Maioria dos idosos continua a trabalhar após a aposentadoria
Há quem não deixe a empresa depois da aposentadoria, outros que abrem o próprio negócio e ainda os que retornam ao mercado
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A maioria dos idosos no Espírito Santo continua trabalhando após a aposentadoria ou retorna ao mercado, seja para complementar a renda ou manter-se ativo.
É o que apontam dados de membros de entidades como a Associação Brasileira de Recursos Humanos no Estado (ABRH-ES) e o Instituto Brasileiro de Direito Previdenciário no Estado (IBDP-ES).
Cosme Peres, vice-presidente da ABRH-ES, destaca que o grande número de idosos em atividade revela um estilo de vida cada vez mais ativo e resiliente entre os aposentados.
“Mesmo que não seja um retorno formal ao mercado, muitos continuam produzindo e empreendendo”, frisou. Peres lembrou que, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a taxa de informalidade entre pessoas com mais de 60 anos é de 53,5% — a mais alta entre todas as faixas etárias.
“É como se a aposentadoria formal não desse conta da potência que essas pessoas ainda carregam. Para além da necessidade financeira, muitos querem continuar sendo úteis, reconhecidos, vivos em movimento. Trabalhar, nesse sentido, é continuar pertencendo”, afirmou.
Em muitos casos, a motivação para continuar trabalhando é financeira, especialmente diante de aposentadorias que não garantem a qualidade de vida desejada. “Mas há também uma forte razão emocional e social: o trabalho segue sendo uma importante fonte de propósito, pertencimento e autoestima”, completou Peres.
A coordenadora-adjunta do IBDP-ES, Renata Prado, reforçou que cerca de 80% dos aposentados permanecem exercendo algum tipo de atividade após a aposentadoria. As razões são diversas, mas uma das principais é a queda no rendimento, segundo a diretora da Psico Store, Martha Zouain.
“Outro ponto é que essa geração que se aposentou nos últimos 10 anos sempre foi muito dedicada, e houve até um aumento de problemas de saúde relacionados ao tempo ocioso, como a ansiedade”, observou.
Além de permanecerem na mesma função ou empresa, muitos aposentados buscam empreender, conforme destacou Eliana Machado, diretora da Center RH.
“Eles se aposentam, mas estão bem, bastante ativos, e isso os motiva a continuar no mercado de trabalho. Há também profissionais que preferem voltar a atuar em uma nova área”, afirmou.
Nada de ócio!
"Trabalho representa metade da renda"
Ao se aposentar, Elias Nunes de Souza, 64, que trabalhou por muitos anos em açougues de supermercados, pensou em descansar.

No entanto, após dois meses em casa, sentiu-se incomodado com a ociosidade e, buscando também melhorar sua renda, decidiu voltar ao mercado de trabalho.
“Trabalhei em uma mercearia e depois, procurando novas oportunidades, fui contratado para trabalhar na Vila Rubim, onde estou há seis anos.
Hoje, Elias é recepcionista de estacionamento no supermercado Extrabom, em uma escala de três dias por semana. “Sou grato. O trabalho representa cerca de 50% da minha renda”.
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