Pedidos de demissão no Estado batem recorde
Pela primeira vez, desde 2007, mais de 11 mil desligamentos voluntários num único mês foram registrados
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Nos últimos tempos tem sido comum ver pessoas fora do mercado de trabalho disputando vagas de emprego. Mas um dado chama atenção: os pedidos de demissões batem recorde no Espírito Santo.
Pela primeira vez, desde janeiro de 2007, o Estado registrou mais de 11 mil demissões voluntárias em único mês. Foram 11.639.
Outro recorte mostra que desde maio de 2014 que o Estado não tinha número superior a 10 mil demissões voluntárias, o que voltou a acontecer a partir deste ano.
Nacionalmente, do total de 1.816.882 desligamentos registrados em março deste ano, 603.136 foram voluntários, ou seja, a pedido do trabalhador – o equivalente a 33,2% do total. Isso em meio a um desemprego que atinge 12 milhões de brasileiros.
O levantamento, feito pela LCA Consultores, leva em conta os dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), que contabiliza as vagas com carteira assinada no País.

Sobre os motivos de demissões voluntárias, incluindo o Estado, o economista Bruno Imaizumi, responsável pela pesquisa, observa que no Sudeste estão concentradas atividades relacionadas ao home office e há mais infraestrutura.
Para o superintendente regional do trabalho, Alcimar Candeias, as pessoas pedem demissões, principalmente, quando veem no mercado de trabalho oportunidades de alçar novos voos.
Com mais de uma década realizando recrutamento e seleção, Sarah Rosado Pereira observa que o empregado valoriza mais a estabilidade quando o mercado está instável. “Geralmente quando o mercado começa ou já está aquecido, como agora, a tendência é o trabalhador ficar mais seletivo e exigente com as empresas”.
Sobre os pedidos de demissão, ela, que é CEO da Suprema Consultoria RH, destaca que muitos empregados sentem insatisfações variadas e não são todas as empresas que se abrem ao diálogo saudável.
“Essa gestão verticalizada, eu mando e você obedece, traz muitas questões que afetam até a saúde mental do trabalhador. As empresas deveriam se atentar que felicidade traz lucro e que em geral pessoas infelizes geralmente adoecem”, finaliza.
Qual é o momento de deixar o emprego?
No País
- 1.953.071 admissões
- 1.816.882 desligamentos, sendo:
- 114.505 na agropecuária
- 435.117 no comércio
- 293.752 na indústria
- 166.045 na construção civil
- 807.463 no setor de serviços
No Estado
- 38.622 admissões
- 35.665 desligamentos, sendo:
- 1.406 na agropecuária
- 10.687 no comércio
- 5.659 na indústria
- 3.721 na construção civil
- 14.192 no setor de serviços
Alguns motivos para pedidos de demissão voluntária
- Home office e novos modelos de trabalho impulsionam pedidos de demissões voluntárias;
- Busca de um salário melhor;
- Desejo de aprender algo novo;
- Expectativa de melhorar a qualidade de vida;
- Migrar para o empreendedorismo.
Mas qual é o momento de pedir demissão, segundo especialistas?
- Avalie se não é mais um profissional reconhecido na empresa, pela equipe ou atividade desempenhada.
- Está deixando de aprender ou o trabalho consome tanto que a habilidade de aprender é perdida?
- Não existem perspectivas de crescer dentro da estrutura organizacional? Não há plano de carreira?
- Trabalhar em um ambiente com uma liderança hostil é um fator importante a se considerar.
- O estresse não compensa a atividade exercida, o trabalho consome mais do que traz satisfação profissional e financeira?
- Falta de equilíbrio entre vida profissional e pessoal é um dos fatores que tem pesado na decisão, junto com a falta de flexibilidade nos horários.
Prepare-se para o mercado
- Lembre-se que o bom profissional não pode abrir mão de estar preparado para novos desafios. Portanto, a dica de especialistas é que ele desenvolva novas habilidades, tenha boas referências, um bom relacionamento com clientes e até mesmo com seus ex-líderes.
- Busque visibilidade no mercado, aposte em qualificação, invista em cursos, certificações e idiomas, elabore um bom currículo e resumo nos aplicativos de conexão profissional.
Fonte: LCA Consultores, especialistas entrevistados e pesquisa A Tribuna.
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