Fala Doutor: Apendicite avança rápido e, se não tratada, pode matar
Quadro é mais comum em adolescentes e adultos jovens, entre 20 e 30 anos, mas pode ocorrer inclusive em bebês
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Uma doença que atinge 7% da população mundial, a apendicite em muitos casos avança rápido e, se não for tratada a tempo, pode levar o paciente à morte. Um dos maiores problemas é a dificuldade de diagnóstico, uma vez que os sintomas se assemelham a outras condições médicas.
Presidente da Sociedade Brasileira de Endoscopia Digestiva do Espírito Santo (Sobed-ES) e cirurgião do aparelho digestivo, João de Siqueira Neto explica que o quadro é mais comum em adolescentes e adultos jovens, entre 20 e 30 anos, mas pode ocorrer em pacientes de todas as idades, inclusive em bebês.
Em entrevista ao AT em Família, o médico revela os principais sintomas da doença e explica como é feito o tratamento.
A Tribuna – Qual é a principal causa da apendicite?
João de Siqueira Neto – A apendicite é causada pela obstrução do orifício que liga o apêndice ao intestino, sendo que essa obstrução ou entupimento pode ter causas diversas: aglomerado de fezes, parasitas, cálculos, tumores ou até inflamação de tecido linfoide local.
Quais os principais sintomas da doença?
Dor abdominal mais à direita e na parte inferior, perda de apetite, enjoos e vômitos. Também pode ocorrer febre.
Como é feito o diagnóstico?
O diagnóstico é inicialmente clínico, ou seja, de acordo com os sintomas do paciente e confirmados por exame, como ultrassom ou tomografia de abdômen.
Qual o tratamento mais indicado?
O tratamento, na maioria dos casos, é cirúrgico com a retirada do apêndice, o que deve ser feito da forma mais precoce possível.
Todo caso de apendicite é cirúrgico?
O tratamento habitual é o cirúrgico, a partir da videolaparoscopia. Porém, existe a opção de tratar somente com antibióticos, mas apenas os casos muito iniciais e selecionados.
A rotina correta é realizar a cirurgia o mais breve possível.
Quais as recomendações em caso de suspeita?
Em caso de sintomas típicos e progressivos, o paciente deve procurar atendimento médico imediatamente.
Existe uma idade em que é mais comum a ocorrência de casos?
Eles podem ocorrer em qualquer idade, mas são mais comuns em adolescentes e adultos jovens, entre 20 e 30 anos.
É possível realizar a cirurgia para retirar o apêndice de forma precoce, ou seja, antes da ocorrência da apendicite?
É possível, mas não é indicado. Pois o risco da cirurgia é maior que o risco de ter complicações da apendicite.
Quais os riscos de não se fazer a retirada do apêndice nos casos de inflamação?
Caso não se realize a retirada ou mesmo postergue, pode ocorrer perfuração do apêndice com infecção generalizada grave com risco de óbito.
Qual a diferença entre apendicite crônica e aguda?
A diferenciação entre elas ainda não está muito clara. Além disso, os possíveis casos de apendicite crônica são muito raros e de difícil diagnóstico. Mas, de qualquer forma, o tratamento segue sendo cirúrgico.
E como é a recuperação pós-cirúrgica? O paciente precisa ficar muito tempo no hospital?
Na cirurgia por vídeo, menos invasiva, a recuperação é mais rápida. Quando operado em casos iniciais costuma exigir somente um dia de internação.
Nas cirurgias abertas, ou seja, de “corte” e nos casos avançados, o tempo de internação exigido é maior.
SAIBA MAIS
- Apendicite é a inflamação do apêndice, um pequeno órgão linfático parecido com o dedo de uma luva.
- A falta de apetite é um dos principais sintomas, no entanto, como aparece em qualquer quadro infeccioso, torna-se um sinal inespecífico.
- O sintoma mais característico é a dor abdominal que se manifesta do lado direito e na parte baixa do abdômen, na altura do umbigo.
- O tratamento da apendicite é cirúrgico. A incisão é pequena e as cicatrizes quase imperceptíveis.
- Se a cirurgia não for feita em tempo hábil, a apendicite pode ser fatal.
Exames especializados
- O diagnóstico se baseia na história de dores que se iniciam no centro do abdômen e migram para a parte inferior.
- Além da dor, o paciente pode apresentar náuseas, vômitos, febre baixa e aumento do número de glóbulos brancos no hemograma.
- O ultrassom e a tomografia computadorizada diminuem o risco de diagnósticos equivocados.
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