Comércio reage e 80 lojas são reabertas no Centro de Vitória
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Esvaziado após perder vários órgãos públicos e ver o desenvolvimento se transferir para o outro lado da ilha, o centro de Vitória já mostra reação. Cerca de 80 imóveis comerciais reabriram as portas na região neste ano, incluindo novas lojas, bares, restaurantes e até academia.
Segundo especialistas, além do otimismo econômico com o avanço da vacinação contra a covid-19, um dos principais motivos para a reação é o projeto de revitalização do Centro, que está trazendo um maior fluxo de pessoas.
“Projetos de urbanização da rua Sete de Setembro e adjacências vão ser efetivados, e os empresários estão otimistas. Como o Estado está promovendo a volta de repartições públicas para o Centro, há mais pessoas trabalhando e circulando ali”, afirmou o advogado Diovano Rosetti, especialista em Direito Imobiliário.
Segundo Rosetti, por ser bem localizada, a região sempre foi cobiçada para instalar lojas e escritórios e ter aluguéis baratos.

O presidente da Federação do Comércio do Espírito Santo (Fecomércio-ES), José Lino Sepulcri, também atribui esse movimento ao retorno de diversas secretarias do governo do Estado à região.
“Essa iniciativa do governo criou ânimo para os empresários. Também foi instalada uma unidade de referência do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) em frente à Praça Costa Pereira, dando um estímulo ainda maior”, completou.
Ele acredita que, gradativamente, o centro da capital pode voltar a ter a mesma importância que teve no passado, quando órgãos como a Assembleia Legislativa e o Tribunal de Justiça tinham sede ali.
O secretário de Desenvolvimento da Cidade e Habitação de Vitória, Marcelo de Oliveira, acrescentou que outros projetos estão em andamento para dar uma nova cara à região. Segundo ele, atividades culturais estão sendo retomadas no Parque Moscoso.
“Vamos também restaurar o Viaduto do Caramuru, e melhoramos a infraestrutura do polo gastronômico entre as ruas Sete de Setembro e Gama Rosa”, disse.
O presidente do Sindicato de Bares, Restaurantes e Similares do Estado, Rodrigo Vervloet, comemora a revitalização do Centro. “O bairro tem uma grande importância cultural, tem tudo para se consolidar como zona boêmia e ganhar mais bares e restaurantes”.
Novidade
Um novo bar chama a atenção na rua Gama Rosa. Inaugurado no dia 18 de setembro, o Gama Botequim busca resgatar a boemia do centro de Vitória.
“A ideia dos proprietários é movimentar a rua, com inspiração na Rua da Lama: as pessoas não vão para um bar, elas vão para a Rua da Lama e lá elas se viram”, afirmou a gerente Julia Tagarro, de 23 anos.
Os donos e todos os funcionários são moradores da região. “Vamos acabar com essa ideia de que o Centro é deserto, parado, e trazer música ao vivo e mais pessoas para cá”.
Aberto após 15 anos

Uma academia de cross training acabou de completar um ano de funcionamento em frente ao Parque Moscoso. Os donos são o advogado Matheus Passos Correa, de 26 anos, e a noiva, que são moradores do centro de Vitória e viram que o bairro tinha potencial.
“A maioria dos alunos trabalha no bairro. Eles vêm à noite ou até de manhã cedo, treinam, tomam banho aqui e vão trabalhar”, explicou Matheus. “Depois de muito procurar, encontramos este ponto que estava praticamente abandonado, parado há 15 anos”.
Mais 35 famílias
Até o final deste ano, uma moradia popular será construída no antigo Cine Santa Cecília. De acordo com a Secretaria de Desenvolvimento da Cidade e Habitação, serão 35 apartamentos.
“Serão 20 unidades de dois quartos e 15 de um quarto. também até o final deste ano, devemos concluir um diagnóstico dos imóveis vazios da região, em parceria com estudantes de arquitetura da Faesa. A ideia é elaborar novos projetos de moradias populares nesses locais”, disse o secretário Marcelo de Oliveira.
Vagas para compras de fim de ano
Além dos novos negócios que estão se instalando no Centro da capital, as lojas mais antigas também estão em um momento de otimismo e novas oportunidades. Já pensando nas compras de fim de ano, os comerciantes estão com aproximadamente 1.200 vagas de emprego abertas, a maioria para vendedores.
“A princípio são contratações temporárias, mas em muitos casos, se eles se saírem bem, os colaboradores acabam ficando”, ressaltou o presidente da Associação Comercial do Centro de Vitória, Sidney Ferreira.
Os últimos meses do ano, como lembrou Sidney, são sempre muito esperados pelo comércio, pela proximidade do Natal e do Ano Novo, que alavancam as vendas.
“Sabemos que a maior parte da população estará vacinada com a primeira dose, e muitos já com a segunda. Essas pessoas vão se sentir mais seguras para fazer compras”, afirma.
Ele espera que, apesar de ainda ser um processo lento, a abertura de novas lojas seja mais frequente e leve ainda mais pessoas ao centro, atrás de novidades.
O presidente da Federação do Comércio do Espírito Santo (Fecomércio-ES), José Lino Sepulcri, lembrou que o bairro foi um dos mais prejudicados no auge das restrições causadas pela pandemia da covid-19.
“O centro da cidade foi muito penalizado nesses um ano e oito meses de pandemia. Muitas lojas fecharam de vez, especialmente os negócios dos micro e pequenos empresários, que não tiveram condições de se manter. Por isso, muitos pontos comerciais ficaram parados por muito tempo, aumentando a sensação de abandono que as pessoas viam no bairro”.
Agora, segundo ele, os empresários já estão sentindo uma grande diferença nos negócios, e a expectativa é de um fim de ano com volume de vendas igual ou até maior que antes da pandemia.
“Agora, aproveitando o fim do ano e a reação do comércio, um número ainda maior de novas lojas poderá surgir. Os aluguéis no Centro são mais em conta, o que é um atrativo a mais”, comentou.
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