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Cidades

Prédios e crescimento apagam memórias de Iriri


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Imagem ilustrativa da imagem Prédios e crescimento apagam memórias de Iriri
vista aérea de Iriri, em Anchieta: preocupação é a praia ficar com sombra, como ocorre em Vila Velha (destaque) |  Foto: Roberta Bourguignon e Arquivo/AT

O vai e vem de caminhões com materiais de construção pelo balneário de Iriri, em Anchieta, no Litoral Sul capixaba, começa a preocupar os moradores quanto ao futuro do lugar.

O som das estacas sendo fincadas em diferentes esquinas não deixa dúvidas: o crescimento chegou. Casas históricas estão dando espaço para edifícios e quem tinha visão para a praia desde 1957 agora tem um prédio na sua direção.

Morando a poucos passos da praia de Costa Azul, Cecília Motta, de 84 anos, agora precisa dar a volta no quarteirão para chegar à orla.

“Não que eu seja contra o crescimento, porque é algo importante. O que não pode é perdemos todo o nosso encanto do lugar. Precisamos de um ordenamento maior para o crescimento acontecer”.

O abastecimento de água, a rede de esgoto e o sombreamento das praias foram pontuados pelos moradores como problemas que podem surgir com a edificação de prédios, construídos principalmente perto das praias.

“Além de estarmos perdendo nossa identidade, com casas antigas, das décadas de 1950 e 60, sendo derrubadas para construírem prédios. Não temos estrutura para receber todos os empreendimentos”, ressalta o empresário e morador do local André Serrão.

“Lutamos agora para que, no futuro, a gente não se arrependa. Algumas pessoas só pensam em enriquecer, sem se preocuparem com o impacto gerado”, acrescenta.

O arquiteta e urbanista Otávio de Castro, que é conselheiro do Instituto de Arquitetos do Brasil, acredita que a construção indiscriminada de prédios pode transformar o balneário em réplica do que aconteceu em Vila Velha, onde a praia deixou de ser um lugar para se permanecer até o final do dia.

“Um exemplo de equívoco do zoneamento é Vila Velha, que permitiu a implantação de edifícios altos na orla e afetou a preservação do espaço. A praia é ocupada só até certa hora, por causa da sombra”.

Preservação da memória

O arquiteto e urbanista Otávio de Castro declara que cidades que possuem uma história defendida pela população precisam ter a gestão democrática, onde os governantes devem ouvir a população para o crescimento ser aprovado.

Imagem ilustrativa da imagem Prédios e crescimento apagam memórias de Iriri
Otávio de Castro sugere estudos |  Foto: Divulgação

“Quando a comunidade enxerga que a cidade vai perder as características em virtude dos investimentos imobiliários, isso é sinal de que a cidade tem consciência e almeja que a cultura e a história do local são importantes e precisam ser mantidas”, disse Otávio.

“Iriri é um local pequeno, possui infraestrutura que atende à atual demanda. A grande preocupação passa a ser o impacto de pessoas. Se você tem uma casa no quarteirão e um edifício de quatro andares é construído, você quadruplica a população do local. Isso vai aumentar a demanda de esgoto, e o planejamento fica em cheque”.

Para ele, é preciso um estudo de conforto ambiental, apontando possíveis mudanças das condições térmicas, acústicas, luminosas e energéticas, além de como ficará a organização do espaço. “Ter sombra na praia muda toda uma cultura do lugar”, completa o arquiteto.


“É preciso pensar no coletivo”


Imagem ilustrativa da imagem Prédios e crescimento apagam memórias de Iriri
Edna Maria Silva |  Foto: Roberta Bourguignon

Neta de um dos fundadores do balneário, a aposentada Edna Maria Silva, de 66 anos, lembra que Iriri foi projetado para ser uma miniatura de Belo Horizonte (MG).

Com ruas largas, árvores e casas baixas, o local foi criando sua própria identidade, que pode acabar se perdendo com o crescimento desordenado.

“Sou a favor do crescimento, mas de forma ordenada, com regras, sem passar por cima de ninguém. É preciso pensar no coletivo”, disse.


Prédios foram aprovados em PDM antigo de Anchieta

Todos os prédios em construção no balneário de Iriri, em Anchieta, no Litoral Sul do Estado, foram aprovados e autorizados a partir das normas e regras do antigo Plano Diretor Municipal (PDM), criado em 2006.

Debatido por quase dois anos, o projeto do novo PDM contou com várias audiências públicas e foi protocolado na Câmara Municipal em dezembro do ano passado para ser debatido pelos vereadores, mas até hoje não recebeu aprovação do Legislativo. Assim, seguem vigentes as regras do PDM de 2006.

A secretária municipal de Meio Ambiente, Jéssica Martins, relata que existe preocupação quanto à preservação ambiental e esclarece que não existe legislação específica quanto ao sombreamento da praia.

“Não temos nenhuma legislação específica que proíba construções que causam sombreamento. O novo PDM traz um gabarito a menos, pensando na questão do sombreamento. Mas até uma casa de dois andares vai sombrear, dependendo da localização dela”, explica a secretária.

Abastecimento

Quanto ao abastecimento de água e à rede de esgoto, Jéssica Martins lembra que todas as construções recebem estudos de viabilidade por parte da companhia de água.

“É a Cesan que vai dar essa viabilidade. A avaliação técnica é realizada pela Cesan e assim é feito com o esgoto também. O que precisamos ter atenção é pelas manutenções das elevatórias, para não causar o extravasamento”, destacou a secretária.

Iriri tem 75% de cobertura de rede de esgoto. É um dos balneários com maior cobertura de esgoto, comparado ao restante do município.

No Plano Diretor Municipal antigo, era permitida a construção de até quatro pavimentos em frente à orla.

Já no projeto do novo PDM, houve a redução para três andares.

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