Dia do Professor: O que mudou na sala de aula em 20 anos
No dia em homenagem aos professores, A Tribuna traz relatos de educadores sobre as mudanças em sala de aula em duas décadas
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A educação é viva e se transforma junto com a sociedade. E no fascinante ofício de ensinar, a mudança leva a um processo que valoriza tanto quem ensina quanto quem aprende.
Ao longo dos últimos 20 anos, as escolas se afastaram do modelo em que o professor detém todo conhecimento em sala de aula e o aluno somente absorve o conteúdo.
Quem está há décadas na profissão de educador e acompanhou todo esse processo garante: é uma mudança para melhor. Neste 15 de outubro, no Dia do Professor, a reportagem traz relatos de quem vive o dia a dia das salas de aula e aprende todos os dias enquanto ensina.
Eles contam que a transformação foi profunda e atingiu todos os níveis. A educação infantil, por exemplo, deixou de ser apenas um lugar de cuidados e brincadeiras para se tornar o ponto inicial do desenvolvimento intelectual e socioemocional.
Outra mudança é a busca por metodologias que tornem o aluno o protagonista do processo de ensino-aprendizagem, tendo o professor como um importante mediador.
“Eles precisam ser protagonistas para conquistar seus objetivos. A escola em tempo integral favorece esse trabalho, tendo como método o projeto de vida do aluno, que é moldado por suas experiências, aspirações em relação aos sonhos dele para que a escola venha polir e ajustar esse sonho ou ajudar a enxergar outros”, diz o professor de Língua Inglesa Marcos Antônio de Carvalho, 53 anos, da Escola Estadual Galdino Antônio Vieira.
Há 27 anos na profissão, ele conta que as mudanças o levaram a se reconhecer como algo além de professor. “É uma autodescoberta, me descobri como educador. Pois não é só conteúdo. É olhar para o indivíduo e saber que eu posso gerar nele um caráter sonhador, conquistador, protagonista”.
Neste sentido, os professores saíram do modelo “conteudista”, deixando de focar só no conteúdo para desenvolver competências e habilidades dos alunos, segundo o professor de Matemática Flavio Magalhães Pereira, 50 anos, do Marista. “São novas formas de ensinar e aprender, e as discussões acompanharam as mudanças da sociedade. Mudou para melhor”, garante.
Para Flavio, uma educação mais humanista, que enxerga o aluno de acordo com sua necessidade. “E para mim, fica o aprendizado. Quando ensino, também aprendo através das relações”.
Opiniões dos professores
> Protagonismo
Professora da escola Crescer PHD há 30 anos, Mirian Conceição Roccon, 48, acompanhou diversas mudanças do processo ensino-aprendizagem. E ela garante: muita coisa mudou, e para melhor!
“Os alunos hoje são protagonistas do conhecimento, estão mais pensantes e críticos. E temos o papel fundamental de equilibrar esse caminho”.
A recompensa futura vem para eles e para ela. “O maior aprendizado para mim é ver a transformação da criança, vê-la chegando 'crua' e no futuro encontrá-la como cidadã”.
> Valorização
Há 20 anos na profissão, Meirielle Silva Fracalossi, 42, constata: a educação infantil está mais valorizada. Deixou de ser apenas um lugar para “cuidar” e “brincar” para ser o ponto inicial do desenvolvimento humano. “É quando a criança pode e deve desenvolver habilidades fundamentais para a vida”.
É assim que Meirielle trabalha e ensina no Centro Educacional Leonardo da Vinci, mas também aprende. “As crianças são confiantes, questionadoras, não têm medo de demonstrar emoções. Nos ensinam coisas que acabamos perdendo com o tempo”.

> Proximidade
Há 35 anos na profissão, Claudia Gasparini e Silva, 52, professora da Escola São Domingos, diz que os professores e a escola estão mais próximos da realidade vivenciada pelo aluno, que é cada vez mais participativo no processo.
“São mudanças positivas, permitindo o desenvolvimento do aluno. E sempre aprendo algo com eles. Tudo que realizo em sala, fica para sempre. É uma responsabilidade, e faço com muito amor e dedicação”.
O QUE MUDOU
As principais mudanças na educação, segundo professores:
- Desenvolvimento
> Na educação infantil, o espaço destinado somente para “cuidados” e “brincadeiras” deu lugar a didáticas e ações que buscam o desenvolvimento intelectual e as competências socioemocionais das crianças.
- Protagonismo
> Metodologias foram desenvolvidas para que o aluno se tornasse protagonista do seu processo de ensino-aprendizagem, tendo o professor como um importante mediador.
- Habilidades
> Escolas e professores estão saindo do modelo “conteudista”, deixando de focar somente no conteúdo para desenvolver competências e habilidades dos alunos.
- Metodologias ativas
> Meios para que os alunos consigam guiar o seu desenvolvimento educacional, fugindo do modelo em que o professor “detinha” todo o conhecimento.
- Humanização
> Professores buscam uma educação humanizada, que enxerga o aluno de acordo com sua necessidade.
- Tecnologia
> Ferramentas tecnológicas que propiciam um aprendizado de forma diversificada.
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