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Cidades

Cobra que só existe no Espírito Santo atrai pesquisadores do País


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Imagem ilustrativa da imagem Cobra que só existe no Espírito Santo atrai pesquisadores do País
A pesquisadora Jane de Oliveira mostra serpente encontrada na ilha. Local reserva muitas histórias e lendas |  Foto: Alessandro de Paula



Equipe composta por pesquisadores capixabas e da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ) estuda uma jararaca que só existe no Sul do Espírito Santo, mais precisamente na Ilha dos Franceses, em Itapemirim.

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Jararaca pode medir até 70 cm |  Foto: Divulgação

Os trabalhos na ilha começaram em dezembro de 2019 e fazem parte do Laboratório de Ecologia de Vertebrados, coordenado pelo professor Carlos Frederico Duarte Rocha e do projeto de extensão universitária Convivendo com as Serpentes, sob a coordenação da pesquisadora Jane de Oliveira, ambos da UERJ.

“A Bothrops sazimai é a única serpente que é endêmica do Espírito Santo. É diferente de outras espécies de jararaca. É pequena, de até 70 centímetros, e não come roedores, até porque, não foram encontrados mamíferos na ilha”, explica Jane. Ela coordena a pesquisa, que é supervisionada por Carlos Frederico.

Ainda participam Isabela Ramos e Heitor Bissoli, da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes) e Helimar Rabello, do Centro Universitário São Camilo.

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A pesquisadora Jane de Oliveira mostra serpente encontrada na ilha. Local reserva muitas histórias e lendas |  Foto: Alessandro de Paula

Os trabalhos em campo foram suspensos em função da pandemia do novo coronavírus (Covid-19), mas nova expedição está programada para fevereiro. Jane pontua que um dos objetivos do trabalho é sensibilizar a comunidade do entorno, ressaltando a importância das serpentes no ecossistema.

“Procuramos desmistificar a ideia de que as cobras querem atacar e matar. É possível conviver. Prova disso é que muita gente foi à ilha sem ser atacada”.

A ilha é um ponto turístico, mas a orientação é que se evite caminhar pela vegetação e pedras para prevenir acidentes. Não há estudos sobre a peçonha (toxina) da jararaca, mas, pelo padrão da espécie, pode causar necrose e hemorragia, destacou a pesquisadora.

Com o objetivo de avaliar melhor a composição do veneno, Jane pretende convidar especialistas da área para participar dos trabalhos no futuro. “É importante, não apenas para a preparação de soro, mas pode representar benefício na indústria farmacêutica e de cosméticos”, ressaltou.

O secretário de Meio Ambiente de Itapemirim, Jean Paz Roza, disse que os estudos reforçam ainda mais a necessidade de preservação da Ilha dos Franceses.

Guarda-vidas correu de cobra

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Guarda-vidas Carlos Caetano de Oliveira |  Foto: Divulgação

O guarda-vidas Carlos Caetano de Oliveira, 53, morador de Itaoca, Itapemirim, conta que já fez várias visitas à Ilha dos Franceses, mas só uma vez viu uma jararaca.

Ele era adolescente e estava acampado com amigos. “Eu estava de férias e fomos de barco. Fizemos um fogão à lenha e apareceu uma cobra, no escuro. Dava para perceber o reflexo do fogo nos olhos dela. Saímos correndo”, relembra.

Mais de mil serpentes habitam a região

Durante levantamento preliminar, os pesquisadores estimaram que há, aproximadamente, 1,2 mil jararacas na Ilha dos Franceses, um número considerado expressivo.

Na avaliação de Jane de Oliveira, a população de jararacas no local pode ser tão grande quanto a da Ilha da Queimada Grande, no litoral paulista, que ganhou o apelido de Ilha das Cobras, devido à quantidade de serpentes encontradas.

O acesso ao interior da Ilha dos Franceses é proibido, principalmente, na área do farol. Há placas da Marinha alertando. No entanto, muita gente insiste em caminhar pelas rochas e vegetação, o que é perigoso, segundo Jane.

“As serpentes são pequenas e, muitas vezes, imperceptíveis”, destacou. Mesmo com equipamentos de proteção, o trabalho exige atenção e paciência, para evitar acidentes.

Nas primeiras expedições, os cientistas estimaram a abundância, coletaram dados das serpentes e de seu habitat. Na próxima fase, pretendem implantar nanochips e fazer outros levantamentos.

“Com o nanochip, a cobra passa a ter uma espécie de RG. Daqui a 10 anos, se encontrarmos aquele indivíduo, poderemos avaliar o desenvolvimento, crescimento, a reprodução e o deslocamento”, disse.

A ilha reserva muitas histórias e lendas. Nativos falam de um túnel de onde é possível caminhar por debaixo do mar até chegar ao Monte Aghá, montanha situada entre Itapemirim e Piúma, a 15 quilômetros do local.

A fenda recebeu o nome de Gruta do Judeu. Em 1951, o cientista Augusto Ruschi visitou a caverna e encontrou uma espécie de morcego-pescador ameaçada de extinção.

Muita gente no passado fez escavações na ilha atrás de suposto tesouro enterrado na areia. Historiadores explicam que o nome da ilha surgiu porque o local serviu como uma espécie de base naval para navios franceses, que queriam explorar terras brasileiras.

Também teria sido cenário de guerra. Até hoje, há balas de canhões encravadas nas pedras.


Saiba mais sobre a serpente


Descoberta
> A jararaca foi descrita pela primeira vez em 2016 por uma equipe de pesquisadores que contava, entre outros, com os capixabas João Luiz Rosetti > Gasparini e Antônio de Pádua Almeida. Já a descoberta foi em 2012, durante experiência científica.
> A serpente recebeu o nome de Bothrops sazimai, em homenagem ao naturalista Ivan Sazima.
> A espécie tem hábitos noturnos, é semiarborícola – vive sobre as árvores e no solo – e se alimenta de pequenos lagartos e centopeias.
> A Bothrops sazimai é a quarta espécie de jararaca insular que se tem conhecimento no Brasil, ou seja, que habita ilhas.
> A espécie de jararaca desta ilha difere das demais, principalmente, pelo tamanho. Mede, no máximo, 70 centímetros.

Veneno
> Assim como as demais jararacas, a espécie da Ilha dos Franceses é peçonhenta, mas ainda não foi realizado estudo para determinar qual a toxidade do veneno.
 

Fonte: Pesquisadores citados.

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