a Medalha de Ouro Real de 2017 do Instituto Britânico de Arquitetura (Riba).

Paulo Mendes, além de um grande arquiteto, adorava estimular e ensinar as novas gerações, como professor da conceituada Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo. Ele formou gerações dentro do conceito tecnológico e humanista, suas aulas e palestras eram concorridas em todos os locais que visitava no Brasil.

Tive oportunidade de o acompanhar em um evento na Ufes, em 1995. Ouvi suas inúmeras histórias, sua narrativa de sua formação e amor pela arquitetura, o que despertou ainda mais minha paixão pela profissão.

Eu estava em início de carreira e o encontro me deu certeza de estar na profissão certa.

Após isso, o reencontrei em outras duas oportunidades em eventos sociais, sempre atencioso e disposto a compartilhar seus conhecimentos com quem o cercava.

A última vez foi no início do ano passado no Aeroporto de Vitória. Fiquei impressionado com seu vigor físico, aos 91 anos, e o bom humor de sempre. Sua imponente presença era uma clara cobrança pelo término da obra do Cais das Artes, única obra dele no Espírito Santo.

Esse capixaba deixa para o Brasil e para o mundo um legado de obras-primas, profissionalismo e uma legião de admiradores pelo seu trabalho que norteiam e inspiram uma geração.

HELIOMAR VENÂNCIO é presidente do Conselho de Arquitetura e Urbanismo do Espírito Santo (CAU/ES).

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